Felicidade não tem receita pronta, mas vira disciplina para ser estudada em sala
A abordagem que estuda felicidade e inteligência emocional chega pela primeira vez à universidade pública em MS
A busca pela felicidade é uma constante para muitas pessoas e, nesse caminho, há adversidades que afetam cada um de um jeito ao longo da vida. Inspirada nas universidades de Harvard e Yale, a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) passa a oferecer, neste primeiro semestre de 2019, a disciplina optativa de Felicidade e Inteligência Emocional, para dar aos alunos condições para enfrentar as adversidades tanto na vida acadêmica, quanto na pessoal.
A disciplina Felicidade chegou às universidade públicas brasileiras no meio do ano passado. A UnB (Universidade de Brasília) foi a primeira a abrir as portas para a abordagem de estudo da felicidade. Em Mato Grosso do Sul, as aulas serão ministradas pela psicóloga Sálua Omais, mestre em Psicologia da Saúde e Saúde Mental, na Faodo (Faculdade de Odontologia).
Sálua explica que elaborou o projeto que leva o estudo da felicidade para o ambiente acadêmico no fim do ano passado e ofereceu à UFMS. Além dos assuntos que já estão sendo tratados nas disciplinas sobre felicidade em outras universidades, foram acrescidos tópicos do que ela vem trabalhando há três anos na área de psicologia positiva, em Campo Grande.
“A disciplina foi inspirada na matéria criada em Harvard. Eles perceberam que havia essa necessidade do público acadêmico. O acadêmico, por mais que ele esteja em uma universidade para se profissionalizar, para seguir uma carreira, se o lado emocional dele não estiver bem preparado, não vai ter estímulo nem para prestar atenção na aula e ter um desempenho acadêmico adequado”, explica a psicóloga.
Foram disponibilizadas 120 vagas, sendo a maioria para os alunos do curso de Odontologia e todas já foram preenchidas. As aulas serão realizadas uma vez por semana, às sextas-feiras. “Vamos provocar reflexões neles. A felicidade, nós sabemos que para cada um tem a sua forma e não dá para determinar um padrão de felicidade. Essa não é a proposta. A proposta é explorar o tema”.
De acordo com Sálua, o curso começa com o tema felicidade e entre os tópicos abordados estão os mitos da felicidade, emoções positivas, como funciona a parte fisiológica das emoções, o impacto das emoções positivas no corpo, relacionamentos positivos, engajamento e motivação.
A psicóloga diz que a maioria das pessoas supõe que felicidade não precisa ser aprendida e um dos objetivos da disciplina é trabalhar com a realização humana, com o valor e propósito de cada um em um nível de bem estar duradouro.
“Nós não vamos ensinar como ser feliz, mas sim, mostrar os elementos que podem contribuir para uma felicidade mais duradoura, e o bem estar a longo prazo. Tem a felicidade imediata, da diversão, da gratificação imediata e a felicidade que é duradoura. Passa os anos e você continua desfrutando do sabor da sua vitória das suas conquistas”.
Também são discutidos assuntos como garra, como trabalhar a persistência, otimismo e a resiliência para os estudantes suportarem as frustrações. "Por exemplo, no caso de o aluno ter dificuldades na parte acadêmica. São frustrações e eles precisam saber lidar com isso. Também o sentido e o propósito. Por que eles estão lá? Porque alguém mandou? É preciso desenvolver um propósito de vida mais profundo com eles”.
Sálua destaca que pesquisas apontam que a frase “como ser feliz” possui grande número de buscas no Google. Segundo a psicóloga, muitas pessoas entram no processo de tristeza crônica, depressão, por diversos fatores, mas também muitas vezes porque possuem uma expectativa de felicidade muito maior do que a realidade, e isso leva a frustrações.
“Por mais que não seja receita de bolo, vamos trazer os pilares de como eu posso construir a felicidade. A psicologia positiva faz com que a pessoa desperte o seu potencial. Quando ela está em uma fase deprimida ou com ansiedade, ela geralmente está com baixa autoestima levando para um sentimento de impotência, 'de não sou capaz'. Quando reforçamos os talentos, ela começa a encontrar o que há de bom dentro dela e começa a ter uma perspectiva melhor de futuro”.