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Diversão

Público mostra paixão pela Império do Morro, escola mais antiga de Corumbá

Paula Vitorino | 21/02/2012 09:58

Desfile do Grupo Especial mostrou beleza do Carnaval, mas mostra a necessidade de melhor estrutura para acomodar maior folia do Estado

Império desfilou a paixão dos foliões. (Fotos: Marlon Ganassin)
Império desfilou a paixão dos foliões. (Fotos: Marlon Ganassin)

Com cada metro da avenida ocupada, o desfile das quatro escolas de samba do Grupo Especial de Corumbá foi aplaudido em pé pelo público de cerca de 4 mil pessoas, nesta segunda-feira (20).

Mas a torcida e o amor do público foi em especial para uma escola: Império do Morro. Em meio as milhares de pessoas, a camiseta cor de roda da escola era marcante e peça disputada a preço de ouro.

Antes mesmo da entrada na avenida, durante a concentração, a distribuição gratuita de um saco de camisetas na avenida causou histeria. Adultos e crianças disputaram a tapas as camisetas. “Pega uma camiseta pra mim, tia”, pediam à reportagem uma ajudinha. Cada camiseta foi vendida por R$ 20 no barracão da escola durante o pré-Carnaval.

Campeã de 2011, a Império é a preferida para ganhar o Carnaval deste ano, pelo menos segundo a opinião do público.

“É claro que ela vai ganhar, não tem dúvida”, garante o torcedor uniformizado, junto com os familiares.

Tanta paixão pode ser explicada pelo fato da escola ser a mais antiga de Corumbá, com 54 anos de história e foliões criados desde o berço.

“É a escola do coração, desde criança fui criada na comunidade”, diz a folia Rosangela de Arruda, de 31 anos, que assistiu o desfile ao lado de vizinhos e parentes, todos torcedores da Império.

A companheira, Odete Moreira, de 68 anos, conta que estava ansiosa para o desfile e não perdeu um dia de ensaio da escola. “Ela é melhor em tudo, é a nossa escola”, frisa.

Diferencial - O samba enredo cantado na avenida foi: “No livro da vida a Império tenta descobrir... O que move a humanidade”.

Segundo o presidente José Carlos Duarte, a escola procurou um tema diferenciado neste ano, que provocasse não só um bom enredo, mas uma reflexão entre os foliões.

“Pra gente pensar, o que move a humanidade? O amor, a fé, a riqueza ou outros valores?”, explica.

A bateria teve duas musas a frente: a rainha Silvinha e a madrinha Lucilinha. Apresentando a escola, a ex-rainha, Carol Duarte, de 34 anos, e considerada “símbolo do Carnaval de Corumbá”.

Ela é filha do presidente e foi durante 9 anos rainha da bateria da Império. “A diferença da Império é o amor que as pessoas que desfilam tem pela escola, não são pessoas que desfilam só por desfilar, estão aqui por amor”, diz.

Caprichosos desfilou capricho pela avenida.
Caprichosos desfilou capricho pela avenida.

Capricho - O desfile do Grupo Especial foi aberto pela escola novata “Estação Primeira do Pantanal”, que luta para ser reconhecida pela Liesco (Liga das Escolas de Samba de Corumbá).

Iniciando o desfile das escolas mais esperadas, a Caprichosos de Corumbá contou a história da colonização do continente americano, com o samba enredo “520 anos antes, 520 anos depois, a conquista de um continente banhado a ouro prata e sangue”.

Fazendo jus ao nome, a escola mostrou em cada ala o capricho dos integrantes. Desde a comissão de frente a Caprichosos preparou coreografias, seguidas a risca pelos componentes ao longo de toda a avenida.

Mundo da fábula na A Pesada.
Mundo da fábula na A Pesada.

Bateria mil - No mundo encantado e irreverente do enredo “A fábula – a bruxa está solta no casamento da Barata e Dom Ratão”, a escola A Pesada levantou o público com a batida forte e firme da bateria.

Os integrantes arrancaram aplausos da platéia e mostraram a sincronia perfeita no batuque do samba. E tudo aliado a irreverência da fantasia dos integrantes, que estavam vestidos de ratinhos.

Batuque, fantasia e alegria apropriados para uma bateria formada em grande maioria por jovens e adolescentes, outro fator que colocou em destaque os integrantes.

A fábula na A Pesada.
A fábula na A Pesada.

Estado em luxo - Terceira a entrar na avenida, a Mocidade Independente da Nova Corumbá mostrou luxo na apresentação do samba enredo “Nos trilhos da folia a Mocidade apresenta Mato Grosso do Sul, um santuário de cor e alegria”.

Os carros alegóricos e as fantasias esbanjavam brilho. Mas os integrantes também mostraram a garra quando o assunto era o bom desempenho na avenida.

Um mínimo espaço vazio entre um carro e uma ala já era suficiente para colocar em alerta a diretoria, que aos gritos pedia para o carro avançar. Mas além do incentivo na voz, o jeito foi ir para trás do carro e ajudar a empurrar, tudo para não deixar a avenida com nenhum espacinho em branco.

Foram 1.200 integrantes na avenida e a letra do samba na ponta da língua do início ao fim do desfile.

Aperto - Enquanto as escolas desfilavam pela avenida livre, o público se apertava para conseguir enxergar tudo. Nas arquibancadas, apenas 2 mil lugares, número que parece quase nada comparado ao público estimado de 30 mil no local.

O jeito era “se enfiar” onde era possível, seja embaixo dos camarotes ou em bares ao redor. Mas a reclamação do povão foi do grande número de camarotes, chamado de “elitização” da festa.

“A gente acaba que fica sem espaço. Tem que disputa uma vaga”, disse um dos foliões.

A Fundação de Cultura informou que o número de camarotes não aumentou e que a própria localização do desfile não favorece a acomodação do público, já que não existe espaço para colocar mais arquibancadas.

O presidente da Liesco, Zezinho Martinez, disse que o desejo da Liga é uma área própria para os desfiles, com a construção do sambódromo. “O público merece uma estrutura melhor, um lugar para sentar”, disse.

Além da acomodação ao público, ele explica que o sambódromo iria permitir às escolas “usarem a imaginação sem limitação de espaço, altura e paralelepípedos”.

O prefeito Ruiter Cunha informou que esse é um projeto do município, mas que ainda precisa de incentivo público e privado.

O Carnaval deste ano teve investimento total de R$ 2,5 milhões, segundo a Prefeitura Municipal. Para as nove escolas de samba, o investimento foi de R$ 400 mil do município e R$ 180 mil do Governo do Estado.

O prefeito frisa que o Carnaval de Corumbá precisa da ajuda dos empresários para crescer ainda mais. “O poder público ainda é o grande apoiador e precisamos pelo menos equilibrar isso para os próximos anos, com o apoio da iniciativa privada”, diz.

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