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Diversão

Noite no parque fica diferente quando se tem a disposição um telescópio

Adriano Fernandes | 11/04/2016 06:12
Houve quem arriscasse os nomes dos planetas e estrelas, apenas pela observação a olho nu. (Foto:Alan Nantes)
Houve quem arriscasse os nomes dos planetas e estrelas, apenas pela observação a olho nu. (Foto:Alan Nantes)

É praticamente impossível resistir a um telescópio. No fim de semana, evento organizado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) provou isso, ao reunir muita gente no Parque das Nações Indígenas para desvendar mistérios do universo. Teve fila para usar os equipamentos que miravam as estrelas, o que para muitos é realizar uma vontade da infância.

Os telescópios são disponibilizados pelo projeto de extensão da UFMS do Clube de Astronomia Carl Sagan. (Foto: Alan Nantes)
Os telescópios são disponibilizados pelo projeto de extensão da UFMS do Clube de Astronomia Carl Sagan. (Foto: Alan Nantes)

Organizado pelo Clube de Astronomia Carl Sagan da UFMS, o encontro fez parte do cronograma de ações do projeto, que desde 2007 divulga em escolas e dentro da própria universidade o quão fascinante pode ser o que está muito distante da terra.

Mas para o estudante Gustavo Arakaki, de 16 anos, por exemplo, a experiência não era novidade. Admirador da astronomia, ele conta que o evento de sexta-feira não foi a primeira vez dele em contemplações. Por convite de amigos, ele já participou de outros encontros do gênero, mas ainda sente a frustração de nunca ter vistos dois dos fenômenos que mais acha fascinante.

“Sempre que posso acompanho os encontros na UFMS, pude ver os detalhes de planetas como Júpiter, até Marte, mas infelizmente nunca pude ver a ´lua de sangue` ou um chuva de meteoros”, se queixa.

Outro veterano em encontros do clube é o também estudante Geovane Oliveira, de 20 anos. Ele é acadêmico de Física e comenta que além das muitas descobertas, aprendeu na prática questões que nem mesmo na faculdade ele tinha visto.

“A cada contemplação a gente consegue notar algo diferente, seja em um planeta ou uma constelação. Me lembro que uma das coisas que mais me marcou foi quando aprendi a diferença entre planetas e estrelas, por exemplo. Estrelas brilham, planetas não. Os conceitos de gravitação também, só fui aprimorar na prática, pelas observações. Até então eu não tinha tido contato, mesmo na faculdade de Física”, diz.

Teve fila para usar os telescópios. (Foto: Alan Nantes)
Teve fila para usar os telescópios. (Foto: Alan Nantes)
Pai e filho, foram juntos ver a observação no parque e por em prática o aprendizado de escola. (Foto: Alan Nantes)
Pai e filho, foram juntos ver a observação no parque e por em prática o aprendizado de escola. (Foto: Alan Nantes)

Os mais entusiasmados mesmo eram as crianças. A advogada Andreia Campagna, de 38 anos, levou quase que a família inteira para o encontro. “Vieram comigo minha mãe, meus três filhos, 2 sobrinhos e um casal de amigos de outro estado”, ri. O evento foi o primeiro contato, na prática, dela e dos filhos com observação astronômica.

“Foram eles mesmo que ficaram sabendo do evento, pelo Facebook, e pediram para vir. É um encontro muito interessante, eu mesma fiquei impressionada, porque eu não conhecia. Além de permitir que eles vejam na prática, o que é estudado em sala de aula”, comenta.

O gerente comercial Rodrigo Quintanilha, de 36 anos, levou o filho Crispo, de 9 anos, que pela primeira vez pode ver nos telescópios boa parte do que já aprendeu na escola.

“Eu vi uma ´poeira nebulosa` e Júpiter”, comemorou o menino. “É uma garantia de que ele está levando o estudo a sério desde cedo e sabe reconhecer pelo telescópio aquilo que já viu nos livros da escolinha. Uma confirmação de que ele está mesmo aprendendo”, comemora o pai.

Os baixinhos foram os que ficaram mais fascinados. (Foto: Alan Nantes)
Os baixinhos foram os que ficaram mais fascinados. (Foto: Alan Nantes)

Atentos a cada detalhe nos telescópios, pelo menos 100 pessoas participaram da observação. E teve até fila para chegar aos equipamentos para ver, nem que fosse por poucos instantes, qualquer detalhe do universo que é imperceptível a olho nu.

No encontro, também teve abaixo-assinado, reivindicando do governo um planetário móvel para a realização das próprias atividades.

“O nosso estado é privilegiado por ter um céu tão bom para observação astronômica, mas também um dos únicos do País que não tem um planetário fixo e nem sequer um móvel. Nossa expectativa é de arrecadar ao menos 10 mil assinaturas, para cobrar dos órgãos públicos ”, conta a Keissy Carla, de 22 anos.

Ela também é acadêmica de Física da UFMS e uma das integrantes e monitoras de pesquisa do grupo de observação Carl Sagan.

Isabela é coordenadora do projeto e da Casa da Ciência. (Foto: Alan Nantes)
Isabela é coordenadora do projeto e da Casa da Ciência. (Foto: Alan Nantes)

O clube – O Clube de Astronomia Carl Sagan foi fundado no ano de 2007, por iniciativa dos próprios alunos de Física da UFMS e, na época, sob a coordenação do professor Hamilton Pereira Sores. Do grupo que começou sem muitas pretensões, o clube se tornou um projeto de extensão da universidade, por meio da Casa de Ciência e Cultura do curso de Física da UFMS.

Atualmente, o clube tem 20 membros fixos, a maioria estudantes de cursos como Engenharia Elétrica, Biologia e Química, da própria UFMS. Todas as terças-feiras, os integrantes do projeto se encontram na própria Casa da Ciência da universidade, para discutir os projetos do clube que atende crianças e jovens de escolas públicas da cidade.

Nas quintas-feiras, o grupo também organiza estudos sobre astronomia e as observações acontecem na cidade universitária, a cada 15 dias. Os encontros são uma oportunidade para quem quer ver o céu em detalhes, sem gastar nada. Telescópios profissionais, como os disponibilizados pelo projeto, variam de R$ 2 mil até mais de R$ 15 mil. 

Quem quiser observar de casa, pode adquirir um binóculo noturno que é a opção mais barata, mas não custa menos que R$ 300,00. “Na prática quem se compromete em participar de todos os encontros, se torna um membro do grupo e todos podem acompanhar os encontros periódicos”, conta a professora Isabela Porto Cavalcante.

Ela é atual coordenadora do projeto e também da Casa da Ciência e Cultura de Campo Grande. “A astronomia é a porta de entrada natural para a ciência e as pessoas já têm uma atração pessoal pela observação do universo, mas falta que essa ciência seja acessível para elas. Nós entendemos que elas precisam se aproximar dessa prática e por isso promovemos esse tipo de ação. Para de certa forma tentar alfabetizar cientificamente os interessados”, conclui.

Para saber da agenda de palestras e reuniões do Clube de Astronomia Carl Sagan, basta entrar em contato pelo link www.casadaciencia.ufms.br ou pelo telefone 3345-3679. A Casa de Ciência e Cultura fica na cidade unviversitária da UFMS, próximo ao Teatro Glauce Rocha.

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A observação reuniu uma multidão na noite desta sexta-feira no Parque das Nações Indígenas. (Foto: Alan Nantes)
A observação reuniu uma multidão na noite desta sexta-feira no Parque das Nações Indígenas. (Foto: Alan Nantes)
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