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Consumo

Aos 6 anos, “João Sem Troco” faz chaveiros e já tem grana própria

Com a ajuda do pai e muito carisma, Joãozinho tem aprendido o ofício de seleiro e já ganha o próprio dinheiro

Lucas Mamédio | 27/04/2021 08:16
Joãozinho com chaveiro de couro feito por ele (Foto: Marcos Maluf)
Joãozinho com chaveiro de couro feito por ele (Foto: Marcos Maluf)

Aí já vai um aviso importante: se você for à selaria do pequeno João, leve o valor exato do chaveiro que ele vende. Caso contrário, ou saíra sem o produto ou sem seu troco. E digo mais, o carisma do pequeno João Nascimento Barbosa, de seis anos, é tão grande, que ele nem vai fazer esforço para você pagar mais do que os R$ 5,00 pelo chaveiro. O sorriso do pequeno é o maior trunfo de marketing dessa cidade.

Pela perspicácia precoce, Joãozinho foi apelidado de “João Sem troco”, isso porque começou cedo a ajudar o pai, Pedro Wallenstein de Araujo Barbosa, dono de uma selaria em Campo Grande.

“Quando os clientes chegavam, ele oferecia os chaveiros, e quando davam nota mais alta, por não ter noção de valores e nem o que era dinheiro direito, ele dizia que nunca tinha troco. Meus clientes, na maioria das vezes, não ligavam e deixavam ele com o valor a mais pago pelo chaveiro”, explica Pedro.

João com o pai, Pedro e com a mãe, Milena, na selaria (Foto: Marcos Maluf)
João com o pai, Pedro e com a mãe, Milena, na selaria (Foto: Marcos Maluf)
Joãozinho com notas de moedas estrangeiras e antigas que ganha dos clientes (Foto: Marcos Maluf)
Joãozinho com notas de moedas estrangeiras e antigas que ganha dos clientes (Foto: Marcos Maluf)

Joãozinho é um prodígio. Desde cedo se interessa pelo ofício do pai, que sempre se propôs a ensiná-lo. “Ele sempre ficou aqui do meu lado. Nem tinha força e já fica aqui bisbilhotando. Aos poucos foi pegando algumas técnicas e mais jeito. Ainda falta um pouco, mas ele já consegue fazer os chaveiros”.

Chaveiros que têm feito sucesso entre os clientes de Pedro. Segundo os pais de Joãozinho, com as vendas feitas, a criança já possui até uma reserva e comprar suas próprias coisas.

“A maioria dos brinquedos dele forma comprados com o dinheiro que ele ganha aqui na selaria”, contam.

Tudo é feito de forma bem lúdica é perceptível que a criança tem interesse próprio pelo couro, mas o espírito empreendedor parece pairar sobre Joãozinho de um jeito muito especial.

Joãozinho fazendo um chaveiro de couro em forma de cruz (Foto: Marcos Maluf)
Joãozinho fazendo um chaveiro de couro em forma de cruz (Foto: Marcos Maluf)
À esquerda, Joãozinho ainda bebê, com o pai furando couro (Foto: Marcos Maluf)
À esquerda, Joãozinho ainda bebê, com o pai furando couro (Foto: Marcos Maluf)

“Rapaz, ele não faz anda de graça mais não (risos). Você pede pra ele te ajudar a fazer alguma coisa, ele até faz, mas já pergunta quando vai receber pela ajuda (risos)”, brinca o pai.

No dia da entrevista mesmo, Pedro teve de fazer um “empréstimo” do filho. Como moram numa chácara, tinham que comprar um peru que custava R$ 100,00, mas não estavam com o dinheiro sacado e não compensava ir até a cidade.

“Então pegamos o montante dele e depois quando sacarmos, devolvemos a seu caixa”.

Pedro e o filho João, que agora começa a aprender técnicas masi difíceis (Foto: Marcos Maluf)
Pedro e o filho João, que agora começa a aprender técnicas masi difíceis (Foto: Marcos Maluf)

Joãozinho é tão desenrolado, que em seu caixa tem de moeda estrangeira, como dólar, até moeda que nem se usa mais. “Essas moedas ele também ganha de clientes”.

Pedro agora ensina Joãozinho a fazer bainha de faca. “Eu não sei se ele vai seguir na minha profissão, mas vou ensinar ele sim. Primeiro porque ele gosta e depois porque já é uma coisa que ele vai saber pra vida”.

Conheça mais o trabalho Joãozinho no seu perfil do Instagram ou então do seu pai.

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