Se tocar no isolamento pode ser uma válvula de escape, diz sexóloga
Muita gente tem recorrido à masturbação nesse período de isolamento social, especialistas dizem que isso é bom, mas apontam riscos
De repente, num piscar de olhos, temos que fazer tudo em casa. É trabalhar, assistir show de artista famoso, umas lives aí de gente que nem sabíamos que cantava, é atividade física, compras, tudo. Tu quer ver um parça, não pode! Tu quer lembrar o crush da sua existência, não dá! Véi, tá osso.
E sabemos, que lá no fundo, tem uma coisa aí que está embaçado de fazer, estamos falando do bom e velho “bate-coxa”, o sexo minha gente, para quem não pegou a referência dançante.
Para desenrolar uma cremosa ou um boy magia fora da época de pandemia já era ruim, imagine agora. O jeito, meus amores, segundo uma porrada de especialistas, é fazer, de novo, tudo sozinho, e em casa.
Para isso, a masturbação é a melhor saída. Vou usar masturbação nesse texto, mas sintam-se, mulheres, homens e quem mais estiver lendo, à vontade pra pensarem nos diversos sinônimos vulgares da masturbação enquanto falamos dela.
Um amigo dum primo de uma colega de um conhecido, editor de imagens, de 37 anos, que não quis se identificar, disse que a frequência com que se masturba na quarentena aumentou muito. “Não só a masturbação como o consumo de pornografia”, diz ele.
O maluco é muito brabo, tem até um aparelho masturbador e gel lubrificante. “Eu me sinto bem. É uma maneira de extravasar a tensão do dia a dia”.
Outro parceiro, um irmão de um amigo de um carinha que conheci ali, jornalista, de 22 anos, também afirmou que o cinco contra um está rolando solto. “Antes me masturbava umas duas vezes por semana, agora umas duas vezes por dia”, relata.
Sexo já é tabu, e você já cansou de ouvir isso. Mas dentro do mundo do sexo e do prazer, a masturbação é mais tabu ainda. De acordo com a sexóloga Carol Valdes, existe um componente moral muito forte nessa questão. “Em algumas religiões, em alguns dogmas, o sexo é permitido, mas a masturbação não, então algumas pessoas se sentem até pecadores quando se masturbam”.
Carol traz um assunto muito interessante para reflexão, que é o tabu do tabu do tabu: a masturbação feminina. Fora todo o contexto de repressão sexual histórica das mulheres, ela aponta um fator biológico para explicar porque o homem se masturba mais e começa mais cedo.
“Primeiro que o órgão sexual masculino já é voltado pra fora, então vocês homens (falava comigo) já têm um contato maior com pênis na hora de ir fazer xixi, tomar banho. Tem a questão da ereção”.
Carol diz que hoje em dia as coisas vêm mudando bastante, mas essa questão fisiológica já é o primeiro empecilho para a mulher. “O órgão da mulher é interno, uma caverninha, tem que entrar, tem que descobrir”.
Ela vê como positiva, inclusive para as mulheres, esse período em casa em que as pessoas podem se masturbar mais. “Hoje temos mulheres super independentes, que vão a sex shops, têm brinquedinhos, não precisam de homem quase”.
Porém, e se referindo a todos os gêneros, há de se ter cuidados. “Acho muito legal uma pessoa que tem mais tempo e se masturba mais, mas tem que ter cuidado, se for para fazer e ficar se culpando, ou não faz ou trate isso”.
Quem não tem problema nenhum em falar sobre esse tema é Yorrana Della Costa Rodrigues, jornalista e fundadora da Papo de Vênus, um canal de informações, debates, comércio e muito mais coisas relacionadas ao mundo feminino.
Yorrana trabalha muito com empoderamento, emancipação, autoconhecimento, tudo voltado para as mulheres. Sobre masturbação feminina e quarentena, ela dá aula.
“Essa 'ferramenta' tão essencial que é a masturbação, principalmente para as mulheres cis gênero brancas, que não se veem na objetificação e violência dos conteúdos produzidos pela indústria pornográfica. Um conteúdo que não foi feito pensado por mulheres nem para mulheres, embora esse cenário esteja mudando e aí entramos em outras questões”.
Para ela “se masturbar para as mulheres é um ato legítimo e de reparação histórica. É lindo poder discutir isso hoje em dia abertamente, significa que estamos, mesmo em tempos de pandemia, construindo algo saudável para si”.
Sobre sua experiência pessoal nesse período de isolamento, ela diz que está indo muito bem obrigada. “Neste momento, especificamente tem sido ótimo. Me faz me conectar comigo mesma, me tranquiliza, ajuda a dormir melhor em tempos tão estressantes e de isolamento. Me deixa bem humorada. Nem sinto tanta a necessidade de um sexo a dois. A masturbação é o sexo comigo mesma, claro que é bom um sexo saudável, consentido. Mas essa troca comigo mesma enriquece muito.”
Para Yorrana, depois desse rolê todo, a masturbação pode ser um bom hábito adquirido pelas mulheres. “Masturbação para as mulheres, eu diria que é um ato fundamental e que deveria ser exercício mais vezes pós pandemia”.
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