Rapper indígena de MS canta com Nando Reis e faz o cantor chorar
Artista também usou o palco para pedir socorro aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul.
Famosa como MC Anarandà, Ana Lúcia Rossate ou Randa Kunã Poty Rory, é a guarani-kaiowá de Amambai, a 355 quilômetros de Campo Grande, que emocionou quase 45 mil pessoas durante festival de música, em Belo Horizonte (MS). Ela cantou ao lado de Nando Reis e usou sua participação para pedir socorro aos povos indígenas de Mato Grosso do Sul.
A apresentação foi no dia 16 de julho, no festival Prime Rock BH, que reuniu milhares de pessoas. Além de cantar uma composição sua, ela fez um forte desabafo sobre as mortes ocorridas no Estado.
“Nós estamos pedindo socorro. O apoio de vocês, todos os artistas, chamando a atenção para que olhem para o nosso povo. O nosso povo está morrendo! A Amazônia está sendo atacada”, desabafou a rapper indígena.
Anarandá, que tem se destacado no meio artístico por utilizar a música para transmitir ao mundo a realidade do seu povo, teve o encontro compartilhado pelo próprio cantor Nando Reis.
“Diante da sua presença, ouvindo seu relato, seu canto, fiquei ainda mais convicto de que o mundo está ao contrário. O Brasil é sanguinário. A matança das vidas e das culturas dos povos originários, que começou com a chegada dos portugueses e agora com o incentivo desse desgoverno, é uma crueldade sem tamanho. Quem não vê isso, não tem coração”, publicou o cantor em suas redes sociais.
Nando e Anarandà contaram que o encontro foi possível graças ao intermédio da artista indígena Célia Xakriabá, que falou sobre o trabalho da sul-mato-grossense com o cantor.
“Eu queria ir ao show, mas não tinha dinheiro para o ingresso do Festival. Foi quando a Célia fez esse contato e conseguiu que eu estivesse no palco, cantando e falando sobre os nossos povos indígenas”, conta a artista.
A rapper sul-mato-grossense teve dois dias para preparar trajes, presentes e a música que iria cantar no palco. “Tive que me virar nos 30. Essa chance foi para mostrar que eu sou profissional. E descobri que quando a gente gosta de fazer uma coisa, a gente consegue, todo sonho é possível”, lembra a indígena.
Antes de subir no palco, o primeiro encontro com o cantor foi no camarim. Nando não só conheceu Anarandà, como mandou recado aos indígenas de Mato Grosso do Sul e se emocionou. Nos bastidores, a rapper disse que ele chegou a chorar. “Ele ainda pediu perdão por tudo o que estão fazendo no Brasil, por todo genocídio”.
Em seguida, os dois artistas aproveitaram os minutos juntos para fazer uma “mini” passagem de som, dentro do camarim mesmo, para saber em que momento ela entraria no palco e cantaria.
Anarandà fez sua participação na música Relicário e, depois de cantar, fez um alerta sobre a série de ataques em Mato Grosso do Sul.
“Eu nunca tinha cantado essa minha música. Fiz e guardei na gaveta, sabia que em algum momento iria precisar dela”.
Além de cantar com Nando Reis, a rapper que canta desde os 14 anos, também já abriu show da cantora Maria Gadú e hoje roda o Brasil levando a cultura índigena através da música.
Leia mais sobre a história de Anarandà nesta reportagem do Lado B (clique aqui).
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