Na Capital, acupuntura pode ser encontrada de forma gratuita na rede pública
Através do SUS, o tratamento é realizado com uso de agulhas, semente de mostarda e ventosas
Com técnicas de relaxamento e para alívio de dores, a acupuntura é oferecida de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Na Capital, os serviços podem ser encontrados no CEM (Centro de Especialidades Médicas) ou em ações esporádicas que ocorrem nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
Enfermeira há mais de 22 anos, Fabiana Cavalcante de Araújo Sanches, de 45 anos, há três anos decidiu se especializar em acupuntura. O interesse surgiu da vontade de oferecer um outro tipo de tratamento para os seus pacientes, de uma forma que eles não ficassem dependentes somente de medicamentos.
“O benefício que vejo da acupuntura é ela não ter restrição de idade, ela não tem contraindicação, ela traz uma forma de entendimento que vai além da doença que a pessoa tem. Então você acaba buscando o equilíbrio energético e isso acaba refletindo no problema de saúde que a pessoa tem”, conta a enfermeira.
Fabiana ainda explica que a técnica de medicina tradicional chinesa vai trabalhar todo o campo energético existente no corpo do paciente. Esse trabalho é realizado através de estímulos feitos em pontos específicos. Nos consultórios da rede pública de saúde, os estímulos são realizados com agulhas, sementes de mostarda e até com ventosas.
“Por isso, a gente fala que trata de uma maneira mais geral, porque não é uma coisa específica que você diz: ‘ah, to com dor no ombro’, daí vai lá e coloca uma agulha no ombro. Nós vamos tratar todo esse ponto energético do por que está dando essa dor no ombro. Por exemplo, a criança não dorme bem, então vamos fazer uma análise com os pais de como está sendo o dia todo dessa criança, o que está causando esse não dormir bem. Não só tratar a dor. Então a lógica de tratamento não seria essa.”
Sem ter contraindicações e restrição de idades, a enfermeira diz que bebês e idosos podem usufruir do tratamento. Inicialmente, o tratamento começa com base nas queixas dos pais, quando são tratadas crianças muito pequenas, e dos próprios pacientes, quando já podem falar por si.
Em uma era que se encontra muitos tutoriais na internet, a especialista alerta para os riscos de se autoaplicar o tratamento sem o acompanhamento de um acupunturista. Fabiana explica que as “receitas” disponíveis nas redes trazem mais prejuízos do que benefícios.
“Por trás do atendimento do colocar, seja da agulha ou da semente, há todo um estudo sobre a questão energética que você está trabalhando ali. Então não é só o ponto, não é só o local, é o para que você está colocando naquele ponto ali. Então não adianta eu falar para você, olha no meio da testa tem um ponto que é bom para a depressão, porque ele por si só não vai fazer efeito, tem todo um conjunto, tem toda uma análise que precisa ser feito. Acaba sendo como ir na farmácia comprar um remédio sem receita: você acha que vai ser bom para o que você tem, sem saber o que você tem”, pontuou.
Para a reportagem, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) explicou que os tratamentos de acupunturas estão disponíveis somente nas redes especializadas de saúde, mas que eventualmente ocorrem eventos nas UBSs que levam até os bairros o serviço. Para que o paciente possa receber esse tratamento é preciso que seja feito um encaminhamento, seja pelo médico ou enfermeiro, para que assim esse paciente possa ser inserido em uma rede especializada.
Foi por meio da recomendação da enfermagem que Giovanni Pereira, de 15 anos, iniciou os tratamentos há três anos. “Ela me deixa mais relaxado, mais calmo e muda completamente no dia a dia. Deixa um pouquinho com sono, mas esse sono é bom, por causa do relaxamento, e tira todo o estresse”, contou sobre sua experiência.
Apesar de já ter ouvido falar do tratamento, a mãe Rose Mary Pereira, de 49 anos, diz que o primeiro contato com a acupuntura veio através do filho. Ainda foi dito que a tranquilidade descrita pelo adolescente foi percebida desde o início. Ela mesma chegou a fazer algumas sessões e viu os seus benefícios, mas não deu continuidade.
Rose também relembrou que quando o filho iniciou os tratamentos foi por conta de uma obesidade que tratava e de sua hiperatividade. Atualmente, ele segue fazendo terapia, mas afirma gostar mais da acupuntura.
“Por ele pedir, eu faço um sacrifício, porque é longe de onde eu moro. Moro aqui no Santo Amaro e onde ele faz é lá na Manoel da Costa lima. De moto é quase meia hora, para ir e para voltar, então faço isso porque ele pede, porque ele gosta e eu sei que faz bem para ele”, contou a tesoureira.