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Faz Bem!

Com psoríase, Ingrid fez das redes sociais um diário de aprendizado

Ela tem a doença de pele espalhada por 85% do corpo e usa sua sensibilidade para tranquilizar outros pacientes

Danielle Errobidarte | 25/04/2020 08:10
Ingrid descobriu a doença aos 5 anos de idade e hoje ajuda outros pacientes a se aceitarem através de sua conta no Instagram. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ingrid descobriu a doença aos 5 anos de idade e hoje ajuda outros pacientes a se aceitarem através de sua conta no Instagram. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando tinha apenas três anos de idade, Ingrid Barbosa descobriu que era portadora de uma doença de pele chamada psoríase. Hoje com 23 anos, ela aprendeu a conviver com os olhares de preconceito, pessoas se afastando no ônibus e responder questionamentos inevitáveis sobre sua pele, vindos de desconhecidos. Ela usa o seu perfil no Instagram como um diário de vida, tem paciência para explicar sobre os tratamentos e aprendeu a ajudar outras pessoas através de sua sensibilidade.

Ainda na infância, Ingrid não entendia as lesões na pele e se recorda que as primeiras manifestações da doença foram aos 5 anos de idade, dois anos após começar a ir para escola. Aliado ao fator genético – sua avó tem vitiligo -, o trauma foi explicado pelos médicos como um dos motivos para doença. “Ir para a escola era uma separação “normal”, mas que como eu tinha o fator genético, desencadeou. Na época nenhum médico sabia o que era realmente, falavam em alergia”.

“Quando era pequena não entendia porque era diferente. Teve uma briga na escolinha e a mãe da menina falou para uma amiga minha “pare de andar com essa perebenta!”. Outra vez fui tomar banho de piscina em um parque e as pessoas pediram para me tirar da piscina... Essas coisas acabavam comigo”.

Aos poucos, Ingrid começou uma série de tratamentos que melhoraram os sintomas. Também percebeu que tomar sol, ter uma alimentação saudável e bons hábitos na rotina, ajudam a cicatrizar as feridas. “É como se meu corpo achasse que estou sendo atacada e acaba atacando a pele. Os remédios começam a fazer efeito, eu melhoro, mas depois meu sistema imunológico se adapta, então tenho que ficar trocando de remédio, geralmente são imunossupressores”, relata.

Hoje ela aprendeu a usar biquíni e se livrou de roupas de frio para cobrir o corpo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Hoje ela aprendeu a usar biquíni e se livrou de roupas de frio para cobrir o corpo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Conhecer sobre a doença e contar com a ajuda da família e amigos também foi fundamental para sua autoaceitação. “Minha mãe distribuía folhetos e eu estudava em colégio pequeno. As crianças começaram a me proteger e até hoje meus amigos me “defendem”. Fico com pensamento positivo, sempre pedindo força para não fraquejar”.

A partir dos 18 anos, ela começou a sair com roupas que se sentia a vontade, e deixou de lado as peças de frio usadas para esconder as marcas, mesmo no calor. “Infelizmente querer me encaixar em padrões afeta muito minha autoestima. Tudo que sinto “sai” na minha pele, então como equilibrar se o externo não ajuda?”.

Ingrid descobriu no Instagram (@ingrid_bf) uma oportunidade de levar informação às pessoas sobre sua doença e ganhar a confiança de outras que necessitavam se expressar. “As pessoas se sentem confortáveis para me motivar e contar suas histórias. Recebo muita mensagem de fé. Pensando por esse lado, acho incrível o amor das pessoas em tentar me ajudar”.

“Uma frase que usei num post é “não deixe que intervenções externas mudem seu rumo, só suas decisões devem fazer isso”. E nisso tenho me erguido, pensando mais nas minhas oportunidades e não deixando que o preconceito ou ignorância mude o meu caminho”.

O que é a psoríase? – Convidamos o dermatologista Alexandre Moretti para explicar sobre a doença de pele, suas manifestações e quais tratamentos podem ajudar a amenizar os sintomas.

Ingrid tem 85% do corpo acometido pela doença. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ingrid tem 85% do corpo acometido pela doença. (Foto: Arquivo Pessoal)

Moretti explica que se trata de uma doença de causa desconhecida, mas que o ambiente e fatores externos podem fazê-la aparecer, como no caso de Ingrid. “Existe uma predisposição genética, porém a interferência do ambiente pode fazer com que seja desencadeada. Vários fatores implicam, desde traumas cutâneos (na pele), infecções e até algumas medicações. Existem marcadores genéticos, mas o meio externo e hábitos de vida, como tabagismo, alcoolismo e estresse emocional podem piorar”.

Quanto às formas de manifestação da doença, ele afirma que existem vários tipos de psoríase e apenas um diagnóstico e acompanhamento médico serão capazes de identificar e tratar. “90% dos casos é do tipo placas descamativas no tronco, membros superiores, inferiores, couro cabeludo e unhas. Não, ela não é uma doença de pele apenas, é também sistêmica, porque existem doenças como obesidade, hipertensão e diabetes associadas. Geralmente o paciente com psoríase tem que ser investigado nessas doenças e às vezes só de controle da doença de base, consegue controlar a psoríase também”.

Moretti lembra da importância de um tratamento contínuo. Segundo ele, não existe cura para psoríase, mas os medicamentos imunobiológicos representaram um grande avanço para os pacientes. “São como se fosse uma insulina que o paciente toma a cada mês para manter o controle da psoríase  e mudaram totalmente o tratamento. O problema são os efeitos colaterais, por isso tem que ter monitoramento médico, para ver se não vai ter falta de resposta, o que também pode acontecer, como em todo remédio”.

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