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Consumo

Após infarto, Adão levou experiência em farmácia para garaparia

No ponto do “Vovô Adão”, caldo de cana é servido até com bandeja graças à experiência de 35 anos no balcão

Aletheya Alves | 29/10/2022 07:20
Depois de 35 anos trabalhando em farmácias, Adão recomeçou com garaparia. (Foto: Aletheya Alves)
Depois de 35 anos trabalhando em farmácias, Adão recomeçou com garaparia. (Foto: Aletheya Alves)

“Eu trouxe o atendimento da farmácia para rua”, explica Adão Correia Gomes da Silva sobre o motivo de servir garapa até em bandeja para os clientes. Durante 35 anos, ele aprendeu a cuidar do público a partir do balcão de farmácias, mas foi forçado a recomeçar depois de um infarto.

Orgulhoso da história no ramo farmacêutico, o “Vovô Adão”, como nomeou a garaparia, conta que já ganhou desde viagem até televisões como prêmios pelo atendimento. Por isso, explica que quando se viu entrando em uma nova profissão decidiu que iria levar todos os treinamentos e aprendizados para a rua.

Estacionado na Avenida Presidente Castelo Branco, no Bairro Coronel Antonino, o carrinho é munido do maquinário para transformar a cana em caldo, pia para manter tudo limpo e os itens escolhidos a dedo para servir a bebida.

“Comprei os canecos e as bandejas, fiz questão de comprar. Tem gente que vive tentando comprar de mim os canecos, mas não vendo porque é para servir bem. Eu fiz muito curso em hotel 5 estrelas sobre atendimento para farmácia, trouxe tudo comigo”, explica Adão.

Ao invés de entregar a bebida apenas nos copos plásticos, o farmacista detalha que o cuidado de levar a bandeja e o caneco de alumínio é parte do pacote do bom atendimento. “Você precisa saber tratar bem todo cliente. Tem que servir bem, saber conversar. Eu tenho cliente que vem aqui pelo menos duas vezes na semana, graças a Deus”.

Caldo de cana é servido em bandeja e caneco de alumínio. (Foto: Aletheya Alves)
Caldo de cana é servido em bandeja e caneco de alumínio. (Foto: Aletheya Alves)

Com álcool em gel e produtos de limpeza sempre por perto, Adão limpa o espaço de trabalho repetidas vezes. “Eu vou lavando e higienizo minha mão sempre, pode ver que o álcool não sai daqui”, comenta mostrando os frascos.

Contando que não se abala nem com as inúmeras picadas de abelha que já recebeu, o garapeiro diz que a chave é ter paciência, fé e uma simpatia certeira. "É só tirar o ferrão, colocar a faca no lugar em que ela picou e fazer o sinal de cruz com a faca. Na hora dói como se estivesse cortando, mas para de doer logo depois. A gente aprende".

Sem arrependimentos de ter mudado para uma área tão diferente da que trabalhou durante a maior parte da vida, Adão explica que o contato com as pessoas é o que importa. Na época em que infartou, ele já havia se aposentado, mas ainda havia continuado nos balcões tanto por necessidade financeira quanto por gosto.

“Lembro que na época da farmácia eu já pensava em vender caldo de cana, não sei o motivo. Eu falava para as pessoas de lá e elas falavam 'mas Adão, vai sair de um lugar tão limpo para ir para a rua?' e eu perguntava o motivo de esse outro serviço não poder ser limpo. É tão limpo quanto”, Adão conta.

Antigo farmacista conta que resolveu levar tudo o que aprendeu para as ruas. (Foto: Aletheya Alves)
Antigo farmacista conta que resolveu levar tudo o que aprendeu para as ruas. (Foto: Aletheya Alves)

Com a saúde em risco, ele viu que o momento de migrar tinha chegado e desde então se organizou para a nova trajetória. Se identificando como Vovô Adão, ele diz que o nome veio graças ao amor imenso pelos netos.

“Eu amo eles como se fossem meus filhos e aí coloquei esse nome por causa deles e tem dado certo. Deus me ajudou muito e continua me abençoando, então tô feliz”, completa o garapeiro.

Garantindo que só consegue pensar no quanto tudo tem dado certo, Adão explica que a garaparia funciona diariamente, exceto em dias de chuva. "Tô aqui sempre, se não estou é por causa da chuva ou porque vendi tudo o que tinha. Mas eu gosto de vir, então quem passar vai me encontrar".

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