Irmãs abandonaram plástico filme e “criam” pano com cera de abelha
Tecido de algodão recebe cera de abelha, óleo de coco e resina vegetal para deixar os alimentos frescos
No movimento para redução de consumo como forma de sustentabilidade, até o uso do plástico filme na cozinha tem sido repensado. Com produção artesanal, duas irmãs de Mato Grosso do Sul adaptaram uma “receita” canadense para transformar tecidos em bioembalagens com cera de abelha e manter os alimentos sempre frescos.
Usando tecido de algodão, cera de abelha, óleo de coco e resina vegetal, Elis Regina Nogueira conta que o plástico pode ser deixado de lado progressivamente e os alimentos embalados ainda saem ganhando. Isso porque, de acordo com a fotógrafa e produtora dos panos, o tecido encerado imita a casca dos alimentos.
“O plástico filme não deixa o alimento respirar e a liga de cera tem propriedades antibacterianas, o que ajuda na conservação. O pano de cera é multifuncional, pode ser usado para tampar potes, travessas, tigelas para guardar sobras de comida na geladeira”, detalha Elis.
Entre os alimentos que podem ser conservados estão frutas, verduras, legumes, pães e queijos, mas carnes cruas, peixes e frangos não entram no escopo dos panos. De acordo com a produtora, os panos são reutilizáveis, biodegradáveis e compostáveis.
Em relação ao tempo de uso, cada pano dura entre 8 e 12 meses, dependendo da frequência de uso e cuidados. Por ser um produto artesanal, o ideal é que a higienização seja feita com lavagem à mão e secagem à sombra.
Sobre o que motivou seu contato com a alternativa sustentável ao plástico filme, Elis explica que há algum tempo estava pesquisando sobre redução de consumo em geral. “Tenho lido muito sobre sustentabilidade e como ter uma vida onde menos é mais. A famosa frase que muitas vezes parece apenas uma frase no meio de tantas outras”.
Mas, lendo um livro sobre essencialismo, de Greg McKeown, Elis viu ainda mais sentido na prática e conta que tem tentado se aprofundar nesse estilo de vida. “Não é nada fácil, tenho muito o que mudar e aprender, mas com determinação vamos evoluindo”.
Durante as pesquisas sobre o que fazer e como conseguir diminuir o consumo é que o pano de cera apareceu para Elis. “Em 2021 comecei a fazer testes e testes, e os primeiros ficaram ruins. Continuei fazendo testes e fiz um lote que ficou razoável e levei para a 1ª Feira de Empreendedorismo de Gênero”.
Desde então, nasceu a marca “Ybirá Eco”, inicialmente apenas com o pano de cera, mas que, como Elis detalha, a ideia é criar novos produtos ecológicos e sustentáveis. Por um tempo, os panos ficaram sem produção, já que ela trabalha como fotógrafa e produtora de vídeos, mas, ao lado da irmã Kátia Cardeal, a marca voltou à ativa.
Em relação aos produtos usados para a produção, o objetivo principal das irmãs é conseguir transformar o pano em um item orgânico. Por enquanto, os tecidos são 100% de algodão com estampas digitais, já que produzem menos resíduos na fabricação.
Já a cera é do Apiário Serra da Bodoquena, que possui o selo “produtor amigo do tatu-canastra”, que ajuda na preservação do tatu-canastra e das abelhas. E, por último, o óleo utilizado é orgânico.
Hoje, os panos continuam sendo produzidos em pequena escala, principalmente para as feiras. Além dessa opção, as irmãs também aceitam encomendas de panos personalizados.
Disponíveis nos tamanhos “P”, de 18x20cm, “M”, de 25x28cm, e “G”, de 33x36cm, os panos são vendidos em kit ou separadamente. O conjunto com P, M e G custa R$ 69, enquanto o tamanho pequeno individual custa R$ 18,90, o médio R$ 23,90 e o grande R$ 28,90.
Para conhecer mais sobre os produtos, o perfil da marca no Instagram é @ybira_ecodesign.
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