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Gritar em saco ou rugir como leão extravasa raiva e ajuda pais e filhos em casa

Sete pais e seus filhos participaram da oficina de Roda da Escolha da Raiva que aconteceu ontem em Campo Grande

Alana Portela | 23/06/2019 10:03
Para saber lidar com as emoções, famílias participaram da oficina de Roda de Escolha da Raiva (Henrique Kawaminami)
Para saber lidar com as emoções, famílias participaram da oficina de Roda de Escolha da Raiva (Henrique Kawaminami)

A raiva é um sentimento comum, porém poucos sabem lidar, principalmente dentro de casa. É normal ter um dia estressante e ficar irritado. Quem nunca? Mas, tem de estar atento para não descontar o mau humor nos filhos, pais ou quem estiver mais próximo. Para isso, existem alguns meios de extravasar essa emoção, e um dos jeitos mais simples é voltar à época das cavernas e gritar como Tarzan ou rugir como leão.

“Gritar é uma ação e uma forma de canalizar a dor. Pode usar um saco de papel para extravasar, o barulho é abafado. Já as crianças gostam de rugir como leão, pois querem mostrar a raiva deles, assim vão conseguir pensar melhor. Com criança a gente trabalha com estratégias mais lúdicas para controlar o sentimento, então em vez de falar o que não pode fazer é melhor direcionar para o que pode ser feito”, explica a educadora parental de Disciplina Positiva e Comunicação não Violenta, Ariane Oshiro.

No sábado (22), na oficina Roda de Escolha da Raiva, em Campo Grande, Ariane se reuniu com sete pais e oito filhos para ajudá-los a lidar com a emoção. “Uma forma de controlar a raiva é validar o sentimento e canalizá-lo. A gente vira uma bomba-relógio porque vai acumulando raivas e explode nas pessoas mais próximas”, disse.

Se estressar, ficar irritado e raivoso não é problema, mas é preciso se certificar que a sua ação não reflita de maneira negativa nas pessoas a sua volta. “Temos células espelhos, todos repetem o que está acontecendo”, falou.

Arielle Oshiro organizou o evento e deu dicas de como canalizar a raiva (Henrique Kawaminami)
Arielle Oshiro organizou o evento e deu dicas de como canalizar a raiva (Henrique Kawaminami)
Fabrício fala sobre a importância de moldar o caráter do filho na infância (Henrique Kawaminami)
Fabrício fala sobre a importância de moldar o caráter do filho na infância (Henrique Kawaminami)

O gestor de cooperativas, Fabrício Rodrigues é pai do Pedro, de 2 anos, e participou da roda de conversa. Ele relata que o filho é temperamental e, às vezes, fica muito agitado, mas precisa ajudar a si mesmo, para então conseguir ensinar ao pequeno o que pode ou não fazer no momento de fúria. “Quero evitar que a gente o transforme em uma criança agressiva, e antes que a gente repita alguns modelos que aprendemos com nossos pais, de bater, gritar, resolvemos buscar essa troca de experiência”, disse.

Fabrício ao lado da esposa, que está segurando o filho Pedro (Henrique Kawaminami)
Fabrício ao lado da esposa, que está segurando o filho Pedro (Henrique Kawaminami)

Ele conta que o trabalho toma seu tempo e por causa da correria, acaba não dando a atenção necessária ao Pedro. “Tem dia que ele está mais agitado, mas o problema maior está na gente, com essa carga de trabalho, correria e por isso, faz coisas para chamar atenção. Estamos com essa busca de nos conhecermos como pais e dar atenção, no tempo devido”.

Fabrício afirma que é na infância que se molda o caráter dos filhos. “Moldamos a característica que ele vai adquirir. Quando criança, se o pai grita, bate isso gera consequências na fase adulta e essa pessoa pode se tornar agressiva. Entendo que a violência não é algo positivo, mas que pode sentir raiva, medo, porém que saiba lidar com isso”, afirma.

Natallie fala sobre o temperamento dela e dos filhos  (Henrique Kawaminami)
Natallie fala sobre o temperamento dela e dos filhos (Henrique Kawaminami)
Natallie ajudando o filho a preencher a lista que pode fazer em momento de raiva (Henrique Kawaminami)
Natallie ajudando o filho a preencher a lista que pode fazer em momento de raiva (Henrique Kawaminami)

Natallie Hiratsuka é terapeuta floral e mãe de dois filhos, Kenzo 4 anos e Kody 2 anos. Ela é solteira e precisa conciliar o trabalho, casa, filhos e ainda ter tempo para si. Não é fácil e, de vez em quando, ela conta que desaba em lágrimas. “Tem dias que só quero pedir demissão do cargo de mãe e não fazer nada, quando isso ocorre recorro a disciplina positiva ou à comunicação não violenta e peço desculpas a eles, explico o que está acontecendo de forma que eles possam entender. Estava cansada, nervosa e comecei a chorar. O Kenzo perguntou o que era e me disse que quando chora as coisas melhoram”, contou.

Pais e filhos criaram uma roda lista do que podem fazer quando estiverem nervosos (Foto: Henrique Kawaminami)
Pais e filhos criaram uma roda lista do que podem fazer quando estiverem nervosos (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela relata também que os dois filhos tem temperamentos diferentes, enquanto o Kenzo é mais calmo, o Kody é explosivo. “Tem dificuldade de lidar com algumas emoções e gostaria de entender e lidar com isso, de forma diferente. Como o maior verbaliza, é mais fácil, porém o menor não, então se joga, chora. Vim à oficina para aprender a lidar comigo e ajudar eles”, disse.

Pamela Castro é doula tem uma filha e também esteve na Roda de Escolha da Raiva. Ela se vê como o espelho da criança. “Nem sempre consigo me manter tranquila, às vezes grito, falo mais alto do que deveria e depois quando ela se irrita, faz as mesmas coisas que eu fiz. Sou espelho e preciso aprender ferramentas para me acalmar também”, finaliza.

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Natallie ao lado do filho Kenzo (Henrique Kawaminami)
Natallie ao lado do filho Kenzo (Henrique Kawaminami)
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