O que eu, uma pessoa sedentária, aprendi em 1h15 de aula de dança stiletto
Nossa repórter fez uma aula do estilo reproduzido pela divas pop sobre salto alto
Roxo no joelho e muito suor foram só algumas das coisas que ficaram depois de 1h15 de aula de stiletto. A experiência foi totalmente nova para mim, uma pessoa sedentária, um tanto quanto tímida e com pouca noção do próprio corpo. Encarei a novidade no domingo, no curso de férias do espaço Funk-se, ministrado pelos bailarinos Ariel Ribeiro Soares, 24 anos, e Kleiton Medeiros, 28.
Adotado pelas chamadas "divas do pop", como Beyoncé, a dança com salto alto tornou-se febre, mas de acordo com o professor Ariel Ribeiro, ela tem origem muito antes, na Broadway Dance Center, em Nova York, da necessidade de se aprender a dançar no salto alto, para apresentações em clipes, shows e comerciais. A aula de dança combina hip hop, jazz e salto alto ganhou o nome de Stiletto Dance e, por mais que a primeira vista pareça algo fácil, não se engane: exige muito condicionamento físico, carão e concentração.
"É importante entender que qualquer coisa em cima do salto alto fica mais difícil, aprender uma nova dança então nem se fala. Por isso eu não exijo ouso do sapato de início, porque pode causar lesões se você não tem costume com ele, explica Kleiton.
Comigo as lesões não aconteceram: foi pior! Na primeira parte da aula fizemos uns passos ao som de Camila Cabello descalços, aquecemos a panturrilha com exercícios e depois partimos para a parte chamada "Femmology", que ensina como a mulher pode explorar sua essência.
Foi na hora de reproduzir a caminhada sensual das divas, em que a postura fica ereta e só o quadril se movimenta junto das pernas, com um olhar sexy e confiança lá em cima. Nesse momento, acompanhada de um colega que por acaso estava na aula e mais um menino que nunca tinha usado salto na vida, eu caí com tudo, de joelhos, no meio da sala em que tinham, pelo menos, cinquenta pessoas. O melhor foi que não ouvi aquelas gargalhadas ao fundo, isso porque, de acordo com a galera ali, todo mundo cai pelo menos uma vez na vida. "Caiu, levanta, faz carão e finge que nada aconteceu", disparou um dos professores.
Recuperada do momento vexatório, afinal fui a única que me espatifei no chão durante a aula, partimos pro treinamento das coreografias. Eu, que já fiz balé enquanto criança e sapateado por dois anos, tive muita dificuldade em reproduzir os movimentos ensinados. A música escolhida pelos professores é a "Yoncé", remix da Beyoncé.
A contagem dos movimentos começou com o "5,6,7,8" dos professores. A cada nova fase da coreografia, mais eu tinha dúvidas. Os braços precisam se movimentar junto das pernas, a expressão facial precisa estar, no mínimo, plena. Imagina só fazer isso tudo cantando para milhares de pessoas! Parabéns às divas pops desse mundo.
Os professores repetiam os movimentos a fim de sanar as duvidas da galera. Em minha defesa, eu não era a única com dificuldade pra acompanhar a coreografia. A velocidade ia aumentando e o nível de dificuldade aumentava. Se fosse pra dar uma nota a mim, eu daria 6, pelo esforço. Para Ariel , eu arrasei, "é assim mesmo no começo mas, em uma aula normal, sem ser aulão de férias, é mais tranquilo de pegar a dança", explica.
O tempo passou voando e, a mensagem que essa experiência me passou foi, por incrível que pareça, muito rica. Ter confiança, por mais que a gente caia, é essencial em todos os momentos. Empoderar-se de você, da sua feminilidade e do seu corpo acaba ficando esquecido na correria do dia a dia. Sei que saí de lá me achando um "mulherão da porra", assim como os outros alunos. Daria nota excelente pra aula, em que eu me diverti e ainda perdi umas boas calorias.
O Funk-se começa o ano letivo no dia 5 de fevereiro. De acordo com o diretor do espaço, Edson Clair, a primeira semana é para experimentação de todos os estilos de dança. "O aluno que está em dúvida sobre qual estilo mais combna com ele, vem, faz as aulas, e aí pode decidir com clareza", conta ele. Para quem se interessou basta ligar no telefone (67) 99113-4033