Aos 20 anos, escola aposta em enredo audacioso para ficar entre melhores
Cinderela Tradição do José Abrão conta a história do homem, desde a descoberta do fogo até a chegada ao espaço

A Escola de Samba Cinderela Tradição do José Abrão aposta em um enredo audacioso para galgar, pela primeira vez, um lugar entre as três melhores do carnaval campo-grandense. Até hoje, a melhor colocação foi um modesto quinto lugar.
Originada do bloco do sujo Cinderela, a agremiação entra em seu 20º ano de fundação e conta para o público a evolução do homem, desde a descoberta do fogo até a chegada do samba ao espaço.
Em 1997, música “Coisinha do Pai”, grande sucesso de Beth Carvalho, foi tocada no espaço sideral quando a engenheira brasileira Jacqueline Lyra, da Nasa, a programou para ‘acordar’ um robô em Marte.
A escola leva para a avenida 350 componentes, divididos em 10 alas, além de um carro abre-alas e três alegóricos. “Faz tudo” do barracão, o tesoureiro e diretor de alegorias Márcio Marques Soares conta que a ideia do enredo surgiu da necessidade de um tema “forte” para, finalmente, colocar a Cinderela entre as melhores da disputa.
“Queríamos um enredo forte para este ano. Em uma reunião com os integrantes da escola, decidimos por esse. Tivemos que pesquisar toda a pré-história, como o homem descobriu o fogo. Depois contamos a evolução do homem até a chegada ao espaço”, conta.
Intensivão - Intitulado “Do fogo ao aço chegou, do mar ao espaço conquistou”, o enredo foi composto pelo puxador Serginho di Prima, que tem dois sambas campeões do carnaval de Campo Grande.
No concurso que definiu o samba-enredo da agremiação, Serginho venceu Edson Carioca, primo do conhecido Neguinho da Beija-Flor. Depois disso, passou por um verdadeiro “intensivão” para atender todos os tópicos propostos pela comissão.
“A comissão organizadora fez uma sinopse e mandou para os compositores, e o meu samba foi o escolhido. Todos os pontos tiveram que se explorados, como o fogo, aço, roda, navegação, descoberta da bússola. Tive que estudar muita história”, conta.

Ex-baileira - A rainha de bateria da escola, Rosiane Ribeiro Amorim, de 26 anos, é nova no samba. Fã de violadas e shows sertanejos, a operadora de call center foi praticamente arrastada para o barracão pelo marido Cléber Benê, chefe de bateria da escola, há três anos.
“O samba está na alma. Antes eu não gostava muito de carnaval, era mais fã de violada. Mas o marido não gosta muito, pois cresceu no pagode. Então não tinha pra onde correr”, brinca.
Rosiane está à frente da bateria da Cinderela há três anos. Já foi musa da igrejinha e este ano também será a rainha da Catedráticos do Samba.