Rui Barbosa tem vestidos de noiva a partir de R$ 300 e modelos surpreendentes
Seis lojas, centenas de vestidos para alugar e uma única rua. Entre os pontos de ônibus e o corre corre de quem passa de carro ou à pé, um olhar desprendido de pré-conceito pode te levar às araras lotadas de modelos para o "grande dia". Nesta semana o Lado B foi bater perna na cidade e parou para contar: afinal quantas lojas de locação de vestidos de noiva existem só na Rui Barbosa?
Nosso cálculo apontou seis. Para dar uma olhadinha no que cada uma tem a oferecer, sem pretensão de vestir e se imaginar dizendo o "sim" no longo branco de renda, com tule ou musseline, leva-se pelo menos uma tarde toda. Mas são horas bem gastas, onde se descobre que "torcer" o nariz por achar que as vitrines só trarão modelos ultrapassados e já gastos ou pela simplicidade da fachada não está com nada.
A rua tem de tudo. Da loja mais antiga, com três décadas de funcionamento e que deixou de investir nos brancos de noiva, até quem abriu há menos de 1 ano. Os comerciantes enxergam no ponto "a rua das noivas", o público é aquele que sonha em se casar de vestido, véu e grinalda, mesmo dentro de um orçamento mais enxuto.
Há 12 anos na rua, a gerente da loja Yasmin, Claudiani Rezende, de 36 anos, explica a lógica de estar ali: "na época que abriu, eram duas, três lojas aqui. Quando as noivas vão procurar vestido elas vão aonde? Onde tem um bloco de lojas, para fazer orçamento aqui, outro ali, em várias delas", descreve. O perfil de atendimento é mesmo classe C e D. "Maioria é estudante ou recém-formada, mas todas têm o mesmo sonho, de se casar", completa.
A produção é própria, criados e desenvolvidos pela costureira Domingas Cardoso, 80% dos 300 vestidos das lojas saem das mãos de dona Domingas. "Ela já vinha de comércio, então aprendeu muito. É professora de corte e costura, só trazer um modelo de revista que ela copia e faz bem semelhante. Ela não tem tino para desenhar, a parte artística como os estilistas, mas a criação é dela", conta a gerente.
Das centenas de vestidos, duas salas são destinadas só para as noivas. A qualidade do tecido e da costura é boa e surpreende quem pensou que só ia ver vestidos amontoados. No manequim, o tomara-que-caia de cetim com renda sai por R$ 300 a locação. O preço máximo da loja é R$ 2 mil, mas Claudiani já adianta que fecha contrato e ainda dá quatro cortesias. "Geralmente a noiva usa para o noivo, a mãe, a irmã e a daminha", acrescenta.
As facilidades no pagamento dependem do tempo de antecedência, mas é possível até abrir crediário na loja e pagar a perder o altar de vista.
"Me perguntam se eu me incomodo pelo ponto de ônibus. Não, meus clientes vêm de ônibus, às vezes estão no ponto e estão olhando. Quando vão casar, voltam aqui", pontua.
O comércio mais antigo na rua tem 32 anos e quase nada de vestidos de noiva no estoque. Na Duolene Noivas, o título "noivas" ficou mesmo só no nome da loja. A gerente Shirlei Oliveira, de 37 anos, justifica que com o tempo, eles foram dando prioridade para as formaturas. São apenas 15 vestidos, mas que requerem uma certa garimpada. O valor também começa em R$ 300 a locação. "São para casamentos mais simples, gente que já mora junto. Mas de formatura, as madames fazem a festa e ficam tudo faceira", compara.
Há 1 ano e meio, a Lisbella abriu as portas na Rui Barbosa. O tempo é curto comparado aos 20 anos que a dona têm de experiência no ramo. Construída para abranger um público mais elitizado, a loja já tem uma fachada mais chamativa, rosa e enfeitada também. O espaço é mais amplo e os vestidos aparentam ser mais novos.
No total, a dona Eudete Gomes da Silva, de 40 anos, explica que são 250 vestidos, alguns modelos já têm 15 locações e são o "carro-chefe" do comércio. Os valores começam a partir de R$ 350 e podem chegar a R$ 3 mil, quando é o caso do primeiro aluguel.
"É do nível que ele pode pagar até os de maior poder aquisitivo. Mas a qualidade e o atendimento serão os mesmos", garante. A produção é própria e o que não é costurado ali, vem de lojas de atacado em São Paulo.
A loja Vivaris já tem uma década, desde que a proprietária, Mari Oliveira, de 43 anos, resolveu deixar a cidade de Dourados e, depois de pesquisar o mercado, abrir a loja de aluguel na Rui Barbosa. Ela mesma quem desenha os modelos e produz. "Não tenho do que reclamar. Não é o lugar, é o atendimento que faz a diferença", pontua.
Os vestidos e os valores já são mais elevados. E de um modo geral, agrada a quem não tem um orçamento tão restrito. "É uma loja simples, porém com espaço para atender", argumenta. O aluguel começa em R$ 800 e pode chegar até R$ 3 mil.
As duas últimas lojas do roteiro são Florata e Anel de Noiva. A primeira é a estreante na região, com modelos de R$ 590 até R$ 4 mil. A variedade é bem menor do que comparada às outras, mas são vestidos novinhos. Já na Anel de Noiva, são mais de 100 modelos, na faixa de R$ 800 até R$ 3,5 mil. A organização nas araras fica mais clara e com ajuda de recortes de revistas no plástico de proteção, é possível ter uma noção do caimento do vestido.
Em todas as lojas fica o alerta, é preciso prestar bastante atenção dos bordados, paetês e se não há nenhum fio puxado. O roteiro vale de aprendizado e para mostrar que casamento pode ser democrático: para todos os gostos e bolsos também.