Bares testam “voz e violão” e desistem de manter portas abertas
Mas também existem bares que prometem cumprir o decreto e garantem que vão manter o funcionamento
Local funcionando com capacidade reduzida, mais espaço entre os clientes, música sem amplificador de som e muito álcool gel. Esses são alguns dos procedimentos adotados por bares para seguir à risca o decreto da Prefeitura de Campo Grande que autoriza o funcionamento de bares e restaurantes durante a pandemia. No entanto, as tentativas de evitar o fechamento das casas, como já ocorrem em muitos lugares do país, não deu muito certo para alguns.
Na semana passada, o Blues Bar, localizado na Rua 15 de Novembro, tentou adotar o sistema para que os clientes não ficassem próximos, abrindo as portas para apenas 10% da capacidade – já que há anos a casa costuma lotar aos fins de semana. No entanto, a equipe anunciou pelas redes sociais que decidiu fechar até que o retorno seja seguro para todos. “Não nos sentimos confortáveis em estar voltando neste momento e informamos que continuaremos”, segundo publicação da casa no Facebook. O estabelecimento também anunciou que as doações no valor de R$ 10,00 que haviam sido feitas para a apresentação prevista no último sábado ficará de crédito “se o bar voltar”.
Quem também testou as novas medidas e agora interrompeu a programação foi o Barô, localizado no Jardim São Bento. O bar abriu as portas na última sexta-feira com a capacidade reduzida e música “voz e violão”, mas o público foi tímido. “Tínhamos capacidade para receber até 50 pessoas de acordo com o decreto e a estrutura da casa, no entanto, não recebemos metade disso”, afirmou Ana Lucia El Daher, sócia-proprietária ao lado do marido Leonardo Teixeira Maciel.
Por isso, o bar não vai funcionar no próximo fim de semana. “Vamos aguardar as pessoas retomarem mais um pouco a normalidade. Além de sentir que o público está contido, temos receios também quanto à saúde de todos que podem vir a frequentar um ambiente com mais pessoas. Então, seguiremos fechados”, explica Ana.
Ela também diz que, embora a execução de música ao vivo no estilo “voz e violão” tenha surgido para auxiliar artistas prejudicados pela pandemia do novo coronavírus, a medida não deu certo. “Normalmente cobramos uma bilheteria e passamos isso para o músico. Com a capacidade reduzida, a gente não cobre nem o mínimo que um músico cobra normalmente, e para nós é ruim porque não temos o dinheiro para completar o valor do músico”.
Para não fechar – O Rota Acústica voltou a funcionar após 2 meses de portas fechadas. A casa também anunciou que reforçou as regras para funcionários sobre distanciamento na fila do caixa, para retirada de bebidas e distanciamento entre as mesas. Para evitar tumultos, o bar está funcionando com reservas. O dono também promete voz e violão e pede que os clientes respeitem os espaços, mas, se quiserem colocar o papo em dia, não se esquecerem das máscaras. “Conversamos bem com o pessoal das bandas e vamos trazer só o vocalista, com voz e violão. Até o momento sentimos que o pessoal comprou a ideia”.
Ele garante que vai cumprir o decreto à risca, embora acredite que a banda completa não teria problema. “Eu acho que acho que não teriam influência se pudéssemos colocar outros instrumentos. Daria outro som, seria melhor e não faria diferença na questão da prevenção. Mas estamos respeitando as normas e vamos continuar respeitando”, diz o proprietário Maicon Nantes.
Na Avenida Afonso Pena, o Hook Bears Park também adotou o distanciamento entre mesas, capacidade reduzida e apenas “voz e violão” para continuar atendendo os clientes com música aos fins de semana.
Decreto - O decreto que permite apresentações musicais em bares e restaurantes de Campo Grande foi anunciado no dia 8 de maio. O parágrafo contendo a liberação foi acrescido ao decreto do dia 17 de abril que já permitia o funcionamento de atividades econômicas, como bares, restaurantes e comércio em geral.
A alteração permite a execução de música ao vivo, apenas no estilo “voz e violão” em bares e restaurantes, desde que seja individual e sem amplificação de som, respeitando as regras de distanciamento estabelecidas.