Durante desfile, diretora se torna porta-bandeira para honrar pavilhão da escola
Último dia de folia foi de superação e muita entrega na passarela

A Acadêmicos do Pantanal, penúltima escola de samba a desfilar no carnaval de Corumbá, na noite de ontem (4), entrava na avenida para defender o enredo “Lá onde a terra se funde com a água, os rios renovam a vida a cada nascer de um novo dia”, quando ocorreu um incidente: a porta-bandeira Lorrayne Aparecida, estreante na função, fraturou o pé durante sua evolução.
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Durante o desfile da Acadêmicos do Pantanal no carnaval de Corumbá, a porta-bandeira Lorrayne Aparecida fraturou o pé, sendo substituída pela diretora Gilda Rosa, que desfilou descalça para honrar o pavilhão da escola. O incidente ocorreu enquanto a escola defendia o enredo sobre a renovação da vida nos rios. Gilda, esposa do presidente da escola, foi aplaudida pelo público por sua coragem e dedicação. O desfile, sem julgamento devido a danos causados pela chuva, foi marcado por superação e apoio do público, encerrando o carnaval de 2025 com emoção e solidariedade.
O público reagiu aplaudindo a jovem dançarina, que caiu na pista sentindo fortes dores e foi socorrida pelos colegas e diretores da escola. Foi nesse momento de tensão e sem saber o que ocorreu que o impulso pelo amor ao samba, sobretudo pela sua agremiação, levou a carnavalesca Gilda Rosa, 47, a assumir o posto de Lorrayne e levar a bandeira até o final do desfile.
Enquanto Lorrayne era atendida por socorristas contratados pela prefeitura e encaminhada ao pronto-socorro, Gilda, que é diretora e esposa do presidente da escola, Fernando Willian, empunhou a bandeira, ao lado do mestre-sala José Alencar, e desfilou descalça até a dispersão, na rua Major Gama. O público a incentivou com aplausos durante todo o percurso, de 200m.
Medo e alivio
“Eu tinha que honrar o pavilhão da nossa escola”, disse ela, no encerramento do desfile, enquanto tentava organizar o tumultuado desmembramento da escola. “Quando a Lorrayne se machucou, entrei em pânico, foi então que decidi assumi seu lugar. Tentei calçar a sandália, mas poderia também me acidentar com o salto alto. Então, desfilei descalça mesmo.”

Na escola de samba, a porta-bandeira tem a atribuição de empunhar a bandeira, o principal elemento de uma agremiação, enquanto a tarefa do mestre-sala é cortejar e proteger o pavilhão. Gilda foi destaque da Acadêmico do Pantanal em outros carnavais, nunca imaginava ser porta-bandeira, mesmo nessas circunstâncias, e por alguns minutos.
“É muita responsabilidade, fiquei muito nervosa, mas estou feliz”, contou. “Era o primeiro carnaval da Lorrayne, ela entrou, digamos, na prorrogação, quando o casal de mestre-sala e porta-bandeira decidiu sair da escola. Ela é uma jovem esforçada e, com certeza, será um grande destaque da escola como porta-bandeira.”
Um final feliz
O desfile das escolas de samba sem julgamento dos oito quesitos previstos no regulamento – decisão da Liesco, a liga que compõe as agremiações, e da prefeitura, após os estragos causados pela chuva de domingo em algumas alegorias -, possibilitou o gesto de Gilda Rosa. Foi um desfile, na segunda-feira e ontem, despretensioso, porém “disputado” na passarela.
Seis escolas desfilaram no primeiro dia, que, normalmente, seria o último, enquanto quatro - Vila Mamona, Marquês de Sapucaí, Acadêmicos do Pantanal e Caprichosos de Corumbá, pela ordem – cumpriram o regulamento na despedida do carnaval de 2025. A terça-feira é reservada ao carnaval cultural, adiado para o dia 8, e o público lotou o circuito do samba.
Para o presidente da liga, Victor Raphael, apesar dos imprevistos, a terça-feira atípica foi mais um momento de superação do carnaval de rua de Corumbá. “As escolas fizeram um grande desfile, fica a frustração de não sair um campeão, no entanto, o importante é que fizemos a entrega dos investimentos públicos e cumprimos com o nosso público, que é muito exigente”, avaliou.