Na BR-262, família cria “Noite Pantaneira” com dança e gastronomia de comitiva
Do jeito mais rústico, e próximo do povo pantaneiro, festa na beira da estrada quer mostrar simplicidade do sul-mato-grossense
Muito aroma de carreteiro e uma rusticidade emprestada das fazendas. Quando se chega ao KM 504 da BR-262, quem adentra ao quintal da Pousada Pioneiro tem a impressão de passar por uma porteira e chegar ao cantinho festeiro das propriedades rurais. O salão feito de madeira, e detalhes em sapê, em plena beira de estrada, abriga uma festa tradicional para quem se dispõe a conhecer de perto a cultura e as delícias pantaneiras.
O salão rústico a 170 quilômetros de Campo Grande é a extensão do complexo turístico da família de Cristina Moreira da Rocha Bastos, de 47 anos, e desde 2014 vem abrindo as portas para receber turistas e moradores de qualquer canto do Estado para oferecer um pouco da simplicidade, segundo ela, riquíssima no Pantanal.
“Já trabalhávamos com agência de turismo levando pessoas para conhecerem o Pantanal. Mas percebíamos que apesar de conhecer a natureza, os turistas queriam mais do lugar, foi quando tivemos a ideia de convidar um peão da fazenda para mostrar a rotina da vida dele e como vivia uma pessoa em terras pantaneiras, com seus trajes e costumes”, explica Cristina, proprietária da pousada.
O bate papo deu certo e divertiu os turistas. Em especial, virou motivo de festa, que ganhou nome de “Noite Pantaneira”. Com agenda programada para o ano inteiro, a casa recebe qualquer pessoa, e para participar do evento basta reservar e pagar R$ 50,00 no ingresso.
A festa tem música, baile, apresentações folclóricas e sabores típicos da região como arroz carreteiro e fogão tropeiro, todos preparados no fogão à lenha e servidos em panelonas, estilo “gastronomia de comitiva”, explica a dona. Também há venda de doces caseiros, artesanatos indígenas e muitas histórias. “É uma festa para cultivar a cultura, a tradição e a culinária da nossa região pantaneira”.
Tudo ali começou quando o casal, José Moreira e Terezinha Moreira, resolveu montar um restaurante próximo à rodovia. Foram três décadas de trabalho e o tempo levou os filhos a administrarem o local, expandido o negócio dos pais “Amo esse espaço e cuidar de tudo isso é uma alegria”, afirma.
Quem chega de fora, pela primeira vez, vai embora encantado. Foi o que aconteceu com a professora Denise Silva que mora na área rural de Miranda e decidiu conhecer na última segunda-feira o clima da “Noite Pantaneira”. “Fiquei curiosa e fui conhecer. É simplesmente uma experiência encantadora com família de indígenas, duplas que dançam música regional, condutor de boiada que vai trajado, baile e comida servido no chão”, descreve.
Na visão da professora, a festa é mais uma das boas experiências que estão por perto e muita gente acaba não vivenciando. “Acho que as pessoas do nosso estado precisam conhecer essas coisas. É muito bacana”.
Cristina afirma que a cada edição da festa, além de cultivar a cultura pantaneira, sente orgulho da história dos pais. “Meu pai já tocou em comitiva e sempre demonstrou a cultura do homem pantaneiro que também é multicultural. E toda vez que nos reunimos, nos emocionamos ao lado de turistas e visitantes”.
No local, além de poder pegar a receita dos pratos típicos servidos pela festa, os visitantes conhecem um pouco da casinha de sapê erguida para demonstrar como as famílias pantaneiras viviam ou ainda vivem.
Quem quiser conhecer o local pode entrar em contato pelos telefones (67) 3242-1392 ou (67) 99986-1716.
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