Em noite de música clássica, crianças cantam poesias de Manoel de Barros

A terceira noite do Encontro com a Música Clássica foi marcada por repertórios que uniram músicas de Iso Fischer e poesias de Manoel de Barros. Ontem (24), na 15º edição do evento, o Teatro Glauce Rocha foi palco das apresentações da Orquestra Sinfônica de Campo Grande com os grupos CanteMus e Oficinas de Canto.

“Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior que o mundo”. Um dos célebres versos de Manoel de Barros foi cantado em coro por crianças que integram o Oficinas de Canto.

Além de ‘Meu Quintal’, outros poemas do escritor, como ‘Máquinas usamentos de poetas’; ‘Meu amanhecer’ e ‘Cobra de vidro mole’ passaram pelo processo de musicalização e também foram interpretados pelos pequenos de seis a 10 anos. As crianças saíram dos Bairros Nova Lima, Itamaracá, Tiradentes e Jardim Alto São Francisco para brilhar no palco e encantar o público.

Veja o vídeo:

Iniciativa da Fundação Ueze Elias Zarah, o projeto é coordenado por Jardel Tartari, de 36 anos. Ele fala sobre o intuito do Oficinas de Canto e a oportunidade única que é para as crianças vivenciarem o Encontro com a Música Clássica.

“Esse projeto proporciona para as crianças o ensino da música através da prática coral e o objetivo é também esse intercâmbio. Poder trazer eles para vir cantar com nossa orquestra municipal, vivenciar esse espaço e sem dúvidas é uma coisa que vai ficar marcado na vida deles”, afirma.

Em relação a escolha do repertório apresentado, ele destaca a importância de levar a cultura de Mato Grosso do Sul para o teatro e as aulas de canto. "O fato de você vivenciar e mostrar a nossa cultura e a do nosso poeta é uma forma de atingi-los na questão histórica e educacional”, pontua.

Na ocasião, o grupo vocal CanteMus, que é composto por alunos do curso de música da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), também subiu ao palco. Dessa vez, o repertório trouxe as canções ‘Hoje’; ‘Horizontes’; ‘A cultura é nossa alma’; ‘No forró da brasileira’ e ‘Épica’.

A apresentação baseada nas obras de Iso Fischer teve a presença ilustre do próprio médico e pianista, que retornou a Campo Grande só para participar da noite especial. Ao Lado B, Iso comentou sobre a alegria de visitar a cidade onde viveu na década de 1980 e ser lembrado pelo trabalho musical que desenvolve.

“É maravilhoso estar aqui com a casa cheia. Eu fiz muita coisa aqui e fico muito feliz de ser homenageado numa semana de homenagens à própria cidade. Participar dessa semana de música clássica é uma honra”, ressalta.

O pianista disse esperar emocionar as pessoas com as composições que tem um caráter de cura. "Eu quero que a música toque o coração das pessoas e espero que isso aconteça hoje. Nessa primeira parte são cinco músicas minhas e todas elas de alguma forma são o que eu chamo de músicas curativas”, diz.

A maestrina e coordenadora do CanteMus, Ana Lucia Gaborim, de 45 anos, explica mais sobre a escolha do repertório apresentado. “As músicas trazem mensagens de paz, esperança, ele faz uma mensagem bem positiva com a música dele”, expressa.

Ela também relata que em outros concertos teve a chance de interpretar algumas dessas mesmas canções. “Os arranjos dele (Iso) são conhecidos nacionalmente. Quando eu cantava no coral, na década de 1990, em São Paula cantei o arranjo do trem do Pantanal que é daqui”, recorda.

O encontro continua - Quem não conseguiu prestigiar a programação de ontem (24), o evento continua hoje com a apresentação de Tetê Espindola, Orquestra Sesc Lageado e orquestra de municipal. Amanhã (26), é a estreia da Opereta Pantaneira e noite de homenagem à Delinha.

Ambas as apresentações acontecem 20h, no Teatro Glauce Rocha, localizado na Universidade Federal Mato Grosso do Sul.

750 ingressos serão distribuídos de forma gratuita. Os convites poderão ser retirados no local com antecedência. A organização pede que o público colabore com a doação de alimentos não perecíveis, que serão revertidos para instituições de caridade.

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