Reabilitado, Netto ganhou esposa e fez negócio dar certo na pandemia
Mesmo com as adversidades, padeiro conseguiu se reerguer e transformar uma simples ideia em importante fonte de renda para família
“Independente de todas as dificuldades, nós apostamos em nós mesmos. Inventamos a Pannetto, mas foi ela quem nos reinventou”. Uma simples ideia e a vontade de crescer na vida fez nascer o negócio familiar da venda de pães salgados e doces caseiros que hoje virou uma fonte de renda segura para Alexandre “Netto” e Annelise.
Antes, era difícil conciliar os quatros filhos com todas as despesas mensais da família. Impossível seria sem o auxílio emergencial – como para muitos sul-mato-grossenses – aprovado para apenas um dos cônjuges. Agora, o casal proporciona confortos que antes mesmo nem sonhava. “Compramos uma cama para os filhos, que antes dormiam com o colchão no chão. Até a máquina de lavar agora temos. Todo mês conseguimos comprar um novo item para a casa, além de arcar com todas as outras contas”, afirma Annelise.
Entre encontros e desencontros, a história dos dois já perdurava por mais de 10 anos. O relacionamento de fato é recente, e o casamento de papel passado mais ainda. Porém, o último encontro foi o decisivo, em dezembro de 2019. Na época, Netto vivia em uma comunidade terapêutica da Capital, fruto de idas e vindas na reabilitação por causa do vício em drogas. “Lá eu morava, ajudava com tudo, tinha responsabilidades de laborterapia. Podia sair para trabalhar, mas só isso. Quando comprei um celular foi quando realmente voltei a falar com pessoas que até então havia perdido o contato”, relata Netto. E uma delas foi Annelise. Não houve dúvida entre os dois. Combinaram de se encontrar na casa de um amigo em comum, e assim permaneceram juntos até hoje. Só bastou oficializar a união, o que aconteceu em questão de 2 semanas.
No desenrolar da união estável, veio a pandemia, e com ela toda uma instabilidade. Annelise perdeu o emprego, a renda da família diminuiu consideravelmente. Netto ficou sendo a única fonte financeira. "Trabalhava o dia inteiro, embaixo de sol e chuva, ganhando 50 reais por dia como servente de obra. Faltava comida, dinheiro e alegria em casa".
Mas sempre existe aquele "até que um dia". No caso, ele veio no formato de uma máquina para massas, o qual a mãe de Annelise havia emprestado. "Não tínhamos dinheiro. Como meu patrão da obra havia nos dado uma cesta básica, resolvi fazer um pão simples que aprendi nos tempos de recuperação. O recheio foi de salsicha, a única coisa que se tínhamos na geladeira", descreveu Netto. A receita caseira foi o lanche das crianças daquele dia. Deu certo. "E se vendêssemos os salgados?", perguntou o esposo. A companheira desencanou. Mas Netto correu atrás da ideia. Pediu ajuda a um amigo para fazer a logo. Em 15 minutos, já tinha o conceito, marca e a vontade de empreender. Nascia assim a Pannetto.
Feliz pelo entusiasmo do marido, Annelise também decidiu pôr a mão na massa. "Fazia o acabamento, os detalhes dos salgados. A massa que ensinei para o Netto ele aperfeiçoou, barateando os custos de produção. Tudo foi dando certo, e cada vez mais gostoso".
No início vendiam para familiares e amigos pelo WhatsApp. Até a irmã do Netto entrou na jogada, criando um perfil da Pannetto no Instagram e espalhando a marca nas redes sociais. Uma amiga dela deu a ideia de procurar parcerias com influenciadoras, justamente para divulgar a marca. "A Cinthia Moralles, do Blog Maenual, nos deu a maior força. Ela pediu o nosso pão italiano e falou que se aprovasse o sabor, faria a postagem. E não é que ela realmente gostou? Somos muito gratos à ela", reconhece Annelise.
Muita gente ajudou essa história a crescer. O cardápio expandiu, com outros tipos de pães, salgados e doces. Hoje, Netto e Annelise vendem por volta de 80 unidades mensais. A pandemia que até então era só reviravolta, mostrou um lado positivo da vida. Para Alexandre "Netto", é se sentir importante. "Quando saí da comunidade terapêutica, fiz minha própria família, me senti amado. Em seguida mudei de trabalho, e hoje sou mais valorizado do que antes". Para Annelise, é cultivar amor. "Posso dizer que com certeza somos felizes. Falo sempre para o Alexandre, 'vamos fazer com calma e bem caprichado!' É para as pessoas sentirem a mesma energia que sentimos, esse amor pelo que fazemos".
Você pode encomendar produtos da Pannetto pelo telefone (67) 99871-1241.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram. Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563.