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Grupo reclama que já é hora da rede de saúde aprender a lidar com as lésbicas

As meninas compartilharem histórias sobre homofobia, saúde sexual, invisibilidade lésbica e heterossexualidade compulsória

Thailla Torres | 20/12/2017 07:07
Grupo se reuniu em uma praça da cidade para trocar informações.
Grupo se reuniu em uma praça da cidade para trocar informações.

O assunto surgiu entre meninas que compartilham do mesmo problema: o preconceito e a invisibilidade de lésbicas e bissexuais na sociedade.  A preocupação com o assunto e a necessidade de informação quanto aos direitos, acabou incentivando o tema "Relacionamento entre mulheres" para um bate papo descontraído promovido pelo Coletivo Feminista Lídia Baís.

Cerca de 10 meninas se reuniram para compartilhar histórias, dúvidas e relatos do cotidiano que tratam sobre lesbofobia e, principalmente, de saúde sexual. 

O bate papo durou cerca de 2 horas, com público entre 18 e 39 anos. Uma das organizadoras é a profissão do Marketing Camila Schmitz de Leon, de 23 anos. "Depois de entrar para o coletivo e ver a iniciativa de outras mulheres em Campo Grande. A nossa proposta é incentivar a união entre as lésbicas. Com intuito de colaborar, desabafar e juntas lutarmos pelos nossos direitos. E desconstruir um medo e uma cobrança que as vezes vem da rua ou até mesmo de casa".

Um dos grandes problemas é o acesso à saúde. A maior dificuldade entre as meninas é o primeiro contato com o ginecologista, depois de assumir a sexualidade. "Tive uma dificuldade enorme de ir ao ginecologista quando comecei a ter relação com mulher e isso é muito constrangedor. Porque ao chegar no consultório, está pré-determinado que a gente tem uma relação sexual com homem. Nunca é perguntado se você transa com homem ou mulher. E quando você diz que é lésbica, eles pulam qualquer parte sobre a proteção e a gente fica sem tem onde buscar esse conhecimento", conta Camila.

Daniella ajudou nas discussões sobre saúde sexual para as meninas.
Daniella ajudou nas discussões sobre saúde sexual para as meninas.
Grupo se reuniu pela primeira vez no último fim de semana.
Grupo se reuniu pela primeira vez no último fim de semana.

Aluna de Medicina, Daniella Jennings, de 22 anos, pontua alguns indicativos da falta de preparo na rede pública. "Quando a gente fala de mulheres que se relacionam com mulheres a gente vê uma defasagem em iniciativas como, por exemplo, a elaboração de métodos de barreira para evitar doenças e infecções. Até a falta de acesso à saúde reprodutiva, que é um fator muito degradante no nosso País quando falamos de poder aquisitivo. Isso mostra que não é acessível para o povo e não pode entrar nos planos de qualquer mulher que faz parte dessa minoria", pontua."

Por isso, muitas mulheres, de forma equivocada, acreditam que por se relacionarem sexualmente com outras mulheres não precisam cuidar da saúde. "Porém, o fato de ser lésbica ou bissexual não impede e nem restringe o cuidado que se deve ter em relação ao câncer de colo de útero, câncer de mama ou DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis)", alerta Daniella.

Outra cobrança é sobre o preparo dos profissionais, na hora de uma consulta de rotina. "Geralmente eles não conversam com a gente. Eu tive uma dúvida se eu precisava fazer o preventivo ao me relacionar com mulher. Mas nem isso os médicos falam com clareza na hora da consulta", diz.

Mas o alerta é para que exames de rotina, aplicação de vacinas, acompanhamento de alguma doença crônica ou simplesmente uma consulta periódica para tirar alguma dúvida é fundamental para qualquer mulher que deseja levar uma vida saudável, livre de doenças ou desconfortos, independente da orientação sexual.

Aos 19 anos, a acadêmica de Arquitetura Flaviane Nantes, decidiu procurar um novo profissional, diferente daquele que sempre foi sugerido pela mãe. "Eu ia na mesma ginecologista que fez o meu parto e também atendia minha mãe. Então sentia vergonha de falar e desde que comecei a me relacionar com mulher, evitei ir. Então acabei encontrando profissional super bacana, que atende várias mulheres lésbicas e isso me deixou mais à vontade".

Mas pontua a falta de preparação do mercado quando o assunto é métodos de prevenção. "O mercado não tem nada para oferecer pra gente. Imagina só, cortar a camisinha masculina e colocar no dedo? Quem faz isso? Ou seja, é necessário pensar no desenvolvimento de um produto específico pra gente".

Quem quiser participar do Coletivo Feminista Lídia Baís, as reuniões serão agendadas pelas redes sociais conforme sugestão de mulheres. Basta acompanhar pela página do coletivo no Facebook.

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