Para melhorar autoestima e combater vícios, corrida chega às aldeias indígenas
O evento acontece há 15 anos na Aldeia Limão Verde, em Aquidauana, e reúne várias comunidades da região
Os índios da aldeia Limão Verde, localizada no município de Aquidauana, tiveram um dia bastante agitado e produtivo, no último domingo (16). Isto porque, eles correram na 15ª edição da Corrida Rústica. O evento é fruto de parceria entre uma equipe de voluntários evangélicos de Atibaia, em São Paulo, com a Igreja Uniedas, da própria aldeia.
Entre os objetivos da ação, além de promover mais saúde, bem-estar e qualidade de vida para os indígenas, está a preocupação com o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente entre os mais jovens.
O problema de excesso de bebida entre adolescentes é uma realidade agravante nos grandes centros, e não é diferente nas aldeias indígenas, que estão suscetíveis aos mesmos problemas sociais.
"No sábado mesmo, veio uma pessoa conversar comigo completamente bêbada. Eu disse que só conversaria quando estivesse sóbrio. No dia seguinte, ele participou da corrida, fez o trajeto todo. Eu espero que isso o ajude a deixar o vício no álcool", relata Dirceu Jardim, líder da equipe de Atibaia, que promove ações sociais em aldeias do País há 25 anos.
A corrida envolveu mais de 400 participantes, desde crianças até adultos. Eles receberam orientações de profissionais de Educação Física e, após o trajeto de 3 a 4 quilômetros, foram premiados com camisetas e outros brindes.
"Nossa intenção não é transformar o índio em um pedinte, uma pessoa incapaz. Por isso oferecemos prêmios pela corrida. Queremos transformar vidas, queremos trazer animação para eles", diz Dirceu.
Faz 20 anos que o voluntário frequenta a Limão Verde e há 15 anos promove a Corrida Rústica. "Quando chegamos, os índios nem sabiam o que era esse conceito de correr numa corrida. Disseram que nunca daria certo, mas hoje estamos 15ª edição", comemora.
Outra objetivo da ação é aumentar a autoestima dos indígenas, que convivem constantemente com preconceito e discriminação. "É um trabalho que conta com apoio de várias comunidades indígenas, possibilitando confraternização entre aldeias, realização de várias atividades e oficinas, trazendo autoestima para eles, como um todo", ressalta.
Uma das participantes, a terena Nilzanir Martins, fala um pouco da experiência. "É um ótimo momento de união", destaca. "Ficamos muito felizes pois é algo beneficia a todos nós", finaliza.
*Colaborou para a matéria o fotógrafo e amigo do Lado B Dionedison Terena.
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