Hip-hop, grafite e break se unem na Capital na busca por reconhecimento e fim do preconceito
Cenário montado na Praça do Rádio Clube mostra mistura entre “cidade e favela”, ambiente onde nasceram os movimentos
Quem passa pela Praça do Rádio Clube, no centro da Capital, na noite deste sábado, pode acabar estranhando o movimento. Música agitada, rapazes dançando de ponta-cabeça e grafiteiros no palco: este é o cenário que embala o “Papo de Rua”, evento que quer descriminalizar e introduzir na cultura sul-mato-grossense o hip-hop, break dance e grafite.
“Hoje o hip-hop só acontece em festas em residências aqui na cidade, não existe espaço para este tipo de música em bares e outros lugares. Queremos divulgar e descriminalizar esses movimentos, dar acesso para a população conhecer e desvincular a imagem do Hip-Hop ligado com as drogas”, explica o produtor cultural, e um dos organizadores do evento, Pietro Falcão.
Ao redor de Pietro todo um cenário foi montado, transformando o espaço próximo da Concha da Praça do Rádio em uma mistura entre favela e cidade, “onde habita o Hip-Hop”, diz Pietro.
Além de música e dança, o evento é palco de amizades, de encontro para amantes do mesmo estilo de música, vestimenta e papo. “Comecei a dançar em São Paulo, de onde venho. Lá isso é comum, já aqui em Campo Grande não conheci nenhum lugar que tem isso, então fiquei sabendo do evento e desci pra cá”, comentou Vagmildo de Oliveira, de 30 anos, enquanto mostra seu break e conhece pessoas no centro da cidade que vive há apenas nove meses.
Mesmo com a chuva que cai na Capital, a expectativa é que o Papo de Rua reúna sete mil pessoas celebrando a arte e a paz. “Queremos mostrar que o que fazemos é arte, e não vandalismo”, explica o jovem grafiteiro Rafael Mareco, 18 anos. “É mesmo arte, tanto que podemos reconhecer um grafite pelo estilo do cara, ele nem precisa assinar”, completa.
Os grafiteiros usam o palco da Concha como forma de expressar sua arte, realizando desenhos em áreas autorizadas.
Quem também não conhece muito da cultura do Hip-Hop resolveu aparecer no Papo de Rua, e “abrir a cabeça”. “Gosto um pouco do estilo, das letras criativas, mas não conheço muito. Vim trazer meus filhos, que nem tinham ouvido falar de break e grafite”, conta o professor Edson Duarte, 45 anos, em companhia dos três filhos, uma menina de três anos e dois meninos, de 11 e 14 anos.
Dificuldades - A cultura sul-mato-grossense parece que ainda é um entrave para a entrada de novas vertentes artísticas no Estado. “É muito difícil encontrar locais para tocar na cidade, o espaço é mínimo”, relata Eduardo Lopes, guitarrista da banda Lutano, que mistura rock com Hip-Hop e se apresenta no evento.
“Campo Grande precisa conhecer a sua própria cultura, e deixar de se restringir somente a alguns estilos, como o sertanejo”, defende Pietro.
O Papo de Rua conta com a apresentação de sete destaques da música. Somente o ex-Planet Hemp, Bnegão,