Recado do avô foi incentivo para Hilário perder 65 quilos em 8 meses
Transformação à base da reeducação alimentar e exercícios físicos fez jovem deixar Arquitetura para cursar Nutrição
A frase “seu coração está trabalhando por dois” foi o estalo que Hilário Bruno Mancini Júnior, de 19 anos, precisava para iniciar o processo de emagrecimento. As palavras ditas pelo avô transformaram a vida do jovem, não pela estética, mas pela saúde. Depois de perder 65 quilos em 8 meses, ele até mudou de curso na faculdade. Deixou Arquitetura para cursar Nutrição.
“Eu tive uma grande influência do meu avô Antônio. Ele sempre dizia que meu coração estava trabalhando por dois e que uma hora ou outra eu poderia morrer, já que a gordura poderia provocar um problema cardíaco. Eu lembro-me de um dia ficar muito ofegante na cama e lembrei da frase do meu avô. Pensei muito enquanto passava mal e no dia seguinte disse aos meu pais que gostaria de voltar à academia, mas que desta vez fosse com auxílio de um profissional. Minha segunda maior incentivadora foi minha avó Doralice que sempre ajudou com o pagamento do personal”, conta.
Antes da passagem da calça de numeração 58 para a 42, algumas tentativas de emagrecimento fizeram de Hilário um refém do “efeito sanfona”. Em 2017, no mesmo período de tempo, o jovem eliminou 18 quilos e os recuperou em seis meses. O ponta pé para a segunda tentativa de emagrecimento surgiu em meio a um momento de total desmotivação.
De outubro de 2018 a maio de 2019, Hilário perdeu 65 kg e há dois meses treina para manter o peso e ganhar massa. “Eu estava quase depressivo. Cheguei a pesar 149,5 kg, mas quando decidi voltar, no ano passado, pesava 143 kg. Atualmente estou com 79,6 kg”, conta.
Foi no colégio que o jovem disparou rumo à obesidade mórbida. Diferente de muita gente que carrega o açúcar como vilão da história, o jovem era viciado em frituras e coca-cola. Hilário também lembra que precisou se “acostumar” com o Bullying na escola até aprender quem eram seus verdadeiros amigos.
“Eu nasci em Corumbá, depois morei em Campo Grande, Bonito, Sidrolândia e voltei para cá. Mas foi quando morei em Bonito que engordei consideravelmente. Na escola, podia ter conta na cantina e dessa forma todos os dias eu tinha rotina de “gordo”. Sem brincadeira, eu comia todos os dias: um salgado frito, uma coca lata, um bombom de coco e uma paçoca. Tinha dias que eu incluía um pedaço de bolo. Em Sidrolândia, não tinha refrigerante na escola, mas comia dois pães franceses todos os dias.
O desejo de emagrecer virou uma força-tarefa em casa e cada um dos familiares “assumiu” uma função.
“Meus pais me apoiaram desde o início. Minha mãe sempre esteve ao meu lado me ajudando a preparar as refeições e os suplementos. Eu sempre me inspiro no meu pai também. Por ser médico foi ele quem preparou minha dieta, com as medidas certas e combinações necessárias para os exercícios. Meu personal sempre fecha os treinos com alta intensidade, por exemplo, desde o início meus treinos são de 30 minutos e não de uma hora, para eu não correr o risco de passar mal”, conta.
A mãe Ana Maria Mancine, de 53 anos, que também iniciou os treinos recentemente conta que a dieta rígida fez o filho aprender comer de tudo.
“Uma semana antes de ele iniciar estava com 149,5 kg. Hoje em dia ele manda o peso para o professor todos os dias e sempre varia entre 78 e 81 kg, quando chega o dia do lixo. Ele não comia quase nada, agora, perdeu a frescura”, frisa a mãe.
Nesse período, Hilário também se dedicou ao Muay thai. “eu comecei o processo no Muay thai, mas parei e só agora depois do emagrecimento que me sinto mais capacitado para as abdominais e apoio, que são importantes para o meu físico”, conta.
Há segredo? Questionado sobre a vida regrada, Hilário garante que tudo é adaptação, mas admite que o início foi bem difícil.
“Eu considerado algo muito difícil. Eu treinava duas vezes por dia, sendo um dos treinos em jejum. Sem carboidrato e só ingeria 500 gramas de proteína por dia. Como não tinha muito tempo, pois estudava em tempo integral, meu personal passou um treino com a escada e eu praticava à noite no meu prédio. Subia a escada e descia de elevador para não impactar o joelho. Somava 100 andares de escada. Tinha dia que eu perdia um quilo após o treino. Eu era muito gordo e na época da escada ainda pesava 120 quilos, mas eu tinha muita força de vontade”, conta.
Hilário zerou a açúcar por seis meses e até hoje só toma refrigerante se for do tipo zero ou o suco Clight . Outra rotina é acordar e subir a balança para um controle do peso.
Outra tática revelada por Hilário é o comer o que quer por “mérito”. “Eu já tinha cortado tudo que não era saudável e de proteína só comia peixe, frango e carne vermelha e apenas os carboidratos complexos como mandioca e batata doce. Aí, o personal me desafiou dizendo que eu só poderia escolher uma refeição da semana para comer o que quisesse, no meu caso o sushi, se eu perdesse dez quilos. Dessa forma eu estabelecia metas e comia o que eu tinha vontade”, pontua.
No início do ano, Hilário começou a cursar Arquitetura, mas diante da transformação da própria vida decidiu mudar de curso. “Eu também gosto de Arquitetura, mas em meio a este processo vi que me identificava mais com essa área da Nutrição. Minha família apoiou minha escolha, porque também achou que têm a ver comigo. Depois da nutrição, pretendo fazer gastronomia e após a faculdade me dedicar ao fisiculturismo”, conta.
Depois de ter a vida transformada, Hilário incentiva outras pessoas a não desistirem.
“Eu diria para quem está com sobrepeso ou até mesmo enfrentando a obesidade: não desistam. Você tem que controlar sua alimentação e criar um hábito. Não desista da dieta, porque você vai se acostumar e isso só trará benefícios. Eu sou o tipo de pessoa que se for para fazer algo eu faço bem feito. Hoje eu ainda mantenho dois treinos ao dia. Amo meu personal, porque ele me fez ver as coisas de outra forma e comecei a gostar de me exercitar. É muito importante que junto à alimentação se inclua um esporte. E por fim, não comam margarina, comam manteiga”, finaliza.