Inspirada na mãe, Gabi faz peças para valorizar a cultura de rua
Através da marca, a grafiteira foge do “fast fashion” e mostra a pluralidade da moda
Tudo começou com o boné estilo “cata ovo” e a vontade da artista Gabi Bonifácio, de 25 anos, em achar um modelo que não atrapalhasse o cabelo cacheado. Inspirada no exemplo da mãe, que durante décadas confeccionou roupas, a grafiteira decidiu criar a marca “Pocas I Boas” e mostrar que a cultura de rua também tem espaço na moda.
Desde criança, Gabi esteve envolvida no ambiente da costura e produção de vestuário graças ao trabalho desenvolvido pela família. Por isso, ela comenta que o interesse pela área foi algo natural. “Isso sempre esteve em mim, porque a moda e a costura estão muito presentes na minha família. Eu passava muito tempo acompanhando minha mãe e minha tia na produção e sempre tive o privilégio de poder escolher meu estilo de roupas”, conta.
Em 2020, a ideia de criar peças exclusivas e que expressassem o estilo que valoriza surgiu, porém somente um ano depois, Gabi lançou a marca e as primeiras produções. Antes disso ocorrer, ela explica que foi necessário chegar no modelo ideal que buscava. “A Pocas começou com uma coleção de chapéus, porque eu queria muito ter uma peça que vestisse legal, mas por conta do meu cabelo cacheado, era complicado achar para comprar. Então, foram vários testes até chegar em uma modelagem única que criamos”, diz.
Muito além de peças bonitas, a artista relata que o objetivo da marca é mostrar que a moda é lugar de diversidade cultural. “A marca representa um rompimento desse conjunto de valores, que excluem uma série de elementos da cultura de rua. Com ela, podemos contar histórias, mostrar que a beleza não está em um lugar só e usar a moda como expressão e arte”, afirma.
Outro valor da marca é se opor ao conceito “fast fashion”, em que as roupas são fabricadas em larga escala, consumidas rapidamente e descartadas logo em seguida. Por isso, alguns dos modelos lançados pela Gabi são limitados. “É por questão de originalidade, inspiração e, principalmente, para tudo isso ser menos sobre quantidade e mais sobre qualidade. A gente pensa em prolongar o máximo o tempo de vida dessas peças, pois a moda linear não é mais o que queremos ver”, destaca.
Com exceção dos bonés, que estão disponíveis à pronta-entrega, as roupas costuradas são feitas conforme o tamanho de cada pessoa. “Confeccionamos malharia em geral, fazendo as peças sob medida para cada cliente. A tradição é sempre termos os chapéus à pronta-entrega”, comenta.
Por hora, Gabi está trabalhando no lançamento de uma coleção de camisetas e peças complementares. Com o apoio de parceiros locais para valorizar o processo artesanal, a artista já desenvolveu calças, blusas, tops e shorts, além dos queridinhos bonés.
Quem quiser conhecer mais sobre a marca e os produtos, o perfil no Instagram é @pocasiboas.
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