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Consumo

Lado B leva o bairro Buriti ao prêmio mais cobiçado do comércio

Paula Maciulevicius | 15/11/2015 08:25
Júnior e a "tia", Delza Ribeiro. Criadores e donos do Delícias da Tia, cruzam o tapete para o prêmio. (Foto: Fernando Antunes)
Júnior e a "tia", Delza Ribeiro. Criadores e donos do Delícias da Tia, cruzam o tapete para o prêmio. (Foto: Fernando Antunes)

A periferia de Campo Grande, o bairro longe do Centro, ficou perto. De repente a distância nem conta mais para chegar até o "Delícias da Tia" e tantos outros lugares que o Lado B tem descoberto e mostrado em reportagens diariamente. Em quatro anos de canal, a noite desse sábado (14) foi uma das mais emocionantes. Levamos o bairro Buriti ao prêmio mais disputado do comércio. Como reconhecimento ao trabalho que a gente desenvolve junto com os leitores, a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) criou a categoria "Prêmio Mérito Destaque Lado B", homenageando o "Delícias da Tia".

Na sétima edição do Prêmio Mérito Lojista, que valoriza as empresas que mais se destacam na mente do consumidor, eram 37 categorias, incluindo a de homenagens, na qual um veículo de comunicação entra pela primeira vez como nome. "Foi uma iniciativa da diretoria em reconhecimento ao valor que a gente percebe no Lado B, que todos os dias acaba trazendo novidades e a gente descobre um pouco da cidade mais profundamente", explica o diretor de Marketing da CDL, Jackson Hass.

A ideia do prêmio de homenagem é de mostrar exemplos de pessoas que superaram dificuldades e que podem servir de motivação. "A gente quer mostrar que não importa onde você está, se for ousado, criativo e encantar, o consumidor vai ser fiel. O Delícias da Tia prova isso, nem eles imaginavam o sucesso, mas já estava na essência deles". 

Presidente da CDL, Hermas Rodrigues fala que homenageados têm a reverência da entidade. (Foto: Fernando Antunes)
Presidente da CDL, Hermas Rodrigues fala que homenageados têm a reverência da entidade. (Foto: Fernando Antunes)

Ao todo, oito estabelecimentos publicados pelo Lado B entre 2014 e 2015 foram pré-selecionados e a diretoria votou e elegeu o Delícias da Tia, lanchonete do bairro Buriti. "A pessoa que vai ser homenageada tem a nossa reverência, é uma grande emoção e uma história bonita de vida a deles e isso que a gente quer retratar para as pessoas", ressalta o presidente da CDL, Hermas Rodrigues.

Quando a gente cria algo novo, não sabe onde vai dar. Criadora e editora do Lado B, Ângela Kempfer, fala da surpresa de ter o canal reconhecido por um entidade como a CDL, qu defende o varejo de forma brilhante. "Num meio onde a gente quase não tem reconhecimento, chegar a esse ponto é muito emocionante para mim. Estou mais feliz ainda porque, de certa forma, a CDL está trazendo para um prêmio que sempre foi elitizado, o bairro Buriti, o Delícias da Tia", frisa.

É muito difícil hoje um lugar de Campo Grande que o Lado B desconheça. E quando tem, a redação se pergunta "como a gente não conhecia esse cantinho?" Com as redes sociais e a ajuda dos leitores, tudo fica mais fácil. O longe vira perto, a distância de quilômetros se transformam em passos e a coisa do cachorro quente muito gostoso no bairro, vira notícia e agora prêmio.

Descoberto pela repórter do Lado B, à época, Anny Malagolini, o Delícias da Tia virou notícia em janeiro de 2014, quando ela notou pessoas que faziam check-in em algum lugar "bem longe". "E são lugares que tenham algum tipo de história e ofereçam atendimento de qualidade, a gente vai lá dar uma mão, para ajudar", completa Ângela. Nas palavras da editora, um indicativo de que falar dos estabelecimentos da cidade deu certo é de que hoje todos os veículos de comunicação têm um espacinho destinado a isso.

Iniciativa é de reconhecimento ao trabalho do Lado B, explica diretor de Marketing da CDL, Jackson Hass. (Foto: Fernando Antunes)
Iniciativa é de reconhecimento ao trabalho do Lado B, explica diretor de Marketing da CDL, Jackson Hass. (Foto: Fernando Antunes)

No bairro, os clientes chegam querendo saber: quem é a tia? A tia existe e não é uma estratégia de "como chama mesmo?" pergunta Delza ao filho Júnior. "Não é marketing", responde os dois. Delza Ferreira Ribeiro, tem 58 anos, nasceu em Itaporã e há pouco mais de um década escolheu Campo Grande para viver.

Desde os 9 anos de idade lida na cozinha e teve a ideia de abrir o Delícias da Tia depois de ter, por duas vezes, negada a aposentadoria por doença. Dos dois pulmões, apenas metade de um funciona. Dona Delza e Júnior tem uma daquelas histórias de emocionar. Quando menino, para que ele não ficasse na rua, ela comprou um carrinho de laranja para o filho espremer e vender na rodovia. E ao cansar de fazer isso, ela pediu ao filho da patroa que "empregasse" o garoto numa gráfica, onde ela inicialmente pagava o salário: R$ 50,00 mensais.

Ao crescer, Júnior estudou Publicidade e no estúdio onde trabalha, quando a mãe passava depois do expediente de cozinheira, vendendo pão de mel e bombons, ele comprava todos. Não por não ser um trabalho digno, mas para ela não precisar ter de ficar andando no terminal de ônibus para vender.

São dois anos e sete meses de Delícias da Tia. Aberto em maio de 2013, nem eles acreditavam muito que daria certo e por vezes compraram menos ingredientes e racionaram os produtos. A lanchonete começou na casa da Tia, num salão que ela tinha à frente, onde metade dele era alugado para ajudar nos custos do comércio.

Quase um ano depois de aberto, ele se tornou notícia e conhecido na cidade inteira por misturar cachorro quente, caldos e sobremesas num só lugar. "Isso despertou interesse no Lado B, de que na periferia tinha um lugar que trabalhava com sobremesas finais. O que chamou atenção na matéria foi também os tipos de cachorro quente e de lá para cá, a crescente foi fantástica. O Campo Grande News foi um divisor de águas. Temos um antes e um depois da matéria, o Lado B tem um papel não só social, mas de alavancar pequenos negócios que é incrível", diz Salvador Ribeiro Júnior, de 31 anos.

Ele quem tem as ideias, a mãe que as executa. E hoje o Delícias chega a atender 2,6 mil pessoas por semana, 600 delas só num domingo, por exemplo. "A gente não conseguiu assimilar ainda o que é esse prêmio. É imensurável, jamais pensei em algo assim, o prêmio máximo do varejo da Capital e no bairro?" se pergunta Júnior. A mãe acompanha e diz que "para a gente que vem lá de baixo, conseguir chegar até aqui..." As lágrimas tomam conta deles e da gente.

Sob aplausos de empresários, quando chamados para o prêmio, Delza e Júnior cruzaram o tapete vermelho pelo salão do Diamond Hall até o palco. "O que a gente tem é um grande símbolo, que é a tia. E hoje eu estava lembrando e fiquei muito feliz, de todo mundo que ajudou a gente", ressalta Júnior.

O prêmio seria comemorado, de fato, não na festa glamourosa da noite, mas no churrasco com os 24 colaboradores que acontecia enquanto eles recebiam o reconhecimento. "Acho que vai cair a ficha quando a gente tiver lá, com eles, porque eles que fazem parte", resume o filho.

Há 16 anos o Campo Grande News fala de Campo Grande e há quatro, o Lado B vem se aprimorando nessa função: de falar da cidade.

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No palco, os homenageados ao lado do presidente da CDL, com o gerente do Campo Grande News, Samuel Echeverria e a editora do Lado B, Ângela Kempfer. (Foto: Fernando Antunes)
No palco, os homenageados ao lado do presidente da CDL, com o gerente do Campo Grande News, Samuel Echeverria e a editora do Lado B, Ângela Kempfer. (Foto: Fernando Antunes)
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