Esqueça seu "dedo podre", ele não tem culpa dos seus problemas, diz psicóloga
O Dia dos Namorados é também uma hora difícil para quem está só ou vive um relacionamento amoroso à beira do abismo. Daí, vem à cabeça algumas tentativas de explicar as frustrações no amor, como o famoso "dedo podre" para suas escolhas e amores que não deram certo na vida. São 20 anos de profissão ouvindo pacientes reclamarem da sua arte de escolher a pessoa errada e sofrer com a solidão que fizeram a psicóloga Estefânia Sarubbi, levar os questionamentos do divã para o público.
Psicóloga, psicanalista, mestre em Psicologia da Saúde e coach internacional, Estefânia é enfática ao dizer que ausência de alguém para se relacionar não são influenciadas pela má sorte ou dedo podre como tornou-se no senso comum. Por trás de cada escolha na vida, há uma fundamentação com base em vivências anteriores que de alguma maneira estão conectadas com o presente.
“As escolhas das pessoas, muitas vezes, são inconscientes, mas elas surgem de histórias que foram fundamentais na nossa vida. Temos uma bagagem de vivência emocional e essas vivências nos marcam. No entanto, normalmente, não temos consciência disso”, explica a psicóloga.
E nesse é período, mais romântico do ano, é que na maioria das vezes o tormento de quem está sozinho aumenta, lembra Estefânia. “Aumenta a baixa autoestima, a pessoa passa a não se sentir amada e vem a tristeza ao olhar ao redor e ver que tudo respira o Dia dos Namorados. O shopping está cheio de coração, a programação é para casais e os amigos estão curtindo a data”. O mais grave, na avaliação dela, é quando surge o quadro depressivo. “Por isso é necessário que o emocional seja trabalhado e mais do que isso, é preciso autoconhecimento para entender que não existe o dedo podre”.
Mas qual o problema? A grosso modo, Estefânia cita alguns exemplos de escolhas que durante um processo de avaliação sobre vivência e passado, descobre-se que a escolha da pessoa tem base numa vontade de preencher um espaço que muitas vezes ficou vazio lá atrás.
Um exemplo clássico é a pessoa que só busca ou se relaciona com pessoas indisponíveis. “Muitas vezes, lá no passado do paciente, houve muitas pessoas indisponíveis emocionalmente. Ela pode, por exemplo, ter vivenciado uma indisponibilidade afetiva de pai e mãe, não se sentia amparada e ao longo da vida isso foi acompanhando. Então é interessante observar quando essa pessoa é carente e clama por atenção”.
Em outro momento, em um caso mais específico, uma pessoa se questiona porque só relaciona com alguém que tenha dependência, por exemplo. Nesse caso, as respostas também podem estar no passado e faz-se necessário uma trajetória de autoconhecimento. “Se sondar da história desta pessoa, em alguns casos, algum membro da família já viveu um momento ruim com a dependência, também pode haver uma vivência dentro dela ou simplesmente o desejo de salvar alguém nesse mundo. Essas questões também estão muito relacionadas com o desejo de ser amada e ser aceita”.
Muitas vezes, homens e mulheres até fazem uma boa escolha, mas se conhecem tão pouco, que deixam as relações intoxicadas de histórias anteriores ou transportam carências do passado para o relacionamento afetivo. “Eis que surgem os ciúmes excessivos, o descontrole e a infantilidade, que muitas vezes, é o desejo de alguém que venha para preencher os buracos que ficaram lá na época da infância”.
Mas como desacreditar no dedo podre? A resposta está no autoavaliação. “Quando falo de escolhas, eu não falo de consciente. Por isso o primeiro passo é autoconhecimento sobre história afetiva e emocional que me constitui quanto a um ser relacional, saber o que busco nas minhas relações e só então começar a entender o que realmente me faz bem. É importante também fazer uma avaliação do que funcionou ou não nas relações anteriores. As pessoas não se avaliam”
Por isso Estefânia resolveu levar à público as questões que surgiram no consultório ao longo dos anos, com intuito de desmistificar o dedo podre e mostrar às pessoas que todos podem fazer uma escolha certa, porém basta se conhecer. “Nem sempre a pessoa que eu mais preciso emocionalmente, é quem realmente vai me fazer feliz. Às vezes, isso pode ser uma furada. Porque um bom amor para viver pode ser mais tranquilo”.
Uma palestra, no dia 19 de junho, será o pontapé para quem está em busca desse autoconhecimento para se livrar da tristeza, principalmente, no Dia dos Namorados. “É uma data que você pode ser feliz sozinho ou acompanhado. Não vou dar a solução para todos os problemas, mas vou despertar o desconhecido que é a necessidade do autoconhecimento. E a partir do momento que a gente se conhece, tomamos conta daquilo que realmente queremos e desejamos para ser feliz”.
O ingresso para a palestra "O amor que você deseja é uma questão de escolha" custa R$ 22,00 e pode ser adquirido no link, clique aqui.