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Diversão

Terra do ET Bilu abre as portas para turismo e quer desmistificar o fim do mundo

Entrada na comunidade é gratuita, mas é possível encontrar pacotes com guia turístico com preços que variam entre R$ 150 e R$ 567

Ângela Kempfer | 15/07/2019 08:53
Do observativo é possível ver a cidade que se estende abaixo (Foto: Kísie Ainoã)
Do observativo é possível ver a cidade que se estende abaixo (Foto: Kísie Ainoã)

Para chegar até Zigurats é necessário encarar cerca de 1h30 minutos pela MS-080 antes do asfalto se transformar em estrada de terra. Depois, dependendo do veículo, são mais 40 minutos de vegetação do Cerrado, subidas e descidas do caminho íngreme cercado por morros.

A cidade com cara futurista tem casas redondas cobertas por mantas térmicas que refletem a luz da lua e até uma pirâmide, que atraem a atenção de curiosos, desde fascinados por ufologia até quem curte só a natureza. Agora, o local ganhou também agência de turismo, abrindo de vez as portas para visitação.

No fim de semana, a comunidade organizou uma festa junina, simples, com a originalidade de uma comemoração de interior e aberta a quem quisesse conhecer o lugar famoso pela "aparição" do ET Bilu e pelas ideias controversas de Urandir Fernandes, mentor de quem vive nesse ponto do município de Corguinho. O convite foi feito a toda a imprensa, mas só o Lado B apareceu. A influência política ficou evidente por outros convidados, como o presidente da Câmara Municipal, a atual prefeita e o ex-prefeito.

À noite, o mestre de cerimônias chamou a atenção para luzes piscando no céu, segundo ele, "visitantes" que resolveram participar da festa. Mas, independente da crença dos moradores, a paisagem e o pôr do sol valem o poeirão e os buracos da estrada.

A viagem também se justifica pelas excentricidades, como a pirâmide em construção, que será morada de Urandir, o observatório do céu noturo e "A Casa", futuro salão de eventos batizado em homenagem ao ET Bilu, com arquitetura projetada para suportar tornados e outras intempéries do fim do mundoA estrutura também é bacana, com pousadinhas que tornam a experiência completa.

Casas seguem a mesma arquitetura e viram paisagem futurista no Cerrado.
Casas seguem a mesma arquitetura e viram paisagem futurista no Cerrado.
Até o momento, a "pirâmide menor", onde Urandir vai morar, é a única finalizada (Foto: Kísie Ainoã)
Até o momento, a "pirâmide menor", onde Urandir vai morar, é a única finalizada (Foto: Kísie Ainoã)

“Nosso objetivo é desenvolver as comunidades próximas e acrescentar de forma positiva o conhecimento para a população e estamos abertos a quem quiser somar”, explica Olávio Gonçalves, de 57 anos, morador se apresentou como guia e levou a equipe pelas ruas de terra, que vistas de cima parecem interligadas ao centro, por hora vazio, reservado à uma pirâmide de 63 metros de altura ainda em construção, que será como um "shopping", com produtos da comunidade.

E a sugestão é visitar em época de lua cheia porque a luz reflete no telhado das casas, "criando uma atmosfera mágica", garante Olávio.

Olávio chegou à Zigurats depois de conhecer o trabalho de Urandir, o fundador do Projeto Portal. Figura polêmica, ele ficou nacionalmente conhecido como o “pai do ET Bilu” e por defender a existência de outras dimensões habitadas por seres evoluídos. Responsável pela  fundação de pesquisa Dakila, Urandir divulga suas idéias com materiais como o documentário “Terra Convexa”, que contesta, por exemplo, que a terra é redonda.

A comunidade já existia, mas ainda não havia uma única construção no local hoje ocupado pelas 150 casinhas redondas. Atraído pela proposta de dedicação à melhoria de vida da população e criação de uma cidade com condições para o desenvolvimento de pesquisa e busca do conhecimento. Em 1999, Olávio chegou à Corguinho para conhecer o espaço e acabou ficando.

Todos os “associados” são pesquisadores dentro da ufologia paracientífica, que vai além dos limites conhecidos pela ciência. “Aqui trabalhamos com realidades, dimensões paralelas. Os mundos estão próximos, nesse momento é muito mais possível transitar entre essas dimensões, basta acelerar a frequência mental e entrar em beta”, diz Olávio.

Ao contrário da meditação, ele explica que o objetivo não é relaxar corpo e mente para alcançar o estado de alfa e sim acelerar o fluxo de pensamentos e chegar ao beta. “Meu corpo vai estar relaxado, mas a minha mente estará aberta e prestando atenção à tudo. Às vozes das pessoas conversando, ao sons dos pássaros, ao farfalhar do vento, aos aromas. Fazendo isso eu amplio os meus sentidos e a capacidade da minha mente de captar experiências extra sensoriais. É como ligar uma antena”.

Casa do ET Bilu, que como todas as outras construções, tem formato circular, feita para resistir as intempéries (Foto: Kísie Ainoã)
Casa do ET Bilu, que como todas as outras construções, tem formato circular, feita para resistir as intempéries (Foto: Kísie Ainoã)
Noite de sábado teve festa junina em Zigurats. (Foto: Kísie Ainoã)
Noite de sábado teve festa junina em Zigurats. (Foto: Kísie Ainoã)
Olávio é morador de Zigurats desde 1999, mas fez o papel de guia. (Foto: Kísie Ainoã)
Olávio é morador de Zigurats desde 1999, mas fez o papel de guia. (Foto: Kísie Ainoã)

Com observação, cada morador ou visitante registra as próprias experiências contribuindo para o conhecimento coletivo. “Trabalhamos com as lacunas científicas e com as anomalias que a ciência não consegue explicar. Não há distinção entre religiões e crenças, todos nós viemos de fora, cada um com a sua bagagem e tudo bem. Aqui é uma escola, a diferença é aqui trabalhamos em outra frequência mental, só isso”.

E é exatamente isso que o turista é convidado a fazer, não é necessário compartilhar das crenças dos moradores, apenas estar aberto à experiência. A busca é por quebrar as barreiras do conhecimento “saindo da redoma”, por ali as pessoas são estimuladas a ativar os sentidos extra sensoriais da mente e descobrir por si próprias se acreditam ou não nas explicações para os mistérios do mundo.

Inspirada nos ensinamentos do mundo antigo, a cidade foi pensada para a vida eterna.  As casas já famosas no interior de Mato Grosso do Sul são projetadas para que a energia de kundalini, forma energética que flui em espiral, circule livremente. "Há muito tempo atrás disseram que nós eramos a comunidade do fim do mundo. Nós somos os primeiros a dizer que não há fim do mundo. O que fizemos aqui nos prepara para as mudanças climáticas, no hemisfério sul não haviam ciclones ou tornados, agora já tem. A tendência é inverter do norte para o sul, as partes altas sofrerão com vendavais e as partes baixas com o nível das águas. A aerodinâmica dela favorece a resistência às intempéries".

Lua aparece cedo na região, com cerrado tornando o visual lindo.
Lua aparece cedo na região, com cerrado tornando o visual lindo.

Além dos formatos circular e piramidal, cada construção foi posicionada em um ponto de energia estratégico em Corguinho, considerando pela comunidade um dos maiores vórtex de energia magnética da terra.

"Ao longo do tempo as civilizações construíram esses monumentos, esses vórtex de energia, como as pirâmides do México, Egito e Machu Picchu. Esse tempo agora, vai ser essa aqui. São 63 metros de altura e 63 metros de base, quando ficar pronta, ela terá a altura de um prédio de 21 andares. O centro deve ficar livre para o fluxo de energia, mas todo o resto deve ser aproveitado", conta Olávio.

Já é possível ter uma ideia do resultado com base na "pirâmide menor" que acabou de ficar pronta, comparada à construção central, ela tem apenas três andares e foi feita de maneira escalonada. De acordo com Olávio o motivo também está relacionado ao vórtex energético em que está localizada Zigurats. "Nesta era a energia vibra na frequência feminina toda a construção escalonada assim, foi construída em função da energia feminina. Assim como a pirâmide de Chichén Itzá, no México".  

Quando questionado sobre as influências desse campo energético, ele explica estar diretamente relacionado à qualidade de vida. "É a nossa primeira pauta, que envolve alimentação saudável, exercícios físicos, sono reparador e então o aproveitamento das energias. Estamos inclusos no processo energético".

Ao lado da pirâmide menor, a pousada de Zigurats está aberta para receber os turistas.
Ao lado da pirâmide menor, a pousada de Zigurats está aberta para receber os turistas.
Interior da casa "Manjericão", disponível para aluguel para os turistas (Foto: Kísie Ainoã)
Interior da casa "Manjericão", disponível para aluguel para os turistas (Foto: Kísie Ainoã)

Ao lado da pirâmide, que vai virar casa, está a única pousada de Zigurats. São três quartos com suíte e que podem ser alugados para uma única noite ou para o fim de semana inteiro. Dependendo do pacote escolhido. A entrada na comunidade é gratuita, mas a agência oferece um dia completo com almoço, trilha com direito a guia e seguro viagem por R$ 150,00 por pessoa. Para quem pretende passar mais de um dia, os preços variam entre R$ 406,00 e R$ 567,00 com almoço e jantar inclusos. 

Parte da experiência, o observatório é também um ponto de conexão com o resto do mundo, ali estão instalados os pontos de internet e televisão da comunidade. Estrategicamente escolhido pelo ponto de energia, a construção conta com um telescópio automatizado, de onde é possível monitorar o céu noturno longe das luzes da cidade.

Para visitar o local entre em contato pela página da agência de turismo Facebook (Clicando aqui) ou pelo telefone (67) 99999-9215.

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Zigurats vista de cima (Foto: Divulgação)
Zigurats vista de cima (Foto: Divulgação)
Trilha de Havalom, passeio pelo morro com direito a guia turístico (Foto: Divulgação)
Trilha de Havalom, passeio pelo morro com direito a guia turístico (Foto: Divulgação)
Cratera redonda com água que nunca seca, no topo do Morro de Dákila, na Cidade Zigurats. (Foto: Divulgação)
Cratera redonda com água que nunca seca, no topo do Morro de Dákila, na Cidade Zigurats. (Foto: Divulgação)
Por do sol em Zigurats (Foto: Kísie Ainoã)
Por do sol em Zigurats (Foto: Kísie Ainoã)
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