Se isolar em chácara é opção de quarentena, mas agora sem amigos
Antes lugares de confraternização aos finais de semana e feriados, agora chácaras e sítios são refúgio para isolamento
Para quem estava acostumado a passar os finais de semana e datas comemorativas em chácaras ou ranchos da família, ir para esses lugares foi uma opção de isolamento social, ainda mais rigoroso. Quando se trata de pessoas do grupo de risco – idosos, crianças e portadores de doenças crônicas – os cuidados dever ser ainda maiores e, para muitos, se afastar da cidade foi a única opção.
Loraya Zanetti decidiu se isolar no rancho da família, a 123km da Capital, junto aos pais e noivo. Ela tem doença autoimune e a mãe, idosa, faz parte do grupo de risco do coronavírus, além de ser hipertensa e diabética. A última vez que visitou o espaço da família foi nas comemorações de ano novo. Por lá, os próprios vizinhos entraram em consenso para proibir a entrada de visitantes que não sejam da família dos proprietários.
“Aqui é uma espécie de vilarejo e o pessoal está levando mais a sério, não deixam as pessoas andarem na rua e nem quem não tem rancho, entrar. Em quarentena decidimos ficar só a família mesmo, sem amigos ou visitas”.
Ana Maria Bernardinelli também utilizava da chácara na saída para São Paulo, a 14km de Campo Grande, para fins de semana de lazer com a família e amigos. Agora, o lugar é espaço apenas para os mais íntimos e Ana Maria proibiu visitas. “Antes de vir, compramos mantimentos e remédios. Fico com medo por minha mãe e sogra serem idosas, têm 82 e 75 anos, e só estamos eu, elas e meu esposo. Ainda não senti tédio aqui, fico limpando e fazendo mudas. O que sentimos é medo do vírus!”.
Pela primeira vez, Ketlen Gomes está passando mais de cinco dias longe de Calebe, de apenas três anos. Ela optou por deixa-lo com o pai e avós numa chácara, já que continua trabalhando, em home office, e no lar moram apenas os dois. “Entre um apartamento pequeno e uma fazenda onde ele pode brincar, correr e ver animais, eu preferi que ele tivesse contato com mais pessoas, até para não ficar estressado. Criança precisa de atenção e tem momentos no dia que preciso me dedicar ao trabalho. Como somos só nós dois, acaba complicando”.
Apesar de se falarem pelo telefone, quando a saudade aperta, não há tecnologia que substitua a presença física. “Na segunda-feira ele teve assadura e não tinha levado a pomada. Falei para trazerem de volta imediatamente, um pouco por causa da saudade também. A previsão é que ele fique por lá até o final da quarentena. Se durar muito, vou pedir para ir vê-lo, já que não saio de casa há 10 dias”, comenta.
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