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Consumo

Campo-grandense cria e já vende em 33 cidades o “kit para maconheiro”

Ele e a sócia ainda projetam levar a startup para o Canadá, onde a maconha é legalizada

Thailla Torres | 12/04/2022 09:00
Raphael Jara mostrando um dos estojos colecionáveis. (Foto: Thailla Torres)
Raphael Jara mostrando um dos estojos colecionáveis. (Foto: Thailla Torres)

O empresário campo-grandense Raphael Jara e a artesã Elizabeth Vanucchi decidiram há pouco mais de um ano vender artigos para quem consome maconha. Mais do que um kit do mundo canábico, os dois criaram um projeto chamado Sativart, que une maconheiros e ilustrações de diferentes artistas pelo Brasil.

A iniciativa ousada em Campo Grande já chegou a 33 cidades e a dupla quer ir mais longe. Segundo Raphael, que trabalha em um laboratório de inovação, a ideia é levar o projeto para o Canadá e ser uma vitrine para outros países.

Por aqui, eles comercializam um estojo chamado Livreto Sativart, que é um estojo de bolso para levar tudo o que necessário para “bolar um”, explica. Dentro tem seda, piteira e isqueiro. Além disso, os kits são colecionáveis, já que cada um traz uma ilustração de algum artista parceiro.

“A gente vende esses kits colecionáveis, anota o que foi vendido e na virada do mês, a gente faz um Pix para o artista. É uma forma da cena canábica estar apoiando a cena artística de todo Brasil”, diz.

O primeiro teste de vendas pela dupla foi feito em novembro de 2020 com uma edição limitada de 50 unidades. (Foto: Thailla Torres)
O primeiro teste de vendas pela dupla foi feito em novembro de 2020 com uma edição limitada de 50 unidades. (Foto: Thailla Torres)

Evidentemente, por ser ilegal no Brasil, diferente de outros países que tem o mesmo serviço, a maconha não é enviada no pacote. Apesar da venda e consumo de maconha serem proibidos, o comércio de produtos ligados a ela é legal e os acessórios são encontrados em conveniências e tabacarias.

O primeiro teste de vendas pela dupla foi feito em novembro de 2020 com uma edição limitada de 50 unidades. Hoje, eles já estão presentes em 40 lojas parceiras que decidiram comercializar o produto campo-grandense. Até clube de assinatura e sorteio, para quem deseja ter o estojo mensalmente abastecido em casa, foi criado.

Mas a escolha de vender o kit não foi fácil, diz Raphael. Foi preciso coragem, uma vez que a maconha não é legalizada no País. “Quando você escolhe vender uma coisa dessa, é uma escolha política, não é igual vender um azulejo. A gente leva muito a sério a dignidade do maconheiro. Em vez da gente colocar o estigma do maconheiro vagabundo, a gente está colocando arte na casa das pessoas.”

Sem receios de falar sobre o assunto, ele afirma que já organiza uma rodada de investimento para levar o projeto para o Canadá e servir de vitrine. “Mostrar que não é um bicho de sete cabeças. Que a maconha por lá é vendida e essa grana será revertida para artistas brasileiros. A gente quer que artistas brasileiros ganhem dólar.”

Além da venda dos kits, recentemente a dupla foi para o Uruguai participar de uma feira de negócios do mundo canábico e gravou um documentário. Todo mês é lançado um episódio, com histórias de brasileiros que trabalham com a planta e conduzem clubes canábicos.

“Entrei nesse mercado visto como um patinho feio, mas quero mostrar que não é coisa de bandido. Sempre fui empreendedor, trabalhei com negócios digitais e inovação.”

Estojo que faz referência ao Pantanal. (Foto: Thailla Torres)
Estojo que faz referência ao Pantanal. (Foto: Thailla Torres)

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