E quando você ouve: "Não posso te dar emprego, porque você é muito gorda"
A recusa para assumir uma vaga de emprego devido ao peso foi um basta para a professora Alzemar Canuto. Simpática e sorridente, só ela sabia o que significava aquele momento. Alze, como é chamada, não tem ideia de com chegou aos 128 quilos, mas a imagem que tinha de si mesma precisou passar por uma transformação.
“Eu sempre fui cheinha desde criança, mas após a minha gestação eu tive um distúrbio hormonal e foi onde eu comecei a engordar desesperadamente. E quando eu me olhava no espelho, eu me sentia mal, sofria. Às vezes, eu chegava em algum lugar e as pessoas me olhavam dos pés a cabeça devido ao meu tamanho.
Eu chegava nas lojas e era cada roupa linda, que eu sonhava em usar, mas não tinha no meu tamanho e eu também ficava chateada. Chorava, sozinha às vezes. Não que eu não tentasse emagrecer, eu tentava. Fiz vários tratamentos para o que eu chamo de ‘mudar minha vida, mas tive que convencer o endocrinologista, porque eu não tinha bons resultados.
Não era preguiça, não era má vontade, era desesperador. Um dia, eu fui até uma escola levar um currículo. A entrevistadora gostou, conversou comigo, mas me disse que teria problemas em me contratar pelo fato de eu ser gorda. Ligam o gordo a doença, à preguiça, ao relaxismo. E não era isso. Quando fui encaminhada para a cirurgia, eu vi que minha vida poderia mudar com a ajuda da equipe”.
Alzemar é divertida, leva a vida ‘nova’ com muito bom humor, apesar de saber das dificuldades que já enfrentou. Desinibida, os olhos dela parecem sorrir quando fala do peso eliminado. “Já foram 45 quilos e a Mariana, minha nutricionista, fala que com calma eu chego. Comemoro, mesmo estacionada, nas minhas contas já tinha ido uns sessenta quilos”, ri. No grupo onde ela conta sobre o dia a dia de emagrecimento, as distrações ficam por conta das piadas sobre como o corpo fica depois de eliminar tanto peso.
Se tem quem reclama da barriga, Alzemar não se faz de rogada. “Enrola e passa fita, o importante é se sentir bem”. Se a Alze hoje se sente bem? Para ela, foi renascer. “É uma delícia, vestir uma roupa, andar, não ser apontada. Agora, em agosto faço um ano, daí é a vez de fazer as plásticas. É uma nova vida. É uma superação”.
Fotos de quando tinha quase 130 quilos, ela não tem muitas, nem na página no Facebook. Agora, ela já se arrisca até a fazer fotos em frente ao espelho. “A Mariana, nutri quem guarda a ‘última’ da velha Alze, agora eu tiro várias fotos da nova. Cada dia uma conquista, é uma delícia, não por emagrecer, mas por cuidar de mim, por ter uma nova fase de aceitação, de saúde, e de me superar”.