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Consumo

Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos

Já aberto ao público, espaço está sendo construído por Arilson e Maresseis na Aldeia Marçal de Souza

Aletheya Alves | 24/01/2023 07:08
Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos
Irmãos decidiram transformar os fundos de casa em barbearia. (Aletheya Alves)

Com uma cadeira improvisada em cima de cinco tijolos, Arilson de Souza Aguilheira e Manassés de Souza Santos já se sentem realizando o sonho de ter a própria barbearia. Aberto ao público, o espaço está sendo construído pelos irmãos nos fundos da casa da mãe, localizada na Aldeia Marçal de Souza.

Ainda sem a porta imaginada e com as paredes esperando por pinturas e um espelho ideal, Arilson conta que ainda há muito a se fazer. Mesmo assim, os olhos não deixam de brilhar quando o indígena terena conta que a comunidade abraçou a ideia.

“Um dia, a gente estava aqui pensando que só ia cortar o cabelo de um ou outro e começou a chegar gente. Temos esse espaço aqui há um tempo, fomos arrumando aos poucos e agora vamos continuar”, conta Arilson.

Dando pequenos passos, ele detalha que por enquanto a barbearia funciona apenas com cortes de cabelo, mas a ideia é ampliar os serviços nos próximos meses. “Nós ainda não temos todos os equipamentos, mas vamos melhorar”.

Outro detalhe é que por enquanto tanto Arilson quanto Manassés trabalham como auxiliares de jardinagem no período da manhã. Por isso, a barbearia funciona no contra-turno e também aos finais de semana.

Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos
Estética do espaço é improvisada, mas sonhos é de ver o local como imaginado. (Aletheya Alves)
Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos
Marasseis e Arilson trabalham fora durante a manhã e na barbearia pela tarde. (Aletheya Alves)

Manassés explica que mesmo com os dois trabalhos, não há tempo ruim. “Quando chegamos já abrimos aqui, estamos atendendo de segunda a segunda”. E, de acordo com o irmão, o objetivo é que em breve o único serviço seja realmente a barbearia.

Imaginando como esperam que o espaço fique, Arilson diz que querem espalhar desenhos pelas paredes, inserir uma porta de blindex, novos equipamentos e um ar condicionado para melhorar o conforto. “A gente também quer colocar algumas coisas que se liguem com a nossa cultura, talvez com os desenhos nas paredes. Por enquanto temos algumas artes e símbolos”.

Sobre como a ideia surgiu, Arilson narra que começou a fazer cortes por conta própria. “Eu fazia só por fazer mesmo até que um dia o cacique Josias perguntou o motivo de eu não cortar profissionalmente aqui na comunidade. Eu achei legal e ele disse que conhecia o David Swamy, que é barbeiro, e podia me ajudar”.

Já acostumado a dar cursos de barbeiro, Swamy conta que aceitou o convite do cacique e ofereceu o curso para os irmãos. “Eles conseguiram aproveitar bem os conhecimentos e já estão pegando firme. Isso que é o importante e os dois têm futuro”, diz.

Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos
Símbolos da cultura terena estarão ainda mais espalhados pelo local no futuro. (Aletheya Alves)
Sem porta e cadeira chique, barbearia é maior sonho de irmãos
Jovens contam que receberam apoio tanto de David quanto do cacique Josias. (Aletheya Alves)

Apoiando o projeto, o cacique Josias Jordão Ramires explica que além de ser um sonho para os jovens, a barbearia quebra preconceitos antigos. “Muita gente ainda tem preconceito com nós indígenas e agora nossa esperança é de ir mostrando cada vez mais o quanto isso é errado. Estamos apoiando os meninos e queremos que outras aldeias também possam fazer isso”.

Em relação ao atendimento, a barbearia está aberta para todo o público, sendo necessário apenas agendar horário. É possível entrar em contato pelos perfis no Instagram @arguilheiraarilsondesouza e @santosmanasses836.

O espaço fica localizado na Rua Ofaié Xavante, ao lado do número 100, Aldeia Marçal de Souza.

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