Após a maternidade, a queda de cabelo é de amamentar ou pela anestesia?
Um dos milhares de dramas da maternidade é a queda de cabelo. Os fios encontram o chão em todo lugar. No banho então, dá até dor de lavar. As falhas ficam perceptíveis tais quais as olheiras das mães. A reclamação unânime, embora na literatura a Medicina esclareça que a queda só afeta 20% das mães. Diante de tantos mitos, fomos saber quem são os culpados? A amamentação ou a anestesia?
Naísa Tonon é publicitária, tem 35 anos, e é mãe da Olívia, uma meninina com um sorriso encantador. O histórico da mãe é de queda de cabelo desde sempre, com exceção da gravidez, época em que eles ficaram mais lindos, segundo ela.
"Quando a Olívia fez quatro meses, do dia para a noite, meu cabelo começou a sair de tufo, de mecha mesmo. Eu tinha até medo de lavar, chorei muito, porque ele já é bem ralo e super fino", conta.
No período do pós-parto a gente já está tão vulnerável e com a autoestima lá embaixo que enfrentar a queda de cabelo é mesmo desesperador. "Este foi até um dos motivos pelos quais eu cortei curtinho. Depois eu me acostumei e do mesmo jeito que começou a cair, parou por volta dos seis, sete meses dela", lembra.
Foram uns dois meses de queda intensa e que Naísa ouvia de tudo um pouco. "Tem aquilo de falarem que é por conta da anestesia, mas eu tive parto normal e sem analgesia, acredito que seja algo normal mesmo. Minha médica explicou que acontece principalmente com as mães que amamentam", contextualiza.
Obstetra, a médica Sandra Valéria tem vivência com essa queixa no dia a dia do consultório e tenta acalmar as mães explicando que o período de pós-parto não é fácil e nem perto de ser simples. "Não é relacionado à amamentação, o que faz isso são as alterações que você tem no puerpério. Essa queda de cabelo é uma oscilação de hormônios", diz.
Como consolo, ela tenta contextualizar toda a situação de estresse e o próprio emocional da mãe nos primeiros meses depois de parto. "Eu converso e tento mostrar para a paciente que está acontecendo um monte de coisa e que tudo isso vai passar. A gente não desqualifica o que ela sente, mas tomar consciência dessa fase puerperal e de que tudo isso vai passar faz com que ela se sinta melhor", conforta Sandra.
Dermatologista e mãe da Elisa, Nelise Hans, é quem afirma que na literatura, a Medicina diz que a queda atinge cerca de 20% das mulheres, e que categoricamente não tem a ver nem com a amamentação nem com o parto.
"O nosso cabelo tem um ciclo: a fase em que ele está crescendo, a que involui e no fim, entra em repouso e cai, aí nasce de novo e começa um novo ciclo", explica didaticamente. O que acontece é que normalmente, sem a mulher estar gestante, os fios não seguem o mesmo ciclo, ou seja, enquanto um nasce, o outro está caindo.
Conforme a médica, na gravidez com o aumento dos hormônios, os cabelos tendem a sincronizar os ciclos e ficar na mesma fase. "Muitas mulheres até relatam melhora e que é uma fase incrível para o cabelo", comenta. No entanto, após o parto, a queda de hormônio faz com que todos os fios que cresceram na gestação, entrem na fase de cair agora. "Em geral, de dois até os seis meses do bebê os cabelos começam a cair. É quando passa para a próxima fase e tudo o que não caiu antes, cai agora", simplifica.
Nelise assegura que é tudo uma questão hormonal, de sincronização dos fios e nada tem a ver com o tipo de parto ou amamentação. Também não existe tratamento além da suplementação de vitaminas que a mãe já faz por estar amamentando. "Só se for uma queda muito expressiva o indicado é procurar um dermatologista", enfatiza. No mais, é esperar o tempo passar e os hormônios se ajeitarem de novo. "Muita gente fala: 'ai, eu estou ficando careca!' Mas aguenta aí, força na peruca que vai passar", finaliza.