Em aula ao lado das mães, pequenas bailarinhas dão as primeiras piruetas
As aulas começam quando a música dá as primeiras notas. A contagem 5,6,7 e 8 da professora é substituída pelos passinhos rumo ao abraço e bom dia coletivo. As pequenas bailarinas, entre 2 e 3 anos, têm, na aula "mom and me", a experiência de aprender a ficar na pontinha dos pés de mãos dadas com as mães.
Nos 60 minutos de aula no espaço de dança Selma Azambuja, em Campo Grande, as crianças realizam os exercícios junto das mães. De collant, meia calça rosa e sapatilhas que medem um palmo, elas arrancam aplausos a cada passo e são a prova de que a graciosidade das bailarinas no palco pode começar desde a infância.
"Todo mundo na pontinha do pé", pede a professora Selma. Os pezinhos, de pronto, obedecem e saltam até o centro da sala. "Vamos sentar como bailarina e ver se o tempo está bonito?" continua e as alunas se sentam devagar em cima das perninhas. Ao olharem se o céu está azul, como orienta Selma, elas já começam a se alongar, sem nem saberem o bem que estão fazendo ao corpo.
Lúdica, a aula conta uma história. Depois de ver o tempo lá fora, as crianças plantam uma sementinha, molham com um regador, veem as frutas crescendo até a colheita. Por fim, saem em círculo, uma atrás da outra, com as cestinhas cheias de frutas. Tudo o que a professora faz, bailarina e mãe repetem em frente ao espelho.
Com dados de feltro, elas simulam pedras no caminho por onde terão de pular uma por vez. "Caminhando na pontinha do pé e pula a pedrinha, pula um pé e depois o outro. Isso, mãozinha na cintura. Palmas", narra a professora.
Em círculo, as pequenas batem as pernas como se fossem as asinhas das borboletas, é a maneira mais simples e dócil de ensinar uma das posições de chão que elas mais repetirão nas aulas.
Boa parte das meninas ali ainda não vão à escola e as aulas de balé são a oportunidade de estimular a interação social. Fisioterapeuta, Karmelina Farias, de 37 anos, faz aula junto da filha Maria Eduarda, de 2. Em pouco mais de dois meses de aula, ela já vê os reflexos em casa.
"Ela gosta, acorda e já pergunta se é dia do balé. Achei que ela está mais disciplinada, aprendeu quando é a hora dela fazer e quando esperar. Além da postura e do alongamento, ela fica batucando em casa com a colher", descreve.
O batuque é sinal de que a musicalidade exercida em sala está sendo levada para a casa. No decorrer da aula, Selma prepara parezinhos entre mãe e filha para juntas tocarem chocalho. "É tudo de bom, fora que é lindo elas fazendo exercício", pontua Karmelina.
A postura de Mirela Azevedo Nogueira Cavalcante, de 33 anos, ao lado da filha Eloísa, de 3, anuncia os anos de pés esticados da mãe. Bailarina por duas décadas, resolveu introduzir a filha no mundo da dança pela experiência própria e também atendendo ao pedido da filha. "Como ela já via as primas mais velhas me pedia, quero fazer balé, quero fazer balé", relata.
Na avaliação dela, o exercício é completo e trabalha, postura e a coordenação psicomotora. Até completar 4 anos, Eloísa vai fazer as aulas ao lado da mãe, mas só por enquanto. "Como ela é muito novinha, nesse início ainda precisa da gente, mas daqui uns dias ela já está sozinha", admite Mirela.
A aula "mom and me" foi trazida por Selma dos Estados Unidos, logo depois que ela conheceu o método em Orlando, há três anos. "Me encantei, porque além das crianças trabalharem expressão corporal e equilíbrio, tem um momento muito especial que é a troca de afeto, de carinho", explica.
A partir da brincadeira as meninas começam a ter disciplina e saber esperar sua vez. Em sala de aula, Selma consegue, através de uma sequência de história, tirar o movimento das crianças. As aulas são de 2 a 3 anos, acima dos 4, as meninas já podem começar o baby class, sem a mão das mamães e sozinhas nas pontas dos pés. O estúdio de dança fica na rua Jeribá, 866, no Chácara Cachoeira.