Hoje 'donas' do próprio nome, Patrícia e Adriana lançam 4º CD na raça
Sem grandes investimentos e nem empresário. Com a própria marca, "Patrícia e Adriana", devolvida há três meses, a dupla de irmãs de Campo Grande prepara o lançamento do quarto cd, "Seu enredo", na raça mesmo. Nos 17 anos de carreira, elas já trocaram os palcos pelo altar, tiveram de incluir o "arrocha" no repertório para vender show e hoje se resumem a querer reconhecimento pelo trabalho, ao invés do sucesso estrondoso que os nomes do sertanejo que saem daqui vivenciam.
Mais maduras e experientes, hoje Patrícia Maria Paredes de Souza, tem 35 anos, Adriana Regina, de mesmo sobrenome, tem 31. Elas começaram como a maioria dos artistas, do quintal de casa para os barzinhos até serem lançadas pelo projeto de uma gravadora que reuniu vários cantores num mesmo CD. Era só um teste, no qual foram aprovadas e com louvor. Num dos discos, a música interpretada por elas, "O mais fraco coração", as projetou para todo o Estado. "É uma das músicas mais importantes da nossa carreira e que até hoje cantada em show. Quase dois anos depois de gravada, ainda era tocada nas rádios", recorda Patrícia.
Profissionais mesmo, de adotar os palcos como meio de sustento, modo de vida e por paixão, as irmãs contabilizam 17 anos de carreira a partir de 1997, numa época de sertanejo de verdade. "Aí foi mudando até começar a virar mercado de entretenimento. O povo vende a festa e para a festa ser boa tem que ter música animada", comenta Adriana.
Nessa onda, o sertanejo de raiz ganhou um ritmo mais vanerão, depois um batidão, até chegar ao 'universitário' de hoje e o 'arrocha'. Das 13 faixas deste último trabalho, apenas uma segue a tendência do mercado, as demais, confirmam que elas não perderam a identidade e nem o gosto pelo romântico. "Nas gravações a gente imprime a personalidade musical que a gente tem, não tem tanto do universitário porque nem combina com a gente", defende Adriana.
Ao longo da carreira, as meninas tiveram altos e baixos. Ao deixaram os palcos pelo altar, se desligaram da música justamente no período em que companheiros de viola estouraram daqui para fora. A dupla explica que num acidente que matou o namorado de Adriana, à época integrante da banda, elas se aproximaram de um outro cenário. De família religiosa, passaram a frequentar a igreja Adventista. "A gente se apegou muito a Deus. Paramos de cantar naturalmente, não foi uma troca imediata para o gospel, mas foi gostoso de fazer. Foi um ano dedicado à essa experiência muito boa", argumenta Patrícia.
Quando os dedos não se aguentaram mais, elas voltaram para a voz e violão nas noites da cidade. O retorno, bem sabiam que seria do zero. "Foi quase do zero, mas a gente tinha música reconhecida e fãs saudoso. Muita gente cobrava a gente voltar", recorda Adriana.
Voltaram e não pararam mais. Em 2007 veio a gravação do terceiro CD, mas elas nunca saíram daqui para fora com tanta força como os demais, Tradição, João Bosco e Vinícius. "Deve ser porque não existe nenhuma dupla feminina fazendo sucesso", justifica Adriana. Neste meio tempo, elas também tiveram a patente "Patrícia e Adriana" registradas por outro empresário, o que dificultou qualquer proximidade de patrocinadores. O caso, segundo elas, foi feito sem
o conhecimento das irmãs. "A gente era muito nova, não sabia que tinha de fazer isso", explica Patrícia. Na prática, não ter o nome da marca significava que, caso viessem a estourar, deveriam dividir a fama com o dono do nome.
Sobre os investimentos, elas percebem ressalvas do lado comercial, por ser uma dupla de mulheres."Quase todos músicos conhecem, admiram, se dizem fãs, o que talvez tenha faltado é investimento, gerenciamento, alguém que fizesse as coisas acontecer", argumenta Patrícia. Hoje esta posição é ocupada por ela, que também passou a ser a detentora da marca. "Eu tomo conta da dupla, vendo show e vejo a dificuldade que é lidar com contratante", pontua. Adriana vai além e fala do medo que o mercado tem de acreditar em mulheres. "Eu já ouvi que eles têm medo de mexer com dupla feminina e o mercado não aceitar. Ninguém quer arriscar", completa.
"Seu enredo", segunda faixa do CD, foi composta pelo bateirista da dupla, Paulinho Baptista Ramos. Com ela, Patrícia e Adriana pretendem puxar o lançamento do quatro disco. De forma mais humilde, elas só querem tocar nas rádios da cidade e ganhar outros estados como São Paulo e Paraná.
É inevitável não perguntar se já lhes passou pela cabeça como seria o hoje se elas não tivessem interrompido a carreira. "Sou uma pessoa muito tímida e eu comecei a ficar assustada na época, já pensou se a gente estourasse? Eu tinha medo do sucesso, não estaria pronta", avalia Adriana. A irmã fica mais dividida e diz um 'talvez' para o sucesso que poderia ter levado-as ao auge. "Todo mundo fala isso. João Bosco e Vinícius saiu, Tradição saiu, muita coisa mudou se tivesse continuado, talvez a gente teria ido junto", responde Patrícia.
Amadurecidas, elas preferem restringir o retorno que desejam com a música apenas a um reconhecimento. "Nossa expectativa é das menores. O que eu sonho é bem menos do que aquela época. A gente quer ter o trabalho reconhecido, nada de sucesso estrondoso. Isso nunca fez parte dos meus sonhos", defende a dupla.
Patrícia e Adriana lançam o CD no dia 12 de julho, na Arena Vip, no Jardim Veraneio, região do Parque dos Poderes em Campo Grande. Os ingressos serão vendidos no Gugu Lanches. O show vai contar com a participação de Evandro Campos, Índio e Ralf, Guilherme e Gabriel. Para baixar as músicas da dupla, basta clicar aqui ou entrar no site: http://www.patriciaeadriana.com.br/.