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Mãe e pai sagrados uma ova, família também precisa ter limites

Convidamos uma psicóloga para falar sobre as dificuldades e importância de respeitar a si e aos outros

Aletheya Alves | 04/03/2023 07:20
Estabelecer diálogos e limites entre família, amigos e colegas é necessário. (Foto: Alex Machado)
Estabelecer diálogos e limites entre família, amigos e colegas é necessário. (Foto: Alex Machado)

A ideia de que família é sagrada pode gerar receios na hora de entender que todos precisamos de limites para manter o respeito mútuo.  Seja com pai, mãe ou qualquer outro parente, por vezes é preciso dizer “não” e delimitar até onde cada um pode ir.

Pensando nesse assunto que afeta diretamente a saúde mental, convidamos a psicóloga Talita Akamine Silva Moreira para explicar sobre a importância da discussão. Atualmente, ela cursa o mestrado em Psicologia pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), além de possuir pós-graduação em Psicanálise e Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Iniciando a discussão, Talita explica que a palavra “sagrada” se encontra em um contexto histórico antigo envolvendo o conceito de família, ainda estruturado pelo patriarcado. Um dos pontos primários é que, de acordo com a psicóloga, cada geração possui contextos diferentes, sendo que atualmente a sociedade vive um movimento de diversidade que considera a singularidade de cada um.

Na prática, as dinâmicas em que estamos vivendo mostram cada vez mais sobre a necessidade do respeito estar presente em todos os âmbitos. Apesar desse fluxo, a psicóloga comenta que desenvolver essas conversas pode ser difícil.

“Desenvolver essas conversas não é nada fácil para pessoas que apresentam características submissas, comportamentos que representam níveis de insegurança e temem um rechaço da outra parte. Por isso a importância do acompanhamento psicológico para auxiliar nesse aspecto e tantos outro”, diz Talita.

Muitas vezes, dar início a conversas pode ser difícil. (Foto: Alex Machado)
Muitas vezes, dar início a conversas pode ser difícil. (Foto: Alex Machado)

Ainda sobre o processo de autoconhecimento, ela narra que o amadurecimento emocional integra as estratégias para lidar com a dificuldade de colocar os limites. “É preciso dizer, não! É preciso respeitar a si e aos outros”.

Entre as situações vistas comumente em que há imposição de limites na família, Talita exemplifica situações que surgem a partir do choque de gerações. Nestes casos, muitas vezes há receio de expor as ideias e desejos de quem está sofrendo com os episódios.

“As ‘brincadeiras’, falas preconceituosas e pejorativas afetam diretamente o estado emocional do indivíduo. ‘Brincadeiras’ ligadas a padrões estéticos, gênero e orientação sexual, entre outros, são ligadas ao preconceito e autoritarismo de quem está proferindo as falas. De brincadeira não tem nada”, comenta sobre um dos exemplos.

Outro ponto de interferência comum, conforme a psicóloga comenta, é a dos pais nas escolhas dos filhos. Seja dizendo que precisa fazer determinado curso porque toda a família está na área, determinando com quem irá namorar ou em quem irá votar, Talita explica que tais falas não respeitam a individualidade.

Por outro lado, ela lembra que os filhos também passam dos limites com os pais e avós, interferindo diretamente em suas escolhas e opiniões. E, além do núcleo familiar, os limites também precisam ser estabelecidos entre amigos e colegas de trabalho.

De todo modo, o respeito precisa ser mantido ao lado da empatia. (Foto: Alex Machado)
De todo modo, o respeito precisa ser mantido ao lado da empatia. (Foto: Alex Machado)

“Sinalizar barreiras, por exemplo, ‘’entendo que esteja preocupado com meu futuro profissional, porém gosto de tal área, me vejo exercendo tal profissão e gostaria que respeitasse a minha escolha’’, ‘’você já parou para pensar como me sinto quando você fala isso? ’’, ‘’somos amigos, porém quero que respeite o limite em nossa relação’’, são alguns modos de dar início a essas conversas”, sugere Talita.

Completando a discussão, ela argumenta que dialogar sobre as diferenças, mantendo o respeito e a empatia tem de ser construído diariamente entre os grupos. “Conflitos agressivos tendem a gerar mal-estar e estresse, por isso a importância de separar o que é meu e o que é do outro. O que o outro diz refere muito mais sobre a pessoa que está falando do que de quem está recebendo”.

Diante disso, o Lado B quer saber: você sente dificuldade de impor limites à família para que ela te respeite? Responda sim ou não, e comente nas redes sociais sobre qual é a sua maior dificuldade com a família.

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