Afinal, faixa que virou acessório querido é pantaneira ou paraguaia?
Da moda à decoração, faixa colorida artesanal é parte da história de Mato Grosso do Sul
“Essa é uma ótima pergunta, na verdade”, responde sem titubear quem entende bem do assunto. A instrutora do tear das faixas na oficina realizada durante o Festival América do Sul 2023, Bruna Medeiros Cordeiro, aprendeu na vivência pantaneira, ao lado da mãe, a produtora cultural Cláudia Medeiros, a tecer a faixa. Geógrafa, ela explica que os dois termos são utilizados de modo popular.
“Dentro de uma origem histórica, essa nossa região fronteiriça entre Brasil e Paraguai, é utilizada a faixa paraguaia principalmente, isso veio trazido na época da Guerra do Paraguai. Mas, além de paraguaia, ela é também uma mistura cultural indígena que foi se estabelecendo no Paraguai e depois veio para essa região do Chaco, que engloba não só o Paraguai, como Bolívia e Brasil, e aqui ela foi se difundindo na região do Pantanal, então também é falada faixa pantaneira”, contextualiza.
Cria do projeto Sapicuá Pantaneiro, projeto que desde os anos 2000 aprende e também ensina pelas comunidades sul-mato-grossenses, Bruna diz que hoje o tecer da faixa é entrelaçar vivências que traduzem a riqueza cultural do Estado.
Presente na moda, como em bolsas, contos, chapéus ou itens de decoração de casa, dos últimos anos para cá, a faixa – seja ela paraguaia ou pantaneira – nada mais é do que se apropriar da cultura sul-mato-grossense e tornar este aspecto até lucrativo.
“Este é um dos viés de trabalho do projeto Sapicó Pantaneiro, que é essa apropriação de algo que traz para a população uma identidade cultural, mas voltada para essas reutilizações, para a questão do empreendedorismo, mostrando essas possibilidades de reutilização da faixa como um acessório a mais para valorizar os produtos”, descreve a instrutora.
De segunda (6) até quinta-feira (9), as alunas aprenderam desde a contextualização histórica da faixa, a origem ancestral, os usos e possibilidades atuais, para então passarem para a parte de planejamento de cores e da estrutura, até o tear.
Anfitriã do Festival América do Sul 2023, a artesã corumbaense Catarina de Souza Nunes tem diante de si um tear de madeira onde, tradicionalmente, são tecidas as faixas e nas mãos, o machete para fazer o vai e vem que forma o símbolo da nossa cultura.
“Estou aprendendo do zero. Eu sabia que existia a faixa pantaneira, só não sabia como confeccionar, mas até que eu não estou achando nada difícil não. Quero mexer com outros artesanatos, colocar a faixa no que eu já faço e vender aí, pelo Pantanal”, anuncia.
Fã de carteirinha do Festival que acontece no quintal de casa, a corumbaense diz que não só aproveita como aprende em todas as oficinas possíveis. “Eu aproveito tudo, sempre faço e vou em tudo o que tem”, diz sem tirar os olhos do tear.
Com Paula Maciulevicius, assessora de imprensa na Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania)
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