Do rock, ao sertanejo, sindicato dos músicos é criado para acabar com silêncio
A bandeira não é única, há muito para fazer por uma categoria que só agora tem o Simatec (Sindicato dos Músicos, Autores e Técnicos de Mato Grosso do Sul). Mas a entidade, que surgiu oficialmente hoje, dentre outras necessidades, quer evitar que Campo Grande se torne uma cidade chata, sem mercado para quem toca na noite.
Em um churrascão com música ao vivo, na sede da Loja Maçônica XV de Novembro, a fundação da entidade neste domingo serviu também para pontuar os principais problemas dos músicos de Mato Grosso do Sul.
Uma das brigas é com relação à Lei do Silêncio em Campo Grande. O sindicato vai intensificar a campanha “Música não é Ruído”, criada diante da fiscalização severa que proibiu som ao vivo em vários bares da Capital.
“As casas têm de ter tratamento acústico, mas os músicos não podem ficar à mercê de gente intolerante. Tem show às 18 horas e as pessoas já estão incomodadas. Não dá para achar que tudo é barulho. Quem liga som alto na Afonso Pena, não é igual a quem toca em bar, com violão e voz”, justifica o cantor e compositor Jerry Espíndola, um dos integrantes do grupo de 12 pessoas que estará a frente do Simatec até a realização de eleições.
Outro exemplo citado por ele é da reação de moradores da região da Orla Morena, onde há várias atividades, como aula de ginástica e apresentações teatrais. “Algumas pessoas ficam reclamando até do som de manifestações artísticas”, comenta.
A ideia é centralizar na entidade todos os problemas que envolvem músicos, independente de estilos, dos sertanejos, aos roqueiros. A princípio, o grupo não elencou prioridades, mas definiu 4 frentes a serem trabalhadas.
Além de tentar aprimorar a Lei do Silêncio, o sindicato vai questionar o cover artístico. “Casas ganham com os músicos, mas pagam cachê bem baixo. Temos de entrar em acordo com os empresários para que a arrecadação favoreça os artistas. Tem casa que cobra, mas não passa integralmente”, revela Jerry.
Outra batalha boa será pela valorização do cachê dos músicos daqui. Levando em consideração o sucesso de nomes que surgiram em Mato Grosso do Sul, como Michel Teló, Luan Santana e Almir Sater, Jerry lembra que a música sul-mato-grossense já provou que é forte.
A reclamação é sobre a diferença entre o montante gasto com cachê de artistas nacionais, como no projeto MS Canta Brasil, em comparação ao valor total pago para atrações regionais. “O dinheiro público não pode ser gasto com artista de fora mais do que com artistas daqui. É uma briga pela qualidade da música do Estado”, argumenta.
Para fortalecer a categoria, e conseguir mais profissionais que defendam as bandeiras da classe, o sindicato também vai investir em informação, com seminários para falar de previdência a direitos autorais. “Tem gente, por exemplo, que reclama do ECAD, mas nem tem inscrição, não sabe como é”, explica Jerry Espíndola.
Até a eleição da primeira diretoria, a comissão provisória vai convocar os músicos para filiação. A estimativa é de 5 mil profissionais no Estado. Hoje, no lançamento, pelo menos 500 devem se cadastrar.
A ficha de filiação estará disponível na página da entidade, no Facebook. Haverá custo com anuidade, mas o valor ainda não foi definido.