Na 1ª viagem ao exterior, casal roda 12,9 mil km de carro até o “Fim do Mundo”
Antes de chegar a Ushuaia, na Argentina, Wellington e Driele dormiram em cinco cidades
E aí, vamos para o fim do mundo? Essa não costuma ser uma pergunta frequente, mas para o casal Wellington Araújo Silva e Driele Evelin Santos Vargas Araújo foi a opção para a primeira viagem internacional. De carro, eles partiram de Campo Grande com destino a Ushuaia, na Argentina, cidade considerada a mais austral do planeta (mais ao sul), e a mais próxima da Antártida e, por isso, conhecida por "fim do mundo".
Wellington trabalha como DJ e Driele como assessora jurídica. Juntos há 13 anos, sendo os últimos três como casados, os dois aproveitaram as férias para pôr o pé na estrada, ou melhor, os pneus. O casal saiu de Campo Grande em um Honda Fit no dia 30 de junho e retornou no dia 20 de julho, 21 dias de viagem e 12,925 quilômetros rodados.
A ideia de conhecer Ushuaia partiu de Wellington que teve como inspiração um viajante que está fazendo uma expedição do Ushuaia ao Alaska, em um fusca e na companhia do cachorro. “Nós já tínhamos feitos viagens nacionais de carro como Ilha Grande, Búzios, Santa Catarina e cidades no Estado. Essa foi a primeira vez que saímos do Brasil”, pontua Wellington.
Ainda no Brasil, a primeira parada ocorreu em Foz do Iguaçu. A segunda parada já foi em Buenos Aires, na Argentina. “Até chegarmos em Ushuaia dormimos em 5 cidades: Foz Iguaçu, Buenos Aires, Las Grutas, Caleta Olívia e Río Grande. Passamos por dois países, a Argentina e o Chile”, explica.
Drile acrescenta que a parada mais longa ocorreu em Ushuaia “Ficamos três dias completos”, frisa.
Em meio a tanta novidade, quem atravessa fronteiras também se depara com experiências gastronômicas e costumes nada familiares.
“Os alimentos mais diferentes foram o cordeiro patagônico e uma fidegua (espécie de paella) de barriga de porco, com legumes e cogumelos de pinheiro. O costume mais incomum foi perceber que todo o comércio das cidades Argentinas (inclusive restaurantes), param completamente para a "siesta" após o almoço. O intervalo ocorre entre 13h30 e 16h30, todos os dias. Nesse período, as cidades se tornam um deserto, permanecendo abertos apenas os postos de gasolina e mercados bem grandes”, lembra Wellington.
Nos 20 dias de viagem, o casal perdeu as contas da quantidade de pontos turísticos que conheceram. Outro fato interessante, é que apesar de Ushuaia estar localizada na província Terra do Fogo, o frio é de congelar.
A cidade é muita fria com temperatura média anual de 6ºC; sendo que no inverno a média fica em torno 2ºC e no verão, em torno dos 10ºC. No inverno, nos dias mais gelados a temperatura pode atingir extremos de -20ºC, além disso, os ventos são frequentes aumentando a sensação de frio.
O clima da região também muda a todo instante, podendo alternar entre chuva e sol rapidamente. “A temperatura mais baixa foi em Ushuaia, -4º graus, com sensação de -10°”, lembra o DJ.
Quando se fala em perrengue de uma viagem de carro, muita gente já pensa na gasolina. Mas o casal revelou uma lista de “itens” da aventura. Dificuldade para cambiar dinheiro em espécie e gelo nas estradas que envolvem as montanhas ganharam o ranking.
“Falta de grana em espécie por não conseguir fazer o câmbio, pois levamos todo dinheiro no cartão e até os pneus furados. Tivemos muita dificuldade em colocar as correntes nos pneus para transitar nas rodovias com neve, mas o mais desafiante de todos eles foi a descida pela Rota Nacional 3, na Argentina, entre a cidade de Río Grande e Ushuaia, com várias curvas sinuosas, em meio às montanhas, num frio e neblina intensos. Vários pontos da rodovia estavam encharcados ou com gelo, além dos (raros) acostamentos cobertos por neve. O carro sofreu 'leves' derrapadas por duas vezes”, conta Driele.
O casal lembra que outro susto aconteceu quando não se atentaram à placa na fronteira do Chile e Argentina e passaram direto pela aduana chilena. Eles tiveram de retornar para registrar a saída do Chile faltando 20 minutos para ambas as aduanas fecharem.
Apesar dos contratempos “naturais” de uma viagem inédita. O casal já planeja os próximos destinos. Os gastos ainda não foram contabilizados, mas Wellington e Driele adiantam que não se trata de uma viagem de baixo custo.
O casal pontua que o maior aprendizado foi ver e viver a receptividade dos argentinos e desfazer aquela ideia de rivalidade com 'los hermanos'.