Alta demanda e risco de zerar estoque: preço dos ares-condicionados só sobe
Além da procura, a produção dos produtos tem sido afetada por seca que atinge a Zona Franca de Manaus
Passadas duas ondas de calor e previsão de temperatura nas alturas nesta semana, comerciantes relatam crescimento de venda de ares-condicionados e ventiladores. De um lado, setor comemora as negociações, mas, de outro, teme ficar sem estoque dos equipamentos para atender a demanda em constante crescimento. E avisa: os preços devem subir.
Julio Viana, de 39 anos, proprietário da Cold Clima Ar Condicionado, relata que a última onda de calor provocou procura maior pelos equipamentos de refrigeração. Em outubro, a empresa arrecadou cerca de R$ 250 mil com a venda dos ares-condicionados. Apenas nesta primeira semana de novembro, as vendas chegaram a R$ 70 mil.
Apesar de comemorar o aumento das vendas, o empresário conta que o aumento no preço dos ares-condicionados já começou a acontecer. “Um ar-condicionado de 9000 BTUs que custava antes dessa onda de calor cerca de R$ 1.600,00, hoje você acha eles na faixa de R$ 2.100, R$ 2.200. Então o preço subiu demais”, disse Viana. A variação representa alta que chega a 37%.
Outro ponto que tem encarecido o valor do ar-condicionado é a diminuição dos parcelamentos, afirmou. O empresário diz que os sites que antes parcelavam o equipamento em até 12 vezes, atualmente foram feitos em apenas 8 vezes. “O valor do aparelho subiu em todos os lugares e a tendência é continuar aumentando esse valor”.
Além do calorão, um fator que influencia na escassez desses produtos é a seca recorde que tem afetado a navegação no Amazonas. Muitos dos produtos como geladeiras, motos, bicicletas, ares-condicionados, além de outros eletrodomésticos, são transportados através da Zona Franca de Manaus. Em outubro, os navios cargueiros chegaram a operar com apenas 10% da capacidade.
O empresário também relata estar preocupado que os produtos fiquem em falta, por conta desta baixa produção. Em outubro, o estoque da empresa ficou zerado, precisando ser renovado. Devido ao prazo de entrega dos fornecedores, a previsão é de que Viana venha a receber novos produtos somente no próximo ano, em janeiro.
“Não é certeza, mas eu acredito que eu tenho estoque para suprir a demanda até o fim do ano, mas vamos supor que venha aquela onda de calor muito, muito alta e todo mundo venha comprar tudo de uma vez, é perigoso faltar sim”, comentou.
A preocupação do empresário é compartilhada pelo gerente de outra empresa, Ronildo Silva, de 52 anos. Ele calcula que na loja em que ele trabalha, na área central, a procura pelos ares-condicionados está cerca de 30% maior em relação aos anos anteriores.
"O problema é que com a seca em Manaus, as distribuidoras não estão conseguindo passar a mesma quantidade que estavam passando antes", disse Silva.
Ele se refere a produto que afeta a oferta em todo o país. Em decorrência da queda do nível dos rios, as embarcações enfrentam dificuldade na travessia, o que obriga o uso de navios menores e com menor capacidade de transporte. Isso significa que a carga distribuída também cai. "Por conta da alta demanda, em dezembro pode ser que zere o estoque por conta da escassez”, relatou.
Outros produtos - Além dos ares-condicionados, outros produtos, como os ventiladores, também já ficaram em falta em outras lojas. Jânio Araújo, de 53 anos, relata que no comércio em que trabalha os equipamentos foram repostos na última sexta-feira (3).
O gerente afirma que, na segunda quinzena de outubro, quando o Estado passava pela segunda onda de calor, a loja chegou a vender 50 ventiladores por dia. Sem estoque, ao procurar as empresas para realizar a reposição dos produtos, descobriu que até mesmo nas distribuidoras o equipamento estava em falta.
“Acredito que com esse novo aumento de temperatura as vendas vão voltar a crescer novamente. Nesses últimos dias, elas tinham caído, porque o tempo estava mais fresco”, disse o gerente.
Ao Campo Grande News, o presidente da CDL-CG (Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande), Adelaido Vila, afirmou que outros equipamentos como televisores, geladeiras, motos e bicicletas também podem ser impactados.
Ainda foi confirmado que os estoques seguem baixos e que a produção não está conseguindo suprir a demanda existente. “Então existe uma questão natural no mercado, de quando você tem uma oferta de procura e uma demanda pequena de produtos a tendência natural dos preços é se elevarem, então existe uma preocupação sim”.
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