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Consumo

Grupo cria horta onde qualquer um pode plantar e depois colher orgânicos

Lucas Arruda | 22/09/2015 06:45
A horta começou há seis meses no Octávio Pécora e já atrai moradores de bairros distantes (Foto: Fernando Antunes)
A horta começou há seis meses no Octávio Pécora e já atrai moradores de bairros distantes (Foto: Fernando Antunes)

Sair de casa no domingo de manhã é uma tortura para muita gente, ainda mais se for para "carpir um lote", mexer com terra e ficar sob o sol. Mas para conscientizar a população e produzir alimentos orgânicos, um grupo de aproximadamente 30 pessoas sai toda semana de todos os cantos da cidade rumo ao bairro Octávio Pécora para cultivar uma horta comunitária.

Lá é plantado de tudo, desde hortaliças, como couve e mandioca; frutas, como amora, banana e abacaxi; e até ervas medicinais. “Quanto mais variedades de plantas, melhor a qualidade do solo e também mais alimentos são produzidos”, explica o artista plástico Luciano Alonso, que mora no bairro Aero Rancho e frequenta o lugar há quatro meses.

O artista Luciano Alonso frequenta a horta há quatro meses e mora no Aero Rancho
O artista Luciano Alonso frequenta a horta há quatro meses e mora no Aero Rancho

O espaço começou depois da revitalização do Centro Comunitário do bairro, organizado por um biólogo e algumas pessoas ligadas a permacultura, o tipo de cultivo ambientalmente sustentável, socialmente justo e financeiramente viável. O grupo ofereceu ajuda para fazer do terreno de trás uma área verde e então surgiu a horta. Ela, apesar de já ter seis meses, ainda está em fase inicial, mas já rende frutos.

“Tem bastante gente vindo conhecer aqui, poucas são do bairro, mas é legal essa adesão de fora, mostra que o pessoal está se interessando pelo desenvolvimento sustentável. Precisamos de mais hortas pela cidade”, diz Luciano.

Ainda há mato no terreno, mas ele está sendo deixado lá propositalmente. “O mato retém a umidade, por isso não podemos retirá-lo totalmente de uma só vez”, explica.

No último domingo, o estudante Bruno Diniz estava bastante animado. Pegou uma enxada e começou a carpir um pouco do mato para depois plantarem mandioca. Ele vai à horta há pouco tempo, apenas um mês, mas não pretende deixar de comparecer.

“Fui numa atividade num centro de economia solidária e fiquei sabendo daqui. Mesmo morando no Centro venho sempre porque acho importante aprendermos a plantar nosso próprio alimento, é algo que podemos fazer em casa. Sai barato, é mais saudável e ajudamos o ambiente”, reflete.

Já a representante comercial Eliane Ferreira, que mora no bairro Pioneiros, conheceu o lugar por meio da irmã, que era aluna de um dos organizadores. Agora ela, que está indo há um mês e meio à horta, já vai até sozinha. “Eu vim pela primeira vez e gostei, vale a pena o esforço”, frisa.

O estudante Bruno Diniz vai ao local há apenas um mês e não pretende parar de ir
O estudante Bruno Diniz vai ao local há apenas um mês e não pretende parar de ir
Eliane Ferreira passou a comer mais alimentos orgânicos depois de começar a ir para a horta
Eliane Ferreira passou a comer mais alimentos orgânicos depois de começar a ir para a horta

Sua rotina até mudou depois disso. “Comecei a comer mais alimentos orgânicos, que é muito melhor do que tudo que consumimos normalmente, é até mais gostoso, dá para sentir a diferença. Também parei de sair um pouco para estar inteira aqui nos domingos. Estou levando uma vida muito mais saudável”, relata.

Para deixar os domingos mais atrativos o grupo geralmente faz um café da manhã e também almoço. “Nem sempre ficamos o dia todo aqui, depende do calor também, mas às vezes ficamos até o fim da tarde”, aponta Luciano.

Depois de colhidos, os alimentos são distribuídos pelos participantes do projeto e também para algumas pessoas do bairro. Mas Luciano lembra que deve ser tudo na base da troca.

“Já passaram aqui durante a madrugada e levaram nossas abóboras. Por enquanto está aberto, mas estamos fazendo uma cerca viva que irá inibir isso. Nós não queremos que a produção daqui fique só entre nós, pelo contrário, pretendemos distribuir. Em troca só queremos um pouco de ajuda”, comenta.

Alguns moradores da região também passam na horta e trocam alguns alimentos por mudas. No entanto, o artista plástico lembra que a principal função do lugar não é a produção e sim a conscientização de todos. “Queremos que as pessoas entendam que espaços assim são importantes para continuarmos no planeta”, conclui.

A horta é aberta a todos os campo-grandenses. Todos os domingos pela manhã é realizado um mutirão no local. Ela fica na avenida Prefeito Heráclito Figueiredo, esquina com a rua Corrupião.

Frutas, hortaliças e ervas são plantados no mesmo canteiro para melhorar qualidade do solo
Frutas, hortaliças e ervas são plantados no mesmo canteiro para melhorar qualidade do solo
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