Para ajudar neto com música, Djalma senta no chão e entra na brincadeira
Eles participaram do curso de musicalização para bebês e durante a aula se divertiram com as atividades lúdicas
Pelo neto, Djalma Flores Blans não pensa duas vezes. Ontem, sentou no chão com Augusto, de 2 anos, e encarou oficina de musicalização para bebês. “A música é fundamental, porque a criança está em constante desenvolvimento sensorial. Ela estimula a audição, coordenação motora, movimenta pé e mão. A criança tem que aprender a brincar”, afirmou.
Ele é médico homeopata, tem 57 anos, e por conta da profissão quase não para. “A gente vive na correria, mas tem a percepção que vai fazer pelos netos o que não fez pelos filhos. Nossa missão é dar afeto, proteger e curtir esse lado da criança, que são filhos dos nossos filhos”.
Contudo, lembrar-se do pequeno é esquecer do mundo e os olhos até brilham de tanta felicidade ao ver aquele pedacinho de gente sorrindo. “Tenho quatro netos, são minhas alegrias. Sempre que posso visito os pais, mas dou uma escapada e brinco com eles”, contou.
A oficina ocorreu na escola Realejo Musicas para Famílias, criada para promover esse tipo de integração. Foi quase uma hora de atividades, para tudos se divertirem com as brincadeiras lúdicas. “A gente trabalha a afetividade, o aspecto emocional e introduz para a escuta musical”, explicou o professor Gabriel Guizado.
Enquanto Gabriel tocava música infantil, eles brincaram com a imaginação e ao ouvir a canção “Lava Lavadeira”, Augusto até simulou torcer um lenço. Mostrou que é esperto e fez tudo o que o professor pediu durante a aula. “A música ajuda a criança a se desenvolver de forma cognitiva, motora e na sociabilização, pois ela vai de encontro com o amigo para passar o brinquedo”, afirmou Gabriel.
Além do pequeno, mais duas crianças participaram da oficina e interagiram passando os brinquedos uma para outra. “Nas aulas a gente fala de história, geografia e outros conteúdos que contribuem para o conhecimento. Tem a hora do sono, mas não é apenas relaxar, é entender que o corpo precisa se acalmar, ter postura para ouvir e entrar no universo da escuta”.
Andressa Chinzarian Miguel também ministra oficina de musicalização. “As crianças começam ao que chamamos de ‘escuta ativa’, movimentam-se de acordo com as frases musicais, as pausas, a intensidade da música ou andamentos, rápido e lento”, disse.
Ela é musicista, cantora lírica e professora de musica há 16 anos. Andressa explicou que após as crianças aquecerem os corpos com atividades e jogos musicais, sentam-se ou deitam-se ao chão em silêncio. “E através de uma história contada pelo professor, elas vão aquietando seus corpos e mentes. Depois, é colocado um ou dois minutos de música, geralmente clássica”.
A professora falou da importância das aulas de música na vida dos bebês. “Até os 3 anos, o cérebro da criança é muito plástico, todo e qualquer estímulo é apreendido pelo bebê em pouco tempo, e a música é poderosa para desenvolver a criança como um todo além de criar memórias e lembranças que serão guardadas para o resto da vida”.
Meditação - Além da oficina de musicalização para bebês, teve a de meditação para crianças a partir dos 6 anos. Para Andressa, essa é uma aula de “escutoria”.
Durante as aulas, ela usa recursos como o sino Pin, instrumento para aguçar a atenção. O objetivo é ficar na respiração, na história e na música. “De imediato, elas não ficam quietas, mas a cada aula, o silêncio vai ficando maior e o corpo dos pequenos, mais presente e tranquilo”, contou.
Nessa, quem participou foi o Ramón Fuentealba Ferezin, de 9 anos. Ele estava animado. “Aula de meditação é a primeira vez, mas vi na televisão e eu e meu pai fizemos em casa”, contou.
Apesar de conhecer pouco sobre o assunto, Ramón afirmou que gosta de meditar. “Fico em paz quando medito”, disse. Sua mãe, Lia Fuentealba comentou que o filho é ansioso e a música o acalma. “Ele tem TEA [Transtorno do Espectro Autista] leve e uma das indicações é a musicalização. Ajuda na coordenação motora e no desenvolvimento".
A aula também mexeu com a imaginação do aluno, que brincou com bambolê, imitou a forma de animais andar. Com a ajuda do professor Gabriel, ele trabalhou a mente e teve o momento de paz, como tanto queria.