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Com excesso de informação, desafio é filtrar conteúdo ‘fútil’

Ânsia por consumo excessivo de conteúdo deixa público mais ansioso e angustiado, diz psicanalista

Por Idaicy Solano | 18/08/2024 07:20
Mulher assiste à vídeos no Tiktok, rede social popular entre os jovens (Foto: Juliano Almeida)
Mulher assiste à vídeos no Tiktok, rede social popular entre os jovens (Foto: Juliano Almeida)

Na era de publicar vídeos rápidos em redes sociais como o Instagram e o Tiktok, a ânsia por consumir conteúdos online aumenta mais a cada dia. É quase impossível não ser bombardeado diariamente com uma enxurrada de trends, memes, vídeos de rotina e uma infinidade de conteúdos compartilhados nas redes. O desafio é conseguir filtrar que tipo de conteúdo é relevante e interessante ou não.

Com sua primeira aparição no ano de 2004, o termo ‘Brainrot’ surgiu como uma forma de se referir a “uma obsessão intensa e quase paralisante por algo, seja um programa de TV, uma pessoa, ou uma ideia”, conforme explica a psicanalista e psicóloga Lígia Burton.

O termo, que significa ‘podridão cerebral’ em tradução livre, também passou a ser utilizado pela geração Z para descrever a ‘deterioração mental’ causada pelo consumo excessivo de conteúdos fúteis na internet.

Conforme observa Lígia, a tendência é que as pessoas se sintam cada vez mais angustiadas e ansiosas com o excesso de conteúdos e novidades, que são impossíveis de serem consumidas. Ela explica que, ao contrário do que a maioria das pessoas acreditam, a ansiedade não é ocasionada pela falta de algo, mas sim, pelo excesso.

A psicanalista explica que o ser humano precisa de um tempo para elaborar aquilo que vê, ouve e sente. Quando a pessoa é bombardeada de conteúdo sem se preocupar em filtrar o que é consumido e o tempo dedicado às telas, as informações adquiridas vão apenas se acumulando e não se conectam.

“Para além dessa ansiedade de coisas que recebemos diariamente, gastamos grande parte do tempo em contato com conteúdos que não geram elaborações e tampouco promovem o laço com o social, ou seja, vamos nos apartando um do outro e, consequentemente, vamos perdendo a habilidade de nos relacionar”, completa Lígia.

A psicanalista reflete que, antes de pensar no prejuízo causado pelo consumo excessivo de conteúdos considerados ‘fúteis’, o questionamento correto é refletir sobre por qual razão o indivíduo passa tanto tempo em frente às telas.

“Será que temos receio de perder algo? Se não participarmos de alguma trend ou se ficarmos sem saber da última novidade, estaremos de fora? Se pensarmos em uma perspectiva psicanalítica, notamos que vivemos sobre o imperativo do gozo, isso quer dizer que não posso perder uma única oportunidade, preciso estar sempre fazendo algo ou estarei para trás”, explica.

Lígia analisa que, em uma era onde tudo se resume a estar conectado o tempo todo, não é possível fugir da ‘vida’ online, mas é possível aprender a se relacionar melhor com as redes sociais. A melhor forma de fazer isso, segundo a psicanalista, é através do autoconhecimento e avaliando que tipo de conteúdo realmente faz sentido consumir, considerando nossos interesses e limitações.

“O limite não promove apenas uma perda, ao contrário, nos potencializa. Para ganhar, precisar perder, isso significa que não é preciso participar de tudo, nem saber de tudo. Podemos investir naquilo que desejamos e isso implica abrir mão de muitas outras possibilidades que também podem ser interessantes. Talvez sejamos mais bem-sucedidos quando bancarmos o que de fato nos causa desejo e compreendermos que somos seres limitados, o que, a meu ver, promove uma grande liberdade. É um alívio não poder tudo, pois caso pudéssemos, seria a nossa própria destruição”, finaliza.

A psicanalista e psicóloga Lígia Burton comenta sobre os efeitos do Brainrot na sociedade (Foto: Arquivo Pessoal)
A psicanalista e psicóloga Lígia Burton comenta sobre os efeitos do Brainrot na sociedade (Foto: Arquivo Pessoal)

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