Lidar com a dor do parto depende da preparação durante a gravidez
Um dos assuntos que mais me perguntam é sobre a dor do parto. Como é a dor, quanto tempo dura, quanto dói, será que eu aguento?
A verdade é que não há resposta exata para essas perguntas. Nós mulheres somos muito diferentes umas das outras, o limiar de dor de cada uma varia muito e, no final das contas, a percepção da dor de cada mulher vai depender diretamente de como está o seu estado psicológico no momento.
Uma mulher que se prepara durante a gestação, tem chances muito maiores de conseguir lidar com esta dor durante o parto com mais facilidade, afinal o parto está entre as orelhas.
O medo é o que mais atrapalha, e este medo geralmente é causado pelo desconhecido. Quanto mais a mulher se informa, mais ela entende que não há motivos para ter medo. Entende que estando bem amparada com informações embasadas cientificamente e com uma equipe que a respeita ela estará segura.
É preciso separar dor de sofrimento e entender bem a diferença entre essas duas coisas. Quando uma pessoa se prepara pra correr uma maratona ela sabe que vai ter dor, que vai ter câimbra, que vai ter horas que ela vai querer desistir. Porém, ela tem um objetivo em mente e sabe que uma hora vai cruzar a linha de chegada e aquilo tudo vai acabar. Se todo este esforço foi feito por vontade própria esta pessoa não está sofrendo, mas sim conquistando algo que muito almejou. Percebem a diferença?
O mesmo se aplica para o parto. Uma mulher que quer parir se prepara durante a gestação, aprende técnicas não farmacológicas de alívio de dor, tem suporte físico e emocional durante o trabalho de parto e portanto provavelmente vai sentir dor sim, porém não estará sofrendo. Ela sabe o caminho que está percorrendo, sabe porque está ali e sabe que uma hora ela vai cruzar a linha de chegada.
Não são todas as mulheres que sentem dor. Algumas delas chegam na maternidade achando que estão entrando em trabalho de parto e o bebê nasce logo em seguida. Outras nem conseguem chegar na maternidade a tempo!
Como doula eu acredito que esses casos se devem ao estado emocional da mulher. Acredito muito que mulheres que não têm medo da dor do parto tendem a ter partos mais curtos e menos dolorosos.
Entenda uma coisa, as contrações vêm e vão, não é uma dor contínua. O intervalo entre elas é zero de dor, as mulheres chegam a cochilar nesse intervalo e recarregam um pouco de suas energias.
A sensação de dor se intensifica se a mulher está com medo, pois seu corpo todo fica tenso. Por isso a importância de uma boa massagem ou banho quente durante o trabalho de parto. Isso tudo alivia muitas das tensões no corpo da mulher.
Outra coisa que piora a sensação de dor é a desidratação e fraqueza, por isso, mantenha-se muito bem hidratada e alimentada durante o início do seu trabalho de parto, pois conforme as coisas forem se intensificando você não vai aceitar comida ou bebida, e se você não comeu e bebeu bem no início o seu corpo não terá energias para aguentar até o fim.
Mas a principal dica que eu deixo é, informe-se e acalme-se. Parir é fisiológico, o corpo da mulher foi estruturado para isso. Ampare-se de uma equipe competente e que respeita às suas vontades e tudo vai ficar bem. Munida de muita informação e uma boa equipe a dor do parto vai ficar de escanteio entre as suas preocupações.
*Carla Rodrigues é mãe de Isac, de 2 anos, além de doula, educadora perinatal, massoterapeuta e administra o espaço para gestantes Laço Materno, dedicado a repassar informações sobre cuidados de mães, gestantes e bebês.