Campo-grandense tem espalhado solidariedade e empatia por aí
O noticiário está pesado, as redes sociais, os grupos de WhatsApp, também. No entanto, em tempos de coronavírus tem se espalhado muita solidariedade por aí. O campo-grandense parece ter entendido o significado de se colocar no lugar do outro e trouxe para Mato Grosso do Sul ideias que ganharam a web Brasil afora.
Depois de viralizar um recado colado no elevador, de vizinhos se oferecendo para fazer compras para grupos de risco, como os idosos, a prática inspirou muito e está lindo ver o mesmo nos grupos de Whats de condomínio e de Facebook. O pessoal comprou tanto a ideia que até quem não divide muro ou parede, por exemplo, tem se oferecido nas redes colocando o bairro onde mora e onde pode atender e o contato.
Assessora parlamentar, Morgana Lima de Araújo, de 34 anos, fez isso uns dias atrás no grupo do Whats do residencial onde mora. "Como aqui tem muitos idosos e bastante gente que está no grupo de risco, por quê não ajudar essas pessoas? Que às vezes dependem só delas mesmas para fazer uma compra ou ir até a farmácia. A gente precisa se ajudar", fala.
Como ela não faz parte do grupo de risco, se ofereceu, por solidariedade aos vizinhos, ainda que ela possa vir a pegar o vírus. "É uma atitude que como vizinhança, deveríamos tomar", acredita. E o desejo dela nem era o de virar exemplo ou reportagem, mas sim o de contagiar para o bem. "Em vez das pessoas darem os parabéns, gostaria que mais aderisse, temos muitas pessoas que podem pegar, idosos, diabéticos".
E o desejo dela vem se concretizando. Observo que as pessoas têm oferecido cada vez mais ajuda dentro do que pode.
Chef de cozinha e dono do restaurante Yallah, Paco Kawijian, resolveu mandar mimos para os clientes que pediram iFood. Não é brinde por comprar, não é desconto, no olhar dele, enquanto libanês que já viveu de tudo antes de chegar ao Brasil, surpreender as pessoas para o bem pode valer muito.
"Eu acho tão cansativo essa coisa de coronavírus que eu estou fazendo isso. Num dia tão ruim, é bom você chegar em casa, pedir alguma coisa e ganhar uma surpresa. Não é uma coisa que o cliente está esperando".
Os mimos vão desde uma cerveja a mais, uma esfirra, mas se for o caso, Paco brinca que pode mandar papel higiênico também.
O olhar para o outro não é só em cima dos clientes. Os entregadores de aplicativos têm, além de água gelada, esfirras para comer. "Eles já vêm ganhando pouco, a gente está servindo isso para eles se sentirem protegidos. O mundo está um caos, e às vezes, só de comer duas esfirras, a pessoa já se sente bem, mesmo que vá demorar 5 minutos a mais para entregar".
A justificativa de Paco para isso vem de nascença. "Deixa eu explicar uma coisa para você, acontece que eu cresci em lugares desérticos, vivi no norte da África, eu trato os vendedores, os entregadores, todo mundo bem, desde que seja recíproco. Uma coisa que eu aprendi desde pequeno é que é crime você negar água para uma pessoa".
A ideia dele é bolar um esquema com os aplicativos que possibilite um desconto para os médicos e quem está na linha de frente no combate ao coronavírus. "Escolhe um produto de valor x, mas deixa a mais para quando os médicos da rede pública pedirem, estar pago", explica.
"Numa hora dessas, se você representa alguma coisa para Campo Grande, é sua obrigação fazer isso".
Que além de notícias alarmantes, a gente também possa compartilhar bons exemplos em tempos de coronavírus.