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Diversão

Com ano que “não vai mudar na virada”, Delinha insiste no pen drive

Aos 84 anos ela admite ter perdido sua vitalidade e que anda "entediada com essa tal de covid"; porém, precisa vender suas músicas

Raul Delvizio | 30/12/2020 08:35
Na opinião de Delinha, "dias melhores simplesmente hão de vir" com a chegada de 2021 (Foto: Paulo Francis)
Na opinião de Delinha, "dias melhores simplesmente hão de vir" com a chegada de 2021 (Foto: Paulo Francis)

"Dias melhores virão". É assim que a cantora Delinha reflete sobre a chegada de 2021. Aos 84 anos, ela tem fé que as coisas podem mudar no próximo ano, mas não em plena virada. Por isso, decidiu dar continuidade ao projeto de venda de pen-drives com aproximadamente 300 músicas que cantou nos últimos 62 anos de carreira ao lado do seu falecido companheiro de vida Délio. Uma forma de evitar aglomerações com shows por aí e levar um pouco da arte do rasqueado aos dias tão sombrios que ainda se fazem presentes.

E foi neste ano tão atípico que a Dama do Rasqueado migrou da turnê de shows presenciais e bailões espalhados por MS – que ela sempre fez com gosto – para apenas três lives nos últimos 12 meses. "Velha Casinha" foi a primeira delas, que aconteceu no dia 1º de maio, uma parceria firmada entre a cantora e o Campo Grande News.

"É muito chato ter que ficar virada pras paredes. Uma saudade dos encontros, de cantar ao vivo, presencialmente, de dar beijos e abraços, poder tomar café e cerveja junto", diz.

Delinha recebeu a equipe do Lado B em sua casa, no bairro Amambaí (Foto: Paulo Francis)
Delinha recebeu a equipe do Lado B em sua casa, no bairro Amambaí (Foto: Paulo Francis)

O trabalho encurtou assim como sua fonte de renda. Jeito foi rezar, disse, e rogar ajuda à Santa, que enviou resposta via tecnologia em formato de caneca eletrônica. A adaptação da sua arte foi o que a salvou financeiramente e também animou muita gente no isolamento, por isso, ela deseja que as vendas continuem.

"Até então tinha só uma miserinha no bolso. Nem sabia o que era pen drive! Agora dou graças a Deus e a Nossa Senhora pela intercessão divina e também ao meu filho João Paulo que persistiu na ideia. Não entendendo de muita coisa, mas se eu fiz algo certo nessa vida foi ter tido a chance de participar do 'Délio e Delinha'. A música me salvou várias vezes", afirmou.

"É o peso da idade", diz sobre a falta de vitalidade que teve no ano da covid-19 (Foto: Paulo Francis)
"É o peso da idade", diz sobre a falta de vitalidade que teve no ano da covid-19 (Foto: Paulo Francis)

O 2020 para Delinha – Apesar de não ter contraído a doença neste ano, ela diz ter perdido a vitalidade e que o tédio já faz parte da sua rotina, afinal não pode nem chegar ali no portão de casa que o vírus "vive à espreita".

"Eu acho que não posso culpar só a pandemia, que realmente trouxe muita tristeza, mas também tem os pesos dos anos. Você que é jovem ainda não sabe, mas um dia vai lembrar de mim: a idade pesa, meu filho", alerta ao jornalista que vos escreve.

"Hoje em dia eu só quero trabalhar para sobreviver. Ando desanimada, mas dou graças à Nossa Senhora por ter me permitido um ano com saúde e força nas cadeiras", confessa.

"Qual é a rotina da Dama do Rasqueado na pandemia?", pergunto. Eis que ela explica: "acordo muito cedo, entre 3h-3h30, no máximo às 4h. Faço meu cafezinho, ajeito um pouquinho a casa e já pego meu terço para rezar às 5h. Faço isso todos os dias. No resto do dia, fico só vendo televisão. Enquanto não vem vacina, aqui estou encurralada".

Religiosa, Delinha rezou à Nossa Senhora por intercessão divina (Foto: Paulo Francis)
Religiosa, Delinha rezou à Nossa Senhora por intercessão divina (Foto: Paulo Francis)
Presa em casa, 2020 foi o ano que mais passou junto do filho João Paulo e a companhia do seu viralata Xeique (Foto: Paulo Francis)
Presa em casa, 2020 foi o ano que mais passou junto do filho João Paulo e a companhia do seu viralata Xeique (Foto: Paulo Francis)

"Esperança é a última que morre" – Para a Dama do Rasqueado, a esperança mais uma vez mostrou sua presença. "Tem que ter sempre. Em todos os momentos da vida ela não pode faltar", julga.

Como muita gente, Delinha também está à espera da vacina. "Quem sabe em fevereiro, ou então junto com as águas de março…" – não sabe ao certo dizer. A pandemia, em sua opinião, deixou todo mundo mais nervoso e confuso. Porém, a única certeza que resta é ainda sonhar com a despedida do novo coronavírus. E ela já sabe bem o que vai fazer.

Vou estar com todo mundo que eu gosto, tomando umas e outras e ouvindo uma musiquinha romântica para acalmar o coração".

Para se ter e curtir em casa ou no carro um pen drive da Dama do Rasqueado, pedidos podem ser realizados pelo telefone (67) 99989-3123 ou ainda nas redes sociais da cantora.

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Delinha se despede de 2020 com a certeza que 2021 vai ser uma nova página a ser escrita (Foto: Paulo Francis)
Delinha se despede de 2020 com a certeza que 2021 vai ser uma nova página a ser escrita (Foto: Paulo Francis)
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