Mulheres ganham flores para regar e se reconectar com os sonhos perdidos
Elas participaram a "Oficina de Sonhos", onde aprenderam sobre a importância do autoconhecimento e de afastar a negatividade
Sonhos agora são como flores para as integrantes do GMUNE (Grupo de Mulheres Negras Em Ação da Comunidade Tia Eva). Para elas, vasos que ganharam no fim de semana serão a chance de se reconectar com antigos projetos. “Vou plantar e regá-la. É uma forma de estar alerta aos meus projetos. Vou ter contato direto e observar a ligação entre ela e eu, porque enquanto ela estiver florescendo, também estarei”, diz Odete Cardoso.
Ela é advogada e faz parte da coordenação do GMUNE. Durante a “Oficina de Sonhos”, ela ganhou uma plantinha, mas também aprendeu a não exigir demais de si mesma. “Tenho que dar continuidade e ter paciência comigo, pois me cobro muito e atropelo as coisas. Isso também cansa, é uma cobrança suicida”.
Odete é uma pessoa ansiosa e passou a meditar em 2016 para controlar o nervosismo. “Estava estudando para a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), procurei mecanismos para me ajudar, meditei e fui numa psicóloga. Com isso, percebi que é minha responsabilidade, que sou eu quem tem de levantar. O pensamento é a chave de tudo”, afirma.
A advogada diz que é preciso se reconhecer como individuo, entender os motivos de estar no local. Ansiedade é o medo de não conseguir resolver, por isso, quando está acelerada ela “cancela”. “Esse comando me dá um ‘up’ quando surge energia ruim. Me senti prejudicada por vários pensamentos negativos que fez desistir e acreditar que não era capaz. O ‘cancela’ é para levantar e seguir em frente. Mas, teremos altos e baixos”, destaca.
Vânia Baptista, 43 anos, é professora e teve uma experiência de autoconhecimento. “Deixamos os sonhos de lado por outros fatores, como família. Porém, o sonho é uma forma planejar o futuro, ajuda a nos conhecermos melhor e a se valorizar mais”.
Para a cuidadora de idosos, Marilza Gomes Martins, a oficina foi uma libertação. Aos 54 anos, ela tinha se prendido a negatividade, mas afirma que de agora em diante, isso não fará mais parte de sua vida. “Foi minha libertação. A gente acha que não dá, mas dá sim. Tem que falar ‘eu consigo’, pois ser negativa traz consequências. Plantei a sementinha da positividade e vou continuar, agora acredito em mim”.
Maria Borges, 57 anos, afirma que nunca desistiu dos seus objetivos, mas viu muitos fazerem isso. “Quanto fui concluir meus estudos já adulta, vi a sala cheia esvaziar por conta da desistência, mas, decidi ir até o final. Hoje meu sonho é ver meus filhos trabalhando para eles mesmos”.
Foram horas de oficina que provocaram a reflexão em cada participante. Ao final, elas receberam um vaso com flor e na frente da turma, agradeceram e falaram o que tiraram de lição. O curso faz parte do projeto voltado para a ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) 5, que é para alcançar a igualdade de gênero e emponderar as mulheres e meninas.
“A ideia é fazer com que a pessoa se reconectasse consigo mesma e a melhor maneira disso, é olhar pra dentro e voltar a sonhar. Com o tempo, a gente deixa os sonhos e o nosso processo de transformação estagna. O sonho transforma e faz com que tenhamos hábito de agir diferente do que vínhamos trazendo. Quando não se sonha fica muito sequinha”, explica a economista, Maria Auxiliadora de Castro Rosa.
Ela faz parte da assessoria de inovação social da prefeitura, junto com Mariana Rondon. Elas ministraram a oficina que propõe mudança com foco nas pessoas. “Organizamos o trabalho com o GMUNE, conversamos e descobrimos um pouco sobre elas. Criamos a metodologia específica para a comunidade e descobrimos que o local já foi mais colorido. As flores representam essa alegria. Elas escolheram levar a flor pra casa para estar perto do sonho e deixar a vida mais colorida”, finaliza Mariana.
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