Depois do câncer, Aldenora aproveita cada minuto da vida viajando
Ela retornou nesta semana de uma viagem que fez para Rondônia, mas já planeja comemorar o aniversário nos lençóis maranhense
O câncer é uma doença severa que te faz refletir sobre a vida e a forma que está vivendo. Foi isso que aconteceu com a dona Aldenora de Lima Silva, de 69 anos, que aprendeu a valorizar cada momento do seu dia e hoje passa boa parte do tempo viajando e conhecendo novos lugares. A ideia dos passeios é antiga, e o plano era fazer os trajetos ao lado do esposo. No entanto, ele faleceu, mas deixou na companheira os sonhos e a esperança de dias melhores.
Aldenora relata que combinou de viajar com o marido quando os filhos tivessem crescidos. “O plano era esperar os filhos crescerem e depois viajar bastante porque com criança pequena não dá para sair tanto. Mas, meu esposo faleceu em 1995 de câncer”, lembra.
O falecimento do companheiro a fez entristecer, mas uma amiga que veio de fora incentivou a fazer viagens. “A partir de 1996 comecei a viajar, fui para o nordeste. Minha amiga que veio para me dar apoio, eu precisava dar uma saída e foi maravilhoso. Com o apoio dos meus filhos, algum tempo depois continuei os passeios”, recorda.
As viagens continuaram e tudo parecia bem, até que em 2012 Aldenora descobriu que estava com um linfoma. “Era o câncer e para tratar fiz quimioterapia. Depois disso me curei e resolvi acordar pra vida, porque não adiantar nada ficar apenas guardando dinheiro. Preciso viver e conhecer novos lugares”, conta.
“Tem cinco anos que me curei do câncer. Antes de casar eu era técnica em contabilidade, mas após o casamento fui rainha do lar. Meu marido era do exército, faleceu e sou pensionista militar então tenho meu salário e tinha minha mãe também que me patrocinava, fazia questão de me ver nos passeios”, lembra.
Entre as memórias de quando começou a viajar, Aldenora comenta sobre um pacote que comprou. “Foi a primeira viagem do ano, fui para Ponto Seguro, depois Natal. Gostei de conhecer coisas novas e algum tempo após fui para Bueno Aires. Lá meus compadres me acompanharam, foi lindo e mais barato do que ir para o município de Bonito”, disse.
“De lá pegamos um cruzeiro e voltamos para o Rio de Janeiro, isso tem mais de cinco anos. Lembro-me que em Buenos Aires tinha shows de tango, isso me encantava e desse trajeto paramos em Montevidéu”, relata. “Adoro a natureza, ver o mar. Moro em Campo Grande desde 1972, mas nasci em Rio Branco”, complementa.
Depois que começou a “voar”, Aldenora conta que os filhos, Claudio e Cleidson Lima têm um Museu Videogame itinerante e também visitam vários cantos do país. Quando isso acontece, sempre vai junto, mas o plano não é ajudar no trabalho. “Fui com eles para Natal, Manaus, Belém, Rio, Maceió, onde estiver pode crer que estou junto”, destaca.
A aventureira chegou nesta semana de Porto Velho. “Fui passear com o Cláudio. Ele ficou trabalhando, enquanto eu batia perna. Gosto de tudo, dos animais, do local, de fotografar”, conta. Entre as viagens que mais difíceis para Aldenora, foi a vez que embarcou para Londres. “Rompi essa barreira, tinha receio de ficar mais de dez horas no avião, e fui até convidada para conhecer a Disney, mas não sou criança para ir em parques”, fala.
“Quebrei essa barreira, agora o céu é o limite. Se me chamar eu vou”, brinca dona Aldenora toda sorridente. “Já fui para o Chile em 2016 e amei aquele vale nevado, passei uma semana lá”, afirma.
“Meu marido era transferido. Eu sou de Rio Branco e ele do Pernambuco, morávamos em Rondônia e viemos para Campo Grande. Depois ficamos em Corumbá, fomos Belém então acostumei a andar com ele. Conheço o Brasil quase todo, na região do nordeste está faltando apenas o Maranhão que estarei indo em Julho deste ano. Meu cartão não para é só pagando passagem. Estive em Recife, Porto de Galinhas, Tamandaré”, conta.
Das viagens para o exterior, a aventureira esteve no Chile onde patinei na neve. “Parecia criança, fazendo boneco de neve”, disse. Voltando para o Brasil ela recorda da vez que tirou foto com uma cobra. “Essa foi em Manaus, quando fui ver o encontro das águas de Rio Negro e Solimões. Fizemos uma parada e o dono da cobra me deixou pegá-la”.
Os locais por onde Aldenora passa a encantam, mas ela gosta viajar para cidades diferentes. “Procuro estar indo no novo, mas já retornei a Fortaleza quatro vezes. Lá o que gosto mais é do mar com as águas quentes. Também curto Jericoacoara no Ceará, o pôr do sol daquela região é lindo”.
No mês de julho, dona Aldenora faz planos para celebrar os 70 anos de vida no dia 25, no Maranhão. “Passarei a data nos lençóis maranhenses. Farei uma festa lá e outra aqui”, afirma.
Planos - Apesar de ter viajado para tantos locais, Aldenora relata que deseja conhecer Belo Horizonte, Minas Gerais e Teresina. “Os filhos já estão criados mesmo”, dispara. Ela conta que é Claudio e Cleidson a ajudam encontrar novidades e comprar promoções de viagens pela internet.
Em Mato Grosso do Sul ela revela que conheceu poucos municípios. “Conheço Dourados, Corumbá, Ponta Porã e Campo Grande. A cada dois anos volto para o Acre. A viagem mais cara foi para Londres, mas fiquei pagando um pacote mensal durante um ano”, disse. E apesar de viajar com frequência, Aldenora afirma que é controlada quando o assunto é dinheiro.
“Controlo minhas contas. Estou dentro do meu salário, nunca estourei o limite do cartão. Não faço planejamento das viagens antes, mas sei até onde posso ir. Depois do câncer minha lição foi de dar valor a vida e a família”, destacou.
Os planos de Aldenora para esse ano é continuar viajando e quem sabe até conhecer o papa Francisco. “Estou com um projeto, preciso ir para a Itália, quero conhecer a Roma e ir ao Vaticano para tentar ver o papa de perto”, finaliza.