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Diversão

De pijama e cerveja na mão, curti minha primeira balada online

Coletivo de DJs promoveu primeira festa online de Campo Grande e fomos ver no que deu

Lucas Mamédio | 07/06/2020 07:12
DJ Aruan tocando na sexta-feira (5) e eu no canto direito superior da tela (Foto: Arquivo Pessoal)
DJ Aruan tocando na sexta-feira (5) e eu no canto direito superior da tela (Foto: Arquivo Pessoal)

Esse final de semana meti o louco mesmo, fui numa festa durante a pandemia, que tinha música, bebida e gente sem máscara. Calma, sei que está pensando “que babaca”, mas tenho uma explicação.

Participei da primeira festa online de Campo Grande, a Capivaron. A festa consiste em cada participante, em casa, entrar pelo aplicativo Zoom, de videoconferência, e curtir o som do DJ que está promovendo o encontro. É possível ver os outros participantes pelas respectivas câmeras de celular ou webcam.

De cara já digo, é uma experiência bem louca.

A festa é uma iniciativa do coletivo de DJs de Campo Grande chamado Capivaron, composto pelos artistas DJ Aruan, Goiaba, Tamys, Zero bala sound e Anicca, e conta com a parceria do Brava.ms e da cervejaria Eden Beer.

Eles tiveram a ideia porque está quase impossível se apresentar em algum lugar na Capital. Muitas casas noturnas fecharam temporariamente por conta da pandemia, e outras fecharam de vez.

Digamos que a festa aconteceu em duas etapas, uma na sexta-feira (5) e outra no sábado (6). Então vamos lá...

Primeiro de tudo que comprei ingresso. No site Sympla, que teve o link divulgado nas redes sociais da festa, tinha várias opções de preço, inclusive ingresso gratuito.

Os valores não influenciavam a experiência na festa, todos podiam curtir a mesma coisa, era só uma forma de ajudar. Eu comprei o de 10 pila, o terceiro mais caro depois do gratuito e o de cincão. Mas tinha ingresso de até R$ 100. Desculpa aí galera, sou jornalista, fortaleço como posso.

Outros particpantes da festa na sexta (5) (Foto: Reprodução)
Outros particpantes da festa na sexta (5) (Foto: Reprodução)

Fiz o rolê todo na sexta. Passei no mercado depois do trampo, comprei cerveja e algumas coisas mais fortes que não direi por motivos de manter mínimo de dignidade, cheguei em casa, tomei um banho e me arrumei real; calça, blusa style, boot mais novo, pronto pro crime.

Engraçado que realmente estava com a sensação de estar me arrumando para sair. Depois de vestido, fiquei levemente confuso com a ideia que sairia do quarto para a área da minha casa, e era esse o caminho para a festa. Não tinha Uber, não tinha carona de amigo, não entrei no meu carro e fui. Era só ir até outro cômodo que estava na festa.

Já prevendo a possibilidade de eu ficar com vergonha, pensei que fosse melhor beber um pouco antes de acessar o link que me levaria à festa. Assim foi. A festa começava às 22h00, entrei pouco depois das 23h00.

Deu até um friozinho na barriga antes de abrir minha câmera. Quem são as pessoas que estão nesse mesmo rolê? Vou ser julgado? Vai dar certo mesmo?

Logo que entrei vi alguns rostos familiares e outros que não conhecia. Pelo Zoom é possível falar para que todos ouçam ou até diretamente com alguém que está no encontro. Isso possibilitaria, por exemplo, uma paquera. Já adianto que não rolou. Sou ruim nisso pessoalmente, imagina assim. Triste.

A música estava um pouco baixa e a galera estava conversando com microfone ligado, então parecia mais um encontro de bar com som ambiente. Logo os DJs deram um cala boca na gente. Tinha que ouvir o som, poxa.

Dava pra ouvir o que estava tocando, mas continuou baixo, um som meio distante e com muita interferência. Arrisquei uma dancinha constrangedora, deu certo, consegui ficar constrangido.

Com som melhor, DJ Goiaba e Aruan tocam no sábado (6) (Foto: Reprodução)
Com som melhor, DJ Goiaba e Aruan tocam no sábado (6) (Foto: Reprodução)

Como estava pelo celular, via três pessoas de cada vez, então não tinha a dimensão total de quantas pessoas participavam da festa. Algumas casas tinham casais e trio de amigos que moram juntos. Eu calculo umas 30 pessoas.

Tinha de gente que decorou o cômodo, colocou luzes, se arrumou, até um casal genial que jogava Uno enquanto a festa rolava. No bate-papo geral, uma pessoa comentou que estava na Itália. Achei da hora essa possibilidade, de festar com alguém em outro continente.

Logo os problemas técnicos se intensificaram e a DJ Goiaba deu o terrível anúncio. “Gente, vamos ter que adiar a festa pra amanhã. Não tá rolando”.

“Vamos fazer amanhã nesse mesmo horário, não desistam da gente”, disse DJ Aruan”. No próprio anúncio da festa, eles diziam que iam errar, mas que faz parte desse novo processo que estamos passando.

Meio decepcionado, já com a visão turva por motivos etílicos, mas entendendo a situação, saí da festa. Por curiosidade, como vi que eles continuaram conversando, meia hora depois entrei no link de novo. Estavam falando de política, sem música, mas com muito entusiasmo. Saí de novo.

DJ Aruan pediu e eu não desisti deles, é claro. Ele informou pelas redes sociais que tinham arrumado o problema e que o som estaria melhor no sábado, e estava.

Dessa vez fiquei no meu quarto mesmo. Também não vesti nada especial, aliás, mais caseiro do que eu estava, impossível. Shorts de pijama, meia e chinelo no pé, blusa de moletom velha, era esse meu outfit.

A única coisa que fiz igual foi a bebida. Seria uma mudança dolorida demais. Ahh, também coloquei uma foto de multidão como pano de fundo, achei que seria oportuno, faria eu me senti melhor.

Look de sábado (6) no meu quarto (Foto: Arquivo Pessoal)
Look de sábado (6) no meu quarto (Foto: Arquivo Pessoal)

Dessa vez tinha menos gente, menos interação, mas o som estava muito bom. Os DJs super animados. Confesso que fiquei boa parte do tempo sentado, apesar que sempre tem esse tipo na balada, que fica sentado, eu não entendo, mas tem.

Fiquei feliz por ter dado certo. Fui “embora” da festa por volta da 1h30 da madrugada de domingo, meia hora antes de acabar. Geralmente quando chego do rolê em casa é uma super função não quebrar nada, trocar de roupa, comer algo. Dessa vez virei pra trás e já estava na minha cama, pronto pra dormir.

No geral achei a experiência super válida. E compreensível os erros no começo, porque nunca nessa vida imaginávamos estar passando por um momento semelhante. Entendo que deva ser assim por um bom tempo, então temos que nos esforçar para iniciativas como essas darem certo. Porém, confesso que senti uma angústia tremenda.

Porque trombar no colega, derrubar cachaça no outro, queimar alguém sem querer com cigarro, jogar a raba no chão e lacrar bem na cara das invejosas, gritar no ouvido porque o som está alto, ficar amigo do cara do bar, tomar toco, pegar a cremosa, ah, tudo isso é insubstituível, a meu ver.

Enquanto não dá pra fazer esse corre, acompanhe as próximas festas do Capivaron pelo insta @capivaronline.

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