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Diversão

Sem conseguir negociar dívidas, Brava Bar fecha as portas na Capital

O espaço funcionava há 4 anos na Esplanada, o último lugar na cidade a abrir as portas para artistas fora do estilo comercial

Alana Portela | 11/05/2020 16:31
Brava Bar que fica na Avenida Calógeras, nº 3100, fechou após 4 anos de funcionamento. (Foto: Paulo Francis)
Brava Bar que fica na Avenida Calógeras, nº 3100, fechou após 4 anos de funcionamento. (Foto: Paulo Francis)

Um dos últimos lugares abertos para a produção cultural de Campo Grande resolveu fechar definitivamente. O Brava Bar entrega o ponto tradicional na Esplanada Ferroviária no mesmo mês que completa 4 anos. Sem conseguir negociar as dívidas com a imobiliária e também por falta de incentivo, o local é mais um a entrar na lista das casas noturnas que tiveram que encerrar as atividades por conta da crise provocada pelo novo coronavírus.

“Estamos desde abril analisando a evolução da pandemia e tudo mais. Tentamos várias vezes negociação com a imobiliária que representa o imóvel, porém sem sucesso. Como nos enquadramos no segmento que envolve público, aliado à consciência coletiva de não o fazer agora, somado as dívidas e nada de receita entrando, não enxergamos outra opção a não ser devolver o imóvel”, diz Kenzo Minata, 33 anos.

A galera se reunia e dançava no espaço durante os eventos que aconteciam. (Foto: Bia Terra/Brava Bar)
A galera se reunia e dançava no espaço durante os eventos que aconteciam. (Foto: Bia Terra/Brava Bar)

Ele era um dos donos do espaço, assim como Leonardo Soldati, e anunciou o fechamento nesta segunda-feira, 11 de maio, na página do Facebook do bar. O espaço se tornou point da galera desde 2016, por conta dos eventos culturais, como a apresentação de teatro, dança e música. Foi palco para exibição do projeto "Museu da Ferrovia", do arquiteto e museógrafo Nivaldo Vitorino, também abriu espaço para o café filosófico, carnabrava que acontecia durante os carnavais da cidade, e até feira de exposições de arte.

Neste mês, ocorreria a festa para celebrar os 4 anos de existência do espaço. “Os planos para 2020 consistiam em expandir nossa ideologia em um espaço maior e agregando mais pessoas e marcas locais. A festa de 4 anos estava toda planejada para ser o maior rolê que já fizemos até hoje”, informam os proprietários na publicação da página.

“Contudo, a pandemia chegou socando todo mundo na cara, mudando todos os planos e nos colocando obrigatoriamente em isolamento. Não conseguimos, nesse momento, enxergar uma solução temporária que viabilize nossa continuidade agora e é com coração partido que anunciamos o fechamento da Brava como ela é hoje”, completa os empresários na postagem.

A falta de apoio municipal dificultou ainda mais a permanência do espaço. “Foi um dos principais motivos que resolvemos fechar. Pela incerteza do retorno da normalidade das atividades culturais. Cinemas, teatros, shows, tudo que envolve aglomeração não tem um prazo certo para voltar e, infelizmente, não temos mais capital pra esperar esse prazo se estabelecer.  Estamos fechados desde 14 de março já”, diz Kenzo

O empresário comenta sobre a dificuldade de se manter um espaço cultural em Campo Grande. “Tem a Lei do Silêncio fechando espaços culturais há anos. Sou proprietário do Resista também, fechados pela Lei do Silêncio. Nossa cidade não dá a devida importância aos espaços que promovem cultura, aos artistas locais e a cena”, destaca.

“Estamos colhendo isso e, agora, com a pandemia, ficaremos ainda mais carentes de cultura. Uma Capital que se preze sabe a importância social e financeira que a cultura gera como retorno, infelizmente, a nossa não sabe. Viveremos tempos difíceis pós pandemia com a escassez de pontos culturais”, declara Kenzo.

Agora, Brava Bar entra para a lista dos espaços de entretenimento que encerraram as atividades em dois meses, como o Clube Bom D+, Clube da Amizade e Twist. Na semana passada, alguns empresários de casas noturnas também falaram sobre as incertezas do cenário e a possibilidade de fecharem as portas.

Também teve Luanna Peralta comentando sobre a dificuldade de manter o Laricas Cultural aberto, após a inauguração que aconteceu em fevereiro deste ano. A empresária até aderiu a uma vaquinha on-line para evitar o fechamento da casa.

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