Roda mostra que MS respira economia criativa e precisa enxergar isso
Durante Festival de Inverno de Bonito, roda de conversa reúne protagonistas da economia criativa de MS
Uma roda de prosa debaixo do guarda-chuva, sob as sombras das árvores na Praça da Liberdade, reúne os pequenos grandes fazedores da economia criativa de Mato Grosso do Sul.
O conceito pode até não ser tão familiar ainda, mas artistas, produtores, gestores, designers sul-mato-grossenses já vão se acostumando, porque a meta é dobrar o PIB do Estado no segmento nos próximos quatro anos. Potencial, não nos falta.
Artesã, designer e produtora na Inspiraê, Selma Brito tem um brilho no olhar ao falar do carro-chefe da marca nascida em Rio Verde: a faixa pantaneira. “Pra nós ela tem um grande significado, porque vem da cultura, apesar de não ser brasileira genuinamente, porque é mais paraguaia, mas não deixa de ser nossa, porque nós vivemos na fronteira também, não é?”, se pergunta.
Da lida para a moda, o acessório do homem pantaneiro usado para apoiar e sustentar a coluna durante o trabalho envolve mais do que história e cultura: toda uma tradição. “A gente começou a fazer, a tramar a faixa no tear, e me apaixonei pelas cores. Foi quando a gente pensou em inserir nos nossos produtos e fizemos uma releitura da bolsa onde o pantaneiro leva a matula”, conta Selma.
Mais do que um produto, quem adquire a bolsa está levando um pedaço da cultura de Mato Grosso do Sul. Ah, e a marca pensa e já programa expansão, planejando aumento de fornecedores da trama.
Criadora da Angí, fábrica de chocolates de Mato Grosso do Sul que produz a partir do cacau agregando frutos nativos da biodiversidade, Beatriz Blanco fala da alegria de compartilhar sua história e trabalhar pela economia criativa do Estado.
“A gente compra os frutos de comunidades e assentamentos liderados por mulheres. Nosso grande trabalho é valorizar estes povos que são a salvaguarda da nossa região”, completa.
Poetisa, Fernanda Reverdito foi da roda para o centro narrar a história que ela, tataraneta dos fundadores de Bonito, vem costurando. “Eu e minha mãe recolhemos as nossas memórias, histórias, famílias e criamos um espaço dentro da varanda da nossa casa”, resgata Fernanda.
Ao longo dos anos, a história de Bonito e da família dela, que se confundem, vem sendo visitadas por turistas e pesquisadores. “Em Bonito a gente não tem um museu, mas tem feito este trabalho, e estou muito feliz de estar aqui nessa roda para entender como a gente se coloca na economia criativa”, avalia.
Analista técnica do Sebrae, Isabella Montello compartilhou a experiência que vem desenvolvendo. “Estamos olhando para as comunidades, para as empreendedoras, para o futuro. Eu posso dizer com certeza que o futuro é sustentável, criativo e conectado, não só à internet e com o mundo, mas conectado entre empreendedores e comunidades”, pontua.
Superintendente de Economia Criativa de Mato Grosso do Sul, Décio Coutinho é assertivo ao falar que o segmento é uma alternativa econômica para o Estado.
“A gente está aqui visitando o chão da mais rica diversidade cultural do Brasil e do mundo. Ela precisa ser potencializada, trabalhada de forma muito séria. A nossa proposta é construir um plano estadual da economia criativa, e a nossa meta é muito ambiciosa, mas é dobrar o PIB da economia criativa até 2026, que hoje está 0,8 e vai para 1,6”, profetiza.
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